"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um jogador de futebol não tem o teletrabalho como possibilidade mas tem o dever de confinamento como toda a gente e o de restringir as saídas da rotina ao mínimo, ao indispensável. 'Partante', treino-casa-treino-jogo-casa. Como a 'pandomia' foi, é uma 'pandomia' direccionada, já que o treinador do Benfica é o único em todo o mundo que aparece todos os dias nas televisões a desculpar-se a queixar-se, se a Covid entra no grupo de trabalho de quem é a culpa se não do presidente, da direcção, da estrutura, do treinador? Ou somos todos adeptos dos "campeonatos da carica" e empacotamos tudo o que um bazófias qualquer com um umbigo maior que a Fossa das Marianas nos quer impingir?
O Benfica de Jorge Jesus vende Rúben Dias por 68 milhões de euros ao Manchester City, Rúben Dias que nunca teria chegado à equipa principal do Benfica no tempo de Jorge Jesus de forma a ser valorizado e vendido ao Manchester City por 68 milhões de euros. Agora pençem.
* Não há gralha no título do post, é assim que escrevem os exércitos de trols de plantão às redes.
Independentemente do valor de Rui Vitória, que vale uma Taça de Portugal para o Vitória de Guimarães frente a Jorge Jesus pelo Benfica e não se fala mais nisso, o[s] problema[s] de Jorge Jesus são do foro do sobrenatural e dão pelo nome de fantasmas: um campeonato para André Vilas-Boas e uma Liga Europa, em casa, no sofá pela televisão, e mais dois campeonatos para Vítor Pereira, pensando Jorge Jesus que, se jogar em ataque continuado, consegue exorcizar o passado que o persegue do complexo de superioridade esmagado em complexo de inferioridade, fintar o "não há duas sem três" para rematar "à terceira é que é de vez".
Tudo serve de pretexto a Lotopegui, Lopinegui, Lolipegui para desviar as atenções do pagode do pontapé na bola da incompetência de quem passou de suplente de Vítor Baía para suplente de Paulo Fonseca. Essa é que é essa e o resto é conversa para entreter mentes simples do regionalismo-futeboleiro.
Quando em jogos decisivos se mete a equipa jogar contra natura, à defesa; quando se está a ganhar por um e se troca o avançado pelo defesa que nem sequer tem ritmo de jogo nas pernas; quando se adapta um defesa central a defesa esquerdo com defesas esquerdos no plantel que nem sequer são convocados; quando se tem um guarda-redes promessa e se faz uma época inteira com a baliza à guarda de um guarda-redes da loja do chinês; quando, em desespero de causa, se lançam foras de série nos últimos 10 minutos de jogo depois de uma época inteira no banco; quando Cardozo, el cepo, faz ao minuto 94 da final da Taça de Portugal a melhor jogada desde que está ao serviço do SL Benfica.
Sim, que a equipa joga futebol bonito e ao ataque e marca golos, e que consegue fazer jogadores improváveis para jogar e vender, se nos esquecermos dos prováveis de todos os cantos do mundo ao peso do ouro que entram e saem sem que ninguém nunca mais se lembre deles, e que também inventa linhas e estratégias nos jogos decisivos e que acaba sempre por falhar nos momentos cruciais, com o pormenor de não ser a falha dele mas a derrota da equipa e os títulos do clube.
Para o currículo de Jorge Jesus fica, não que ganhou um campeonato e duas canecas de Carlsberg pelo SL Benfica, mas que em quatro anos conseguiu perder dois – 2 – dois campeonatos seguidinhos para um FC Porto treinado por Vítor Pereira. Num ia com cinco pontos de avanço com a meta à vista, noutro com quatro quase ao ligar do photo finish. E vai renovar por mais não sei quantos anos. Por vontade do presidente são quatro. Força e siga!
Jorge Jesus faz lembrar aquele dj que guarda na mala os hits para o calor da noite, que nunca chega a acontecer porque ele não usa os hits que tem guardados na mala.
Em momentos críticos, ler: em jogos decisivos, Jorge Jesus inventa linhas, adapta jogadores, inventa tácticas de jogo e o Benfica perde. Não, ainda não me esqueci do jogo da Liga Europa em Liverpool. Se o Benfica ganhasse Jorge Jesus era o mestre da táctica e da estratégia, o problema é que o Benfica nunca ganha e há carradas de treinadores disponíveis no mercado.