"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
- Luís Montenegro & Miguel Albuquerque, dois desgraçados que não têm onde cair mortos, dois medíocres que não sabem fazer mais nada que governar a vidinha à sombra da política;
- Rui Rio matou e enterrou o CDS, Luís Montenegro desenterrou o ressuscitou. E isto explica a ternura de dois matarruanos - Nuno Melo & Paulo Núncio, e de um pateta com gravatas de marca - João Almeida, para com o alegado primeiro-ministro.
No debate sobre o prolongamento do "estado de emergência" o CDS, por João Almeida, disse que não achava bem o Parlamento reunir-se para comemorar o 25 de Abril quando os portugueses tinham sido proibidos de celebrar a Páscoa em família e, como falou primeiro, roubou esta parte ao Ventas do Chaga que assim teve de rebuscar outra palermice de última hora. Um Parlamento reduzido à mínima fracção, por via das medidas de distanciamento social e do exemplo que é preciso passar, e uma Páscoa em família, com milhares em êxodo pascal a enxamear as estradas, alegremente de norte para sul, de sul para norte, do litoral para o interior, do interior para o litoral e, estivessem os hotéis e restaurantes a todo o vapor, as fronteiras abertas, até havia quem tivesse família no sul de Espanha, mesmo com casa encostada à praia. O mui famoso vírus-express. João Almeida [e o CDS], que nunca usou um cravo nas sessões comemorativas, frustrado por não ter havido beijo comunitário aos pés do crucifixo, depois de na sessão que votou o primeiro "estado de emergência" ter aparecido em modo circo presidencial sul-americano de máscara na cara. Percebem o problema do CDS com as tradições religiosas ou continuamos sem perceber o problema do CDS com o dia da liberdade?
Miguel Relvas, da velha liderança do ar pesado e bafiento, sai a terreiro logo no day after a pedir nova liderança e ar fresco para o partido. Podia ser um piada do Imprensa Falsa mas não é. Isto foi de manhã, que à hora do jantar, Miguel Morgado, do mesma agremiação de Miguel Relvas, do circo de sombras por detrás de Passos Coelho, apareceu na televisão do militante n.º 1 aka SIC Notícias a pedir ar fresco e nova liderança para o partido, que ele vai fazer a parte que lhe compete, não sabe nem deixa de saber se é candidato, vai apresentar uma moção e coise, ele que até já meteu mãos à obra e inventou o "cinco para as sete" que só não congrega a direita toda porque o André Ventura se recusou a participar e isso é lá com ele. Não foi ele, Miguel Morgado, quem espantou o fascista Ventura, foi o fascista Ventura que não quis nada com ele. Temos [têm] pena. O André Ventura, esse mesmo, que à noitinha no Prós e Contras na televisão pública teve exactamente o mesmo discurso que o senhor novel deputado eleito pelo Iniciativa Liberal, corrupção, compadrio, sector privado, blah-blah-blah, direito de escolher a escola, saúde privada para todos e que quando Mariana Mortágua falou em "fraude liberal", do Estado a pagar a privados, provocou a mesma reacção nos três, que o João Almeida do CDS também lá estava. E novidades?
Desde os idos da cara cheia de furúnculos a abanar o rabo atrás da Zezinha Nogueira Pinto, até ao dilecto do Querido Líder na linha de sucessão, pela herança do lugar cativo pelo círculo eleitoral de Aveiro, vá-se lá saber a quem é que os aveirenses fizeram mal:
João Almeida, cuja única actividade conhecida é a de andar a abanar o rabo atrás do líder ou, nas [mais polidas] palavras de Adolfo Mesquita Nunes, actual secretário de Estado do Turismo, «uma pessoa cuja única actividade conhecida é a de político», nesta interessante análise que o próprio faz, nos idos de 2005, ao Congresso do CDS, o que derrotou o escudeiro de Paulo Portas, Telmo Correia, e elegeu José Ribeiro e Castro frustrando as expectativas do [já à época!] "irrevogável" em continuar a ser líder sem o ser, e que já na altura propunha, por interposta pessoa, o escudeiro-candidato, o jovencito para o cargo de secretário-geral, sobre [mais] uma infantilidade da camarada de partido, a ministra do CDS que se recusou acompanhar o chefe e irrevogavelmente demitir-se:
Não é só a saúde da coligação que está bem e se recomenda, é também a saúde dos partidos que compõem a coligação. Assunção Cristas que se cuide, para já foi só uma rosnadela às canelas.
