"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"António Costa defendeu hoje, depois de se encontrar com Viktor Orbán, que a questão do Estado de Direito na Hungria, embora "central" para Portugal, não deve ser relacionada com as negociações sobre o plano de recuperação."
O camarada Mário David, acusado de nepotismo, tráfico e influências e lavagem de dinheiro, coisa que nunca chegou ás primeiras páginas do Correio da Manha nem à abertura dos telejornais em Portugal, por causa dos media subjugados à agenda do Bloco de Esquerda, com diz a direita radical, “agora que eu [ele] não tinha muito que fazer" foi ajudar, "pro bono", o proto-fascista Viktor Orbán, que se senta , de fato e gravata, ao lado de Paulo Rangel e de Nuno Melo na bancada parlamentar do Partido Popular Europeu no Parlamento Europeu. "É uma hipocrisia", diz o camarada Mário David, conselheiro do camarada popular europeu Viktor Orbán. O que não deixa de ser verdade, já que o camarada Viktor Orbán se limita a dizer em público, para quem o quiser ouvir, o que os populares europeus só se atrevem a pensar em privado.
"O PCP denuncia e condena firmemente os ataques à democracia, aos direitos sociais, às liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos na Hungria". Mas, como "o PCP rejeita também que, a pretexto desta situação – que espelha, aliás, as políticas da própria UE –, a União Europeia tente abrir caminho ao incremento das suas ameaças, chantagens, imposições e sanções contra os Estados e os seus povos", o PCP vota ao lado dos fascistas e proto-fascistas europeus de forma a que os ataques à democracia, aos direitos sociais, às liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos na Hungria continuem de vento em popa.
Quando a notícia do dia deveria ser que mais de 5 - cinco - 5 anos passados sobre o relatório de Rui Tavares, então eurodeputado pelo Bloco de Esquerda, que apontava ao Governo de Viktor Orban violações graves e sistemáticas dos valores consagrados no artigo 2 do Tratado da União Europeia: democracia, Estado de direito, liberdade, igualdade e respeito pelos direitos humanos, incluindo pessoas oriundas de minorias, que finalmente o Parlamento Europeu aprovou, com 448 votos favoráveis, 197 contra e 48 abstenções, que seja accionado o artigo 7.º do Tratado da União Europeia, um procedimento que, no limite, pode levar à suspensão dos direitos de voto da Hungria, governada pelo protofascista Fidesz, com assento na bancada parlamentar do Partido Popular Europeu [PPE] ao lado do PSD e do CDS, eis que a notícia é que o PCP, os campeões e donos da exclusividade da luta contra o fascismo, votou a favor do fascista Orban votou contra o relatório da eurodeputada "verde" holandesa Judith Sargentini, desviando as atenções de onde elas deviam estar, no PPE, no PSD de Paulo Rangel e no CDS do 'cónego' Nuno Melo. O PCP sempre do lado certo da história.
Semanas depois do cónego Melo de Nuno Melo do CDS ter reescrito no Jornal de Notícias a enésima crónica onde fala do comunismo e dos direitos humanos e da Venezuela e de Cuba e do Vietname e dos direitos humanos e da União Soviética e do estalinismo e do trotsquismo e dos direitos humanos e do PCP e do Bloco de Esquerda e da ala do Bloco de Esquerda no PS e dos direitos humanos, o partido comandado por Viktor Orbán, amigo de Duarte Marques do PSD, à frente dos destinos da Hungria e camaradas de bancada de Paulo Rangel do PSD e do cónego Melo de Nuno Melo do CDS no Parlamentar Europeu, o Partido Popular Europeu:
A Hungria de Viktor Orbán, um "líder nato e que merce elogios" no elogio de Duarte Marques, "vai sair do pacto da ONU para as migrações" mas vai continuar sentada na bancada do Partido Popular Europeu em Bruxelas ao lado dos camaradas do PSD e do CDS.
Em "Justiça Nazi, a lei do holocausto" Richard Lawrence Miller explica como o poder legislativo alemão se transformou numa organização criminosa e em como "a vida pública foi gradualmente dominada por um aparelho burocrático indiferente ao atropelo dos direitos humanos com a comunidade a colaborar de boa mente no processo [...], e alerta-nos para "o desfecho inevitável da pretensão de excluir determinados membros da sociedade, mediante abusos sistemáticos da interpretação da lei, susceptíveis de ocorrerem em qualquer país do Ocidente".
Onde é que falhámos todos, individualmente e como comunidade, 70 anos passados sobre a derrota do nazismo e do fascismo? Foi no não contar, no não falar, no não passar a memória.