|| "A Sublime Porta"
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Morsi não soube ser Erdogan. E a Turquia, membro da NATO e candidato ao "clube europeu", faz fronteira com a Síria, que entala Israel com o Egipto, que faz fronteira com a Líbia, que por sua vez faz fronteira com a Tunísia e com a Argélia, países de outras primaveras e mesmas irmandades, mesmo ali do outro lado do Mediterrâneo, e que Erdogan visitou apesar dos protestos contra o islamofascismo que fervilhavam nas ruas das cidades turcas. Morsi não soube ser Erdogan e Erdogan estudou o Império Otomano na escola do estado laico de Atatürk.
[Imagem "As raízes nazis da Irmandade Muçulmana"]
A mulher que, sozinha, enfrenta os bulldozers. Egipto, Cairo, Praça Rabaa al-Adawiya, 14 de Agosto de 2013.
O homem que, sozinho, enfrenta os tanques de guerra. China, Pequim, Praça Tiananmen, 5 de Junho de 1989.
Para memória futura, foto reportagem no Daily Mail e na The Atlantic.
Escreve hoje o Diário de Notícias em editorial, e a propósito da vitória do candidato da Irmandade Muçulmana nas presidenciais egípcias, algo que há já muito venho a escrever aqui no blog, que «A popularidade da Irmandade está ligada a anos de trabalho social da confraria, que era muitas vezes a única fonte de serviços médicos ou educativos nos bairros miseráveis das grandes cidades.».
O Egipto não tem Estado Social, nem de modelo europeu nem de modelo coisa nenhuma, tem a Irmandade e as confrarias. Por cá, e a propósito de que não há dinheiro para nada, desmantela-se o pouco Estado Social que havia e entrega-se às confrarias vaticanas, baptizadas Misericórdias e IPSS. Como as mulheres não são obrigadas a andar de serrapilheira na cabeça nem ninguém é morto à pedrada, encolhem os ombros os que podem e quem precisa não olha a quem dá. Vamos acabar por pagar ainda mais caro do que o não há dinheiro para nada este retrocesso civilizacional.
[Na imagem "Women of Allah" by Shirin Neshat]
Quando a gente vê a Irmandade Muçulmana de fato e gravata nas televisões - a gravata, o símbolo do "orgulho ocidental" e dos "novos cruzados", à roda do pescoço dum fundamentalista islâmico… - a gente acredita no que vê ou a gente vê que a forma mais eficaz para nos lixar é pôr uma gravata?
É muita psicologia e vale também para a "irmandade ocidental" ou para a "irmandade de Wall Street" ou para a "irmandade do arco governamental"
(Na imagem Mohamed Badie)
Pena o Diário de Notícias não se ter esforçado um ‘cadinho mais e falado também em Mohammad Amin al-Husayni… Ou a solidariedade para com a “causa da pedrada” é impeditivo?
E quem diz o Diário de Notícias diz o Público, o Expresso, e/ ou as televisões. Ah a bendita simpatia do e para com o Bloco.
Que não senhor, que não há um choque de civilizações; nem tão pouco uma guerra de religiões; a culpa é toda nossa e mais a nossa islamofobia e a nossa tacanhez; e que não sabemos respeitar as diferenças; e islamofóbicos para aqui e islamofobia para ali; e Europa e clube dos cristãos para acolá e eurocentrismo para acoli.
“El Sindicato de Médicos de Egipto, dominado casi en su totalidad por el grupo islamista de los Hermanos Musulmanes, ha decidido prohibir a sus afiliados que practiquen trasplantes de órganos entre cristianos y musulmanes. Cualquier médico que viole la medida y permita ese tipo de operaciones será interrogado y castigado por el Sindicato.”
(Ler mais aqui).
Esta, de certeza vai passar ao lado, nos sítios do costume. Ou vai na volta, a culpa é de Israel...
(Foto fanada no Chicago Tribune)