"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Orquestrada pelos próprios banqueiros nacionais [Ricardo Salgado, Oliveira e Costa, João Rendeiro e etc. ], "há uma estratégia para desvalorizar os bancos portugueses", além de ser necessário, urgente, assegurar que o que o sistema financeiro põe "a escassa poupança portuguesa ao serviço do crescimento e do emprego em Portugal" ao invés de a esbulhar em beneficio próprio, através de esquemas diversos, enganos vários, aplicações manhosas e produtos financeiros da vigarice. É ainda urgente combater o "excesso de dirigismo das autoridades", até porque já ficou provado que a auto-regulação e a ausência de fiscalização e controlo funcionam às mil maravilhas em benefício dos banqueiros sem escrúpulos e dos respectivos bancos, resgatados pelo bolso do contribuinte. Basicamente é isto, não é?
E o que dizia João Salgueiro, o senhor que era presidente da outra associação que, além do Banco de Portugal e de Carlos Costa, zela pelos interesses dos bancos e dos banqueiros – a Associação Portuguesa de Bancos, corria o ano de 2008 e a Euribor a seis meses atingia o pico de 5,276 por cento enquanto a três meses se fixava nos 5,066 por cento, deixando muitas famílias em incumprimento e com a corda na garganta? Paciência. Temos pena. Tivessem juízo.Tivessem pensado no futuro. É executar as hipotecas. Ide morar para casa dos pais. Ou para uma barraca de tábuas e cartão.
Se o senhor, do alto da sua douta sapiência, podia ter chamado a atenção, avisado é "muito forte", o senhor Presidente da República dos riscos inerentes a não antecipar as eleições? Se o senhor Presidente da República, "economista fantástico que é", podia ouvir o aviso e tirar daí as devidas ilações? Se o um Governo com Pedro Passos Coelho, com o desígnio de primeiro-ministro, com Paulo Portas prenhe de portugalidade, a vice-primeiro-ministro, Maria Luís Albuquerque, de boas contas, a ministra de Estado e das Finanças, podia ter invocado o bem comum, o sentido de Estado, o Portugal à frente e ter atempadamente apresentado a demissão por antecipação de cenários? Podia, mas não era a mesma coisa.
Na guerra contra um Governo suportado por uma maioria de esquerda no Parlamento vale tudo, até enviar reservistas da 1.ª Companhia Bloco Central para a frente Leste.
Ver um economista, professor universitário, ex-vice-governador do Banco de Portugal, ex-secretário de Estado, ex-ministro de Estado e das Finanças, ex-qualquer coisa em tudo o que é e foi banco, ignorante, que não percebe a diferença entre voluntariado - algo que se faz em prol do bem comum, de livre e espontânea vontade, um dever ético e moral, dependendo da formação humana de cada um, e subsídio de desemprego - um direito, adquirido pelo cidadão por via dos descontos sobre um salário, recebido em troca da venda do esforço de trabalho, uma espécie de mealheiro para fazer face a algum percalço ao longo da sua carreira profissional e contributiva, e dar como exemplo o pós-guerra na Europa, um lapso freudiano sobre o que o Governo do seu partido anda a fazer a Portugal e à economia, arrasar e destruir, causar o maior número possível de baixas, mortos e feridos, para depois começar do grau zero e então crescer alarvemente.
Desculpem mas não consigo dizer isto de outra maneira: João Maurício, vai trabalhar malandro! Limpar matas, ao invés de, ocioso, largar postas de pescada sobre como deve ser a nova ordem e o homem novo, e, de preferência, a troco do salário mínimo.
Em "Dez Dias Que Abalaram O Mundo" John Reed dá-nos conta da impreparação dos bolcheviques para a governação após a tomada do poder em Outubro de 1917 – o episódio da atribuição do Ministério das Finanças é particularmente elucidativo – o resto é História com agá grande e que só termina em 9 de Dezembro de 1991.
Em Portugal, e para relatar a revolução neolib de Junho de 2011, antecedida de um competente trabalho de agit-prop e contra-informação com o contributo e o alto patrocínio de descendentes da russa de 1917, vão aparecendo candidatos a John Reed.
Façamos votos para que não dure mais 7 meses quanto mais 70 anos.