"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Que o Governo não impediu o negócio das barragens do Douro "porque não quis" já todos tínhamos percebido assim como também todos tínhamos dado pela coincidência de o negócio se ter realizado depois de uma alteração cirúrgica na legislação dos benefícios fiscais, agora que o Governo mesmo que o quisesse fazer não o faria porque "caía o Carmo e a Trindade", um Governo a governar, cof, cof, em função do que lhe possa cair em cima - a não governar, apesar de mandatado pelos eleitores, em eleições livres e democráticas, abstendo-se da defesa do bem comum e com isso beneficiar uma entidade privada e os seus accionistas, essa é que é a novidade. "Socialismo" e "ética republicana", uma conjugação fantástica no Partido Socialista. Um artista este alegado ministro do Ambiente.
O alegado ministro do Ambiente, que autorizou alteração à Rede Ecológica Nacional e ao ordenamento da orla costeira para permitir a construção de um campo de golfe que implicou o abate de sobreiros em Vila Nova da Cacela, Algarve, é o alegado ministro do Ambiente que quer reflectir no preço da água, bem de primeira necessidade e essencial à vida, a escassez do recurso, como se de trufas brancas para restaurante gourmet se tratasse.
Ver o alegado ministro do Ambiente nas televisões a dizer que não senhor, que não vai haver uma privatização das praias coisíssima nenhuma, que sim senhor, que em Portugal as praias são públicas, como toda a gente sabe, sem explicar, para toda a gente que não sabe, nem se calhar o alegado ministro do ambiente e é por isso que não explica, na versão benigna, porque até pode saber e assobiar para o lado, como é que, por exemplo, nas praias da Figueirinha e Galapos em Setúbal/ Arrábida, na imagem retirada do Maps vazias, talvez início de Junho ou final de Setembro, onde são bem visíveis as concessões e o espaço deixado livre para o pagode que vai ensardinhado na 'camineta da carreira', vão ser cumpridas as regras do distanciamento social - metro e meio entre chapéus de sol e 3 metros entre toldos e colmos, sendo que os donos das praias, também conhecidos por concessionários, já andam também nas televisões a chorar que assim não vai ser rentável e que há que alargar as concessões, aquelas que ninguém sabe quem fiscaliza os metros quadrados de área ocupada, exageradamente ocupada, mesmo em tempo de normalidade, e com a absurda regra de não ser permitido abrir chapéu de sol à frente, coisa que em Espanha, por exemplo, não acontece.
Se a ideia é motins na praia em pelo verão, não está nada mal pensado, não senhor.
"O ministro do Ambiente e da Transição Energética garantiu hoje que a base aérea do Montijo é segura para ser transformada no novo aeroporto complementar de Lisboa."
"O ministro do Ambiente e da Transição Energética sugeriu no início desta semana que algumas aldeias do Baixo Mondego podem vir a ter de ser deslocalizadas no futuro devido às cheias que atingem periodicamente aquela região."
A ver na televisão João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, no Parlamento justificar a supressão de carreiras da travessia do Tejo com uma greve às horas extraordinárias sem que nenhum deputado lhe pergunte por que razão ou razões uma empresa pública tem todo o serviço alicerçado e estruturado na hora extraordinária.
«Governo dá 17 milhões aos taxistas, mas abre claramente a porta a uma nova regulamentação que pode deixar a Uber a operar livremente no mercado. Taxistas não gostaram.