Jorge Reis Novais, Professor Associado do Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa dá, na televisão pública e em horário nobre, uma aula de Direito Constitucional e Direitos Fundamentais ao deputado do CDS/PP João Almeida e ao aprendiz de feiticeiro Ricardo Arroja. Se lhes foi proveitosa ou se lhes ficou alguma coisa dentro das cabecinhas ocas são contas de outro rosário.
Uma chico-espertice porque, como as vitalícias dos políticos acabaram em 2005, terá de ser um corte retroactivo, e como é retroactivo e os políticos dão o exemplo, o pagode cala, come, e leva pela medida grande mesma medida. Areia para os olhos duas vezes.
Tudo isto "a nível pessoal", claro. Paulo Portas salva sempre o coiro. Nunca subestimar os dotes do bailarino-contorcionista.
Adenda: Mais depressa se apanha um Portas que um coxo, e a medida de "contornos não delineados" num click passou a "fuga de informação".
Todas as malfeitorias que a coligação PSD/ CDS-PP tem feito aos portugueses já tem denominação de origem controlada, todos os malfeitores já têm o nome afixado no pelourinho da opinião pública. O número da besta escreve-se agora com três consoantes maiúsculas.
Tantas vezes vai o cântaro à fonte que algum dia fica lá a asa, e a desmesurada confiança de Paulo Portas nos seus dotes de bailarino contorcionista levou-o de irrevogável a revogável pela vaidade de continuar a ocupar um cargo de governação, ser promovido na hierarquia do Estado, pelo mérito e pela competência que a sua auto-avaliação lhe dita. Um patriota. Nunca como agora a velha máxima de Samuel Johnson fez tanto sentido. O "patriotismo", a pele que veste e que lhe permite a vaidade de aparecer, de ser visto, dar-se ares de importância, sorriso Pepsodent a rivalizar com o brilho dos botões de punho, cegou-o e levou-o a descurar os flancos e a subestimar o adversário de coligação. Primeiro a recusa de Pedro Passos Coelho em aceitar a demissão, depois, sabendo melhor que muitos o que a casa gasta, fazendo-lhe a vontade e criando um posto de "sargento-ajudante", mesmo à medida da visibilidade pretendida por um, e pretendida pelo outro para o outro. De mestre.
O deputado João Almeida fala da Europa como os analfabetos falam do Estado, essa entidade mítica, inexistente quando nos convém muito, omnipresente e omnipotente, lá no alto, muito muito muito alto, instalada numa espécie de Acrópole, e que de vez em quando nos presenteia com uma fugaz má aparição quando não nos dá jeito nenhum.
E nós, humildes mortais, só temos é de obedecer, vá lá com um encolher de ombros de resignação. A vida terrena europreia fez-se foi para sofrer; o sofrimento como bilhete de acesso ao paraíso do leite e do mel, os mercados. Depois de mortos.
Ave-maria cheia de Graça, Pai-nosso que estás no Céu, Ámen!
Leia-se: “O CDS não foi tido nem achado para a elaboração do Orçamento do Estado 2012”. Mas o essencial foi conseguido: Paulo Portas é ministro, dos Negócios Estrangeiros, e passeia a sua vaidade pelas capitais. Tudo o resto é fait-divers.
Pior a emenda que o soneto. Apesar do secretário de estado da Administração Fiscal ser militante do CDS, o partido não foi tido nem achado para a elaboração do Orçamento do Estado 2012; o CDS tem um secretário de Estado que chega à matéria pelos jornais e, só depois das reacções à notícia, o grupo parlamentar vem emendar a mão e fazer a rábula da justiça social e da repartição dos sacrifícios, imagem de marca do líder; quem é que o CDS tentou “salvar” ao deixar passar em branco esta isenção. Agora escolham.