Símbolos nacionais
Alguém que me explique cabalmente porque é que valorizar a bandeira e o hino nacional por alguém oriundo da esquerda deve ser considerado como uma deriva à direita.
Vem isto a propósito do apelo feito pela candidata do PS francês – Ségolène Royal – para que os franceses colocassem a bandeira tricolor nas janelas, e a reabilitação do hino nacional, que passou a encerrar os comícios de campanha, donde havia andado arredado em favor de temas interpretados por Madonna ou Black Eyed Peas, o que foi considerado pela maioria dos analistas como um piscar de olho ao eleitorado que tradicionalmente vota à direita.
A esquerda não é patriótica nem nacionalista – no sentido de amor à pátria? A esquerda não respeita nem tem orgulho na Bandeira e no Hino?
Por outras palavras, somos todos de direita – perigosamente – quando colocamos as nossas bandeiras nas janelas e varandas em apoio à Selecção Nacional? São Scolari e Marcelo Rebelo de Sousa, Le Pen’s em potência por haverem apelado a esse acto?
Que me recorde, todos os comícios, quer do PS, quer do PC portugueses, terminam com A Portuguesa, e bandeiras nacionais nunca faltaram
A quem é que interessa fazer passar esta ideia?
A quem interessa clivar o eleitorado, ou mais grave, um povo, atribuindo o exclusivo da assumpção dos símbolos pátrios a determinada facção politico-partidária ou ideológica? Certamente àqueles senhores que afixam cartazes na principal rotunda da capital com mensagens xenófobas.
É que hoje são os imigrantes, amanhã são os pretos e os judeus, depois os comunistas os socialistas e até alguns sectores da direita mais os católicos. Isto é uma remake de um filme que esteve em exibição por essa Europa fora há 60 anos atrás.