"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Não é apenas explorar a mão de obra imigrante, é tratá-la em termos humanos, tratá-la com a dignidade que vem na Constituição. É muito bonito dizer-se que "não, imigrantes não!" e depois descobrir-se que "imigrantes sim!" quando dão jeito para trabalhar a fazer aquilo que os portugueses não fazem, mas já não dão jeito para terem os direitos que lhes deviam corresponder.
"Can you really cough it up loud and strong The immigrants They wanna sing all night long It could be anywhere Most likely could be any frontier Any hemisphere No man's land and there ain't no asylum here King solomon he never lived round here
É no século XXI e aqui mesmo ao lado. E contra isto a polémica da volta ao mundo dada por aquele boneco em bronze que está mesmo no meio da Praça do Chile em Lisboa é limpar o rabo a meninos, indocumentados ou dados para adopção.
Pobre almita tão meiguita; Deste corpo sociazita; Que para uns duros lugarzitos; Escuritos, desertitos; Sozinha ao presente vás; Ai nunca mais brincarás...
Escreve Heinrich Eduard Jacob em "6 000 Anos de Pão" que o Império Romano começou a cair quando o centro deixou de conseguir fazer chegar o pão à periferia assolada por sucessivas vagas de migrantes. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
E quem conseguir ler mais do que o primeiro parágrafo, antes de começar o desfile de imagens dos encontros imediatos entre os turistas tradicionais e dos turistas acidentais, chamemos-lhe assim, sem sentir uma náusea com as declarações dos infelizes dos bifes que pagaram umas férias para se embebedarem até ao coma e ficarem cor de camarão mal-cozido logo no primeiro dia e que afinal têm de gramar com a miséria fruto da aliança militar entre Blair e Cameron e o amigo amaricano, não por causa da miséria ela própria mas pelas férias estragadas e a paisagem desfigurada...