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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Baralhar o jogo

por josé simões, em 18.09.08

 

Acabei de fazer um raid pela blogocoisa e pude constatar que vai por aí muita indignação. Segundo me foi dado a perceber, deveria haver da parte dos “exaltados de serviço”, a propósito desta e desta notícia, a mesma revolta e exaltação que houve por causa dos cartoons de Maomé.

 

Também estranhei. O que já não estranho e nem sequer me surpreende é a reacção dos que agora apontam o dedo acusador, quando eles próprios nunca abriram a boca contra a intolerância religiosa e os ataques à liberdade de expressão, que foram as reacções aos cartoons. Antes pelo contrário. Muito compreensivos; a especificidade, o respeito, a cultura, o multiculturalismo e blá-blá-blá.

 

É preciso ter lata! (Talibans por talibans, estão bem uns para os outros)

 

(Foto de Sammy Davis Jr roubada na Harper)

 

 

 

A tenda da intolerância

por josé simões, em 21.11.07

 

 

Onde se dá conta de uma carta publicada no jornal Público na secção Cartas ao Director e assinada pelo senhor Daniel de Sá Maia, residente em São Miguel. Reza assim:
 
“Há algum tempo, um deputado belga entrou para a lista dos meus heróis. Tendo convidado um político muçulmano para almoçar, este recusou-se a sentar-se à mesa enquanto nela houvesse cerveja, bebida habitual que o anfitrião não dispensava. O belga não transigiu e o conviva não chegou a sê-lo.
Vem aí Kadhafi, e não aceita hospedar-se num hotel. Só admite ficar na sua tenda palaciana, costume seu no seu país do deserto. E assim cria um problema que Lisboa não sabe como resolver.
Este tipo de tolerância é absurdo. Respeitar os costumes dos visitantes é um acto de delicadeza, aceitar que eles imponham a sua vontade é uma complacência servil.
Os muçulmanos têm todo o direito de oferecer lagosta com sumo de laranja em sua casa. E de não beber vinho nem comer carne de porco, mesmo quando estão na Bélgica ou em Portugal. Mas pretender que a sua vontade impere, obrigando às suas leis ou costumes até os próprios anfitriões, é um absurdo intolerável, só compreensível para quem viva em menoridade cultural ainda. A tenda de Kadhafi em Lisboa será a declaração implícita de que a sua cultura é superior à nossa. E não é. É diferente e respeitável. Nada mais. Tolerar a intolerância é inadmissível. Quem quer ser tolerado tem de saber tolerar também. Porque a verdadeira tolerância é não pôr à prova a tolerância dos outros.”
 
(Na foto de Arthus-Bertrand para o Le Soir, exposição em Marrakech, de tapetes de beduínos para tendas no deserto)