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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

E a estátua de Fernando Pessoa ao Chiado?

por josé simões, em 12.06.20

 

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               "O mostrengo que está no fim do mar
               Na noite de breu ergueu-se a voar;
               À roda da nau voou três vezes,
               Voou três vezes a chiar,
               E disse: Quem é que ousou entrar
               Nas minhas cavernas que não desvendo,
               Meus tectos negros do fim do mundo?
               E o homem do leme disse, tremendo:
               El-Rei D. João Segundo!


               De quem são as velas onde me roço?
               De quem as quilhas que vejo e ouço?
               Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
               Três vezes rodou imundo e grosso,


               Quem vem poder o que só eu posso,
               Que moro onde nunca ninguém me visse
               E escorro os medos do mar sem fundo?
               E o homem do leme tremeu, e disse:
               El-Rei D. João Segundo!


               Três vezes do leme as mãos ergueu,
               Três vezes ao leme as reprendeu,
               E disse no fim de tremer três vezes:
               Aqui ao leme sou mais do que eu:
               Sou um Povo que quer o mar que é teu;
               E mais que o mostrengo, que me a alma teme
               E roda nas trevas do fim do mundo;
               Manda a vontade, que me ata ao leme,
               De El-Rei D. João Segundo!"

 

                         A partir do minuto 15:46

 

[Imagem]

 

 

 

 

O triunfo da ignorância

por josé simões, em 11.06.20

 

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O pontapé de saída havia sido dado por Joacine Katar Moreira quando, no primeiro dia como deputada, papagueou qualquer coisa sobre o colonialismo e a escravatura enquanto posava à sombra do óleo de Domingos Rebelo no Salão Nobre da Assembleia da República com a representação da recepção de Vasco da Gama pelos emissários do Samorim de Calecute. Tudo a ver.

Agora, à boleia da revisão da História em curso nos Estados Unidos e em Inglaterra, um qualquer imbecil vandalizou a estátua do Padre António Vieira em Lisboa, precisamente ele, uma voz à frente no seu tempo, contra a escravatura e defensor dos índios brasileiros, perseguido pela Inquisição. É o triunfo da ignorância.

 

 

 

 

A nova normalidade

por josé simões, em 02.03.20

 

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Já estamos todos habituados à pobreza de léxico e ao discurso infantil, capaz de envergonhar uma criança da escola primária, de Donald Trump, o oito a seguir ao oitenta Barack Obama. Custou mas foi, não há nada a que o ser humano não se habitue.

Já estamos todos habituados à boçalidade de Bolsonaro e à burrice de Abraham Weintraub, o ministro da Educação do Brasil que escreve "imprecionante", "suspenção" e que confunde Franz Kafka com kafta, um prato árabe.

Agora vamos habituar-nos à ignorância, aos erros ortográficos, aos erros de concordância, à confusão de conceitos do líder do Chaga [não é gralha]. "Bertol Brecth", "Dostoywesky", "massiço", "chisato", "solarengo", "despoletar", "há dez anos atrás", "buçal", replicados pelos aios e escudeiros, gente que não sabe a diferença entre um acento grave em "à" e um acento agudo em "ás" e que se calhar até pensa que é assento, que escreve República sem acento agudo no u, que confunde Presidência com Previdência, ou talvez não, nas mãos do líder Ventas seria "Previdência e Abono de Família". Gente que nos idos de quem têm saudades apanhavam 25 reguadas em cada mão e iam para o canto da sala com umas orelhas de burro enfiadas cornos abaixo.

 

[Imagem "André Ventura apresenta hoje, em Portalegre, a sua candidatura à presidência da República. Esta é a credencial para os jornalistas"]

 

 

 

 

||| 48 anos de fascismo

por josé simões, em 18.10.15

 

Elementos_da_escola_salazarista.JPG

 

 

Ou o abstencionismo ignorante que dá vitórias à direita.


"Viemos ver, isto é um acontecimento, antes isto do que a política, não é?"


Na estacada da marina de Cascais a assistir às operações de desencalhe do petroleiro "a professora Ana com a aluna Carolina" [sic], ao colo, em directo para o telejornal da televisão do militante n.º 1.


[Imagem]