Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

||| A campanha publicitária mais bem gizada

por josé simões, em 03.03.16

 

alfaiate.jpg

 

 

A campanha publicitária mais bem gizada desde os idos do vinil quando as editoras mandavam emissários a comprar singles e LP’s de norte a sul de Portugal nas lojas que forneciam os dados de vendas para o Top que passava depois na televisão única nas tardes de domingo.


"A polícia vai estar presente no lançamento do livro Alentejo Prometido, de Henrique Raposo, na próxima terça-feira, dia 8, na livraria Bertrand do Picoas Plaza, em Lisboa."


[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

||| Baby suicida

por josé simões, em 02.03.16

 

 

 

E se depois de toda esta agitação e propaganda, orquestrada, e desta massiva campanha publicitária, estudada e explorada até ao mais ínfimo pormenor, jogando até com as reacções instintivas-irracionais daquela minoria residual que pulula pelas caixas de comentários online, a que se convencionou chamar de "redes sociais" e que dá jeito invocar nos telejornais, por quem não percebe a ponta de um chavelho de internet, para mostrar que o rato é uma montanha, se ainda assim o livro de Henrique Raposinho for o flop que se adivinha, o alentejano-desnaturado-desenraizado-em-busca-da-boleta-perdida-no-bolso-da-samarra-do-avô-à-sombra-de-uma-azinheira-de-que-já-não-sabia-a-idade comete suicido para provar por A + B ou por relação Causa – Efeito que a sua imbecilidