"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O taberneiro, que tem como financiadores e patrocinadores do partido Carlos Barbot, dono das tintas com o mesmo nome e com negócios no imobiliário; Cruz Martins, "facilitador" de negócios na área do imobiliário, administrador de empresas da mesma área, e com o nome nos Panama Papers; Eduardo Amaral Neto, dono de sociedade de consultoria e investimentos imobiliários; Miguel Félix da Costa, sociedade gestora de participações nas áreas do imobiliário; Salvador Posser de Andrade, administrador da antiga empresa imobiliária do Grupo Espírito Santo; e como vice-presidente Diogo Pacheco Amorim, consultor imobiliário, e o deputado eleito Ricardo Regalla, também consultor imobiliário; o taberneiro que chegou a propor no programa do partido a venda da totalidade dos edifícios propriedade do Estado, é o mesmo que quer garantias de que a nova lei dos solos vai ser impermeável à corrupção e à fraude.
O ponto já não é ser papalvo e votar nesta trupe, é gostar de ser gozado por meia dúzia de chico-espertos.
f) Optimização do valor dos activos imobiliários do Estado. No plano de emagrecimento do Estado estará incluída a devolução, à economia privada, de todos os activos imobiliários por ele detidos quer por concessão, quer por arrendamento, quer por venda. O Estado é um péssimo gestor de activos, quaisquer que eles sejam. Esta optimização será procedida de uma classificação de cada um dos imóveis que serão distribuídos por duas classes básicas: com interesse patrimonial ou sem interesse. Estes últimos serão liminarmente vendidos. Quanto aos primeiros será a sua exploração concedida segundo critérios rigorosos a definir
No país dos 900 € de salário médio e de 530 € de mínimo, estipulado por lei, para a direita radical a "classe média" é proprietária de imóveis de 500 mil euros como valor patrimonial tributável, primeira habitação excluída e prédios para arrendamento protegidos. Ou estamos perante uma Nação toda ela expert em enganar o fisco - e sem recurso aos serviços da Goldman Sachs, ou o mal parado da banca nacional é aqui explicado, ou a capacidade de aforro das famílias portuguesas é uma coisa nunca por ninguém imaginada, ou...
[Quando a direita radical tratou de esbulhar o contribuinte via IMI com recurso ao Google Earth e ao Google Maps, levando tudo a e conseguindo com que palheiros e arrumos perdidos numa serra aumentassem 50 vezes o valor eito tributável, era a "equidade nos impostos"]
Descontando o facto de o Governo que o CDS-PP integra não ter "um modelo de baixos salários e de desemprego para o país", descontando o ministro do CDS-PP, Pedro Mota Soares, se esforçar por apoiar a criação de “empregos de futuro e bem remunerados” para os mais jovens numa multinacional e maior cadeia de restaurantes do país, descontando a aposta do ministro do CDS-PP, Paulo Portas, nos comissionistas avençados de uma multinacional e maior imobiliária do país, a gente ouve coisas e não acredita. Foram ditas por um ministro do Governo da Nação ou são só o animador do circo de Natal a entreter a audiência enquanto recolhem o trapézio e montam as grades para as feras?
A especulação imobiliária continuou de vento em popa, os preços não caíram para o seu real valor, antes pelo contrário, "o metro quadrado em Lisboa, mesmo nas zonas mais nobres" manteve o preço ou até subiu, criou empregou que se fartou onde fazia falta - na construção civil, e não nos avençados à comissão sobre as vendas - nas imobiliárias.
A gente vai pelos arrabaldes e pelos subúrbios das cidades – não pelos centros, que nos centros está o comércio moribundo no rés do chão e no primeiro andar mora o armazém do comércio moribundo do rés do chão, e vê ruas, praças, avenidas inteiras com prédios inteiros de T dois e T três e T quatros à venda e que foram, que vão ser salvos pelos chineses e pelos russos, que estão mortinhos por comprar habitação na Damaia ou em Santo António dos Cavaleiros ou no Poço Mouro e na Reboreda, em Setúbal, salvando assim muitas famílias que "conseguiram negociar imóveis que, se o preço caísse a abaixo do valor de compra original, ficariam ainda em maiores dificuldades. Assim puderam vender bem e depressa, reajustando as suas vidas à nova realidade", que é como quem diz continuaram a viver dentro das suas possibilidades, agora sem os anéis mas com os rendimentos dos anéis, e continuaram a poder continuar a exortar os da Damaia, de Santo António dos Cavaleiros, da Reboreda e do Poço Mouro a viver dentro das suas e a entregar as casas ao banco.
Podem continuar a rebuscar ainda mais os argumentos. A gente promete não se rir.