"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quando as pessoas perceberem que os médicos alemães destacados para reforçar o Serviço Nacional de Saúde no combate à Covid ficam instalados num hospital privado porque a esmagadora maioria dos médicos e enfermeiros portugueses que aí prestam serviço fazem-no como segundo emprego, por ausência de exclusividade no SNS, e que afinal a desaproveitada "capacidade instalada" no privado se resume a tecto, cama e ferramentas de trabalho e não por "cegueira ideológica" do Governo, como invoca a direita da saúde negócio.
Requisição civil dos estivadores por uma greve, reivindicativa salarial e contra a precariedade, que bloqueia a economia? Pode.
Requisição civil dos hospitais privados por causa de uma pandemia que mata, entre outros, os estivadores necessários à economia paralisada pela Covid? Não pode.
"Ontem foi dada a garantia ao CDS, por parte do senhor Presidente da República, de que no quadro do próximo estado de emergência não está equacionada uma requisição civil dos serviços de saúde" do setor privado e social"
Liberais que não só acham um salário mínimo, que garanta um mínimo de dignidade a quem o aufere, impedimento para a criação de emprego e gerador de desemprego e miséria, como defendem uma economia a competir pelos baixos salários, muitas horas por dia e poucos dias de descanso, incomodados com o "trabalho escravo" que é a hipótese defendida por Ana Gomes da requisição pelo Estado dos hospitais privados para fazer face à segunda vaga da Covid 19. Que a saúde nunca vos falte para aprenderem a diferença entre trabalho escravo, regulação do mercado do trabalho, requisição civil e parvoíce disfarçada de teoria económica.