"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Trump foi ao cemitério de Arlington filmar um vídeo para capitalizar eleitoralmente a dor dos familiares dos militares norte-americanos mortos em combate. Pode ser que a fraca memória na política não se lembre de que enquanto presidente dos States os ter classificado como losers.
Luís Montenegro meteu-se num barco de borracha e andou no Douro feito emplastro na busca dos militares da GNR mortos no helicóptero de combate a incêndios despenhado. Na proa levava um assistente que ia registando a operação para a posteridade no Insta, no TikTok, no Face e coise.
Por uma daquelas estranhas coincidências da vida o início do Verão coincidiu exactamente com o início da greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas e, os incêndios que, em tempo fresco, estavam a todas as horas certas nos canais de notícias no cabo e a fazerem meia hora de abertura de telejornal nos canais em canal aberto, com repórteres de imagem em directo dos sítios mais recônditos do país onde nem o carro do Google Maps vai, pura e simplesmente desapareceram, Portugal deixou de estar a arder pela primeira vez nos últimos 20 anos, no mínimo.
Ou as televisões redireccionaram o histerismo mediático e com isso minimizaram o efeito copycat na floresta na exacta proporção em que o combustível desaparecia nas bombas de norte a sul do país?
Uma semana passada e o expert em agit-prop empossado ministro da Administração Interna continua a fingir não perceber o que [lhe] está a acontecer e a atribuir culpas à imprensa.
Ao balcão do café: "Nas próximas legislativas em vez de andar pela rua a distribuir chapéus, isqueiros, esferográficas, lápis, aventais, o PS vai oferecer kits de incêndio a sério"
António Costa, "o maravilhoso", "o optimista nato", "o fazedor de impossíveis", "o construtor de pontes", "o coise" assombrado pelos mortos de 2017 e com as eleições no horizonte de 2019, optou por um profissional da propaganda para o Ministério da Administração Interna sem perceber que tantos anos depois do 25 de Abril de 1974, quase tantos quantos o que António Costa, "o maravilhoso", "o optimista nato", "o fazedor de impossíveis", "o construtor de pontes", "o coise" leva de vida política, as pessoas não querem ver os cargos ocupados por marabalistas e chutadores para canto profissionais mas por competentes e profissionais que sabem dar a cara e assumir responsabilidades na hora e dizer "pedimos desculpa, metemos os pés pelas mãos, vamos de imediato corrigir e não se torna a repetir nunca mais, pelo menos enquanto eu [ele] ocupar este cargo". Se António Costa não percebe isto não percebe nada. Nem ele nem o ministro da propaganda a ainda viver no pior dos 80's da vida política nacional, só lhe falta um pin na lapela com a bandeira portuguesa. E alguém devia explicar a ambos o velho ditado português "quem brinca com o lume acorda mijado".
Dizia na televisão um habitante do concelho de Mação que o fogo deste ano seguiu exactamente o mesmo trajecto seguido pelo fogo de 2017. Não é muito difícil prever qual vai ser o sentido do fogo no ano de 2021. E é assim de há vinte e tal anos a esta parte, desde que inventaram o "petróleo verde", que ia tirar as pessoas da miséria, sem nunca ninguém ter informado as pessoas que as pessoas que sairiam da miséria eram outras pessoas e que davam pelo nome de accionistas e proprietários das celuloses, enquanto o dinheiro dos nossos impostos anda em bolandas todos os verões para resgatar pessoas e bens vítimas do petróleo verde já que a bio-diversidade e o ambiente caminham irreversivelmente para a desertificação, a seguir à desertificação humana às mãos das más escolhas políticas.
Daí o interessante da sondagem saída hoje no Jornal de Notícias, um dia depois depois do presidente da Câmara de Mação ter vindo apontar o dedo ao Estado, ler "o Governo", pelo incêndio, o tal que faz exactamente o mesmo trajecto todos os anos em que há incêndios, e no dia em que o presidente da Câmara de Vila de Rei aparece a repetir o mesmo missal, o falhanço do Estado, ler "do Governo".É que daqui até às eleições de Outubro ainda há muito Verão pela frente e muita campanha suja para fazer com préstimo impagável das televisões, todas no terreno sedentas de sangue e de miséria alheia.
Todos estamos lembrados, até os mais esquecidos, do tom ufano e triunfal com que éramos brindados, dia sim dia sim, com as declarações de Pedro Passos Coelho, Sérgio Monteiro, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Álvaro Santos Pereira aka o Álvaro, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares, Luís Montenegro, João Almeida, Hugo Soares, Telmo Correia, Duarte Marques, Cecília Meireles, Teresa Leal Coelho, e perdoem-me os que ficaram esquecidos, sobre os méritos do Governo da direita radical em diminuir os custos das PPP para o bolso do contribuinte: O, The, Le, El Governo.
Afinal o fogo ardeu e consumiu vidas e bens e foi a miséria e a desgraça que se conhecem porque a "poupança para o contribuinte foi acordado entre o Estado, O, The, Le, El Estado e a Ascendi e nunca entre o Governo, O, The, Le, El Governo, e a concessionária, conforme Pedro Passos Coelho, Sérgio Monteiro, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Álvaro Santos Pereira aka o Álvaro, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares, Luís Montenegro, João Almeida, Hugo Soares, Telmo Correia, Duarte Marques, Cecília Meireles, Teresa Leal Coelho, e perdoem-me os que ficaram esquecidos, amplamente badalaram, ao contrário do falhanço do Estado nos incêndios de 2017, sobejamente ilustrado com fotos e imagens dos ministros do PS, do Governo PS, do Governo socialista, do socialismo, resumidamente.