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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

O numerus clausus da esquerda de que a direita não se lembrou primeiro

por josé simões, em 23.05.18

 

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Isto do Interior e da desertificação do Interior e da discriminação positiva e blah blah blah é tudo muito bonito, sim senhor, e nem sequer vamos falar das medidas tomadas e das políticas implementadas em quase 50 anos de democracia por quem teve e tem e vai continuar a ter responsabilidades governativas e que levaram a que as pessoas fugissem a sete pés do interior do país para o litoral ou para a emigração - encerramento de escolas, tribunais, hospitais, postos de saúde, repartições públicas, postos dos correios, agências bancárias e o coise, e não se dando por contentes, os mesmos das tais políticas, cortam agora as vagas nas universidades e politécnicos do litoral para as abrir no tal dito interior, onde as vagas nunca são na totalidade preenchidas e onde cursos há que nem sequer chegam a abrir, para dificultar ainda mais o acesso das classes baixas e médias ao ensino superior, porque uma coisa é uma família de Setúbal ou de Sesimbra ou de Almada, por exemplo, ter um filho ou dois a estudar numa universidade ou politécnico no distrito, ou até mesmo em Lisboa, outra coisa completamente diferente é a mesma família ter a descendência a tirar o curso em Beja ou na Guarda ou em Portalegre ou na Covilhã, com a acção social miserável que temos e com o preço das rendas e alimentação e transportes, porque as propinas a roupa e as sebentas não entram agora aqui, e despesas com a saúde não há-de ser nada se Deus quiser.

 

Era só o que faltava um numerus clausus instituído por um Governo do Partido Socialista apoiado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. A direita não faria melhor e Nuno Crato até se deve estar a roer de inveja por nunca se ter lembrado de tal coisa. O filho do doutor é doutor e o filho do pedreiro é pedreiro e vai mas é trabalhar malandro, manda qujem pode obedece quem deve. Tudo está bem quando acaba bem.

 

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E andamos nisto...

por josé simões, em 27.02.18

 

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Marques Mendes, Conselheiro de Estado e moço de recados, ex-líder do PSD, o partido que durante décadas de Governo fechou escolas, postos de saúde e hospitais, tribunais, repartições do Estado no interior do país, aparece na homilia semanal que tem na televisão do militante n.º 1 mui imbuído de "sentido de Estado" a dar uma dica a Rui Rio, líder do PSD, o partido que durante décadas de governo fechou escolas, postos de saúde e hospiutais, tribunais, repartições do Estado no interior do país: que deve trazer para a agenda a desertificação humana do interior país. Mais, que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente-comentador, ex-líder do PSD, o partido que durante décadas de governo fechou escolas, postos de saúde e hospitais, tribunais, repartições do Estado no interior do país, deve mover influências, mexer cordelinhos, juntar à mesa o actual líder do PSD e o primeiro-ministro, António Costa, líder do PS, o partido que durante décadas, no governo ou na oposição, implementou políticas ou assinou de cruz políticas implementadas pelo PSD, o chamado entendimento entre os partidos estruturantes da democracia para as reformas estruturais do Estado, que levaram ao fecho de escolas, postos de saúde e hospitais, tribunais, repartições do Estado no interior do país. E andamos nisto...

 

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|| Cavaco Silva, O Povoador

por josé simões, em 26.11.11

 

 

  

Como é que ainda ninguém se lembrou de atribuir cartas de foral, em forma de subsídios comunitários, para a compra de montes [com piscina] no Alentejo e gasóile verde para os jipes, excelentíssimo senhor Presidente?

 

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Para o litoral; e em força!

por josé simões, em 13.12.07

 

Esteve bem Santana Lopes ontem na Assembleia da República no debate sobre a desertificação do interior quando ressalvou que o agendar do tema para o hemiciclo não devia ser encarado como uma crítica ao Governo, mas uma chamada de atenção para uma causa nacional. E tem razão Santana Lopes quando sublinha não existir na Europa outro país com a dimensão do nosso e em que o desequilíbrio litoral vs. interior na distribuição territorial seja tão grande.
 
Já a argumentação do vice da bancada do PS, José Junqueiro, pareceu-me rebuscada. Responder que existem soluções concretas e exemplificando com a construção da auto-estrada transmontana, é no mínimo um insulto à inteligência dos portugueses. Uma auto-estrada litoral-interior, num interior onde não há hospitais nem centros de saúde e os que existem estão a encerrar; num interior onde há poucas escolas e as que existem estão como estão no ranking das escolas; num interior deficitário em equipamentos culturais, onde simplesmente não se passa nada; uma auto-estrada litoral-interior passa rapidamente a auto-estrada interior-litoral, o que é substancialmente diferente. Fica a servir para as pessoas se pirarem dali para fora com maior rapidez.
 
(Foto via La Repubblica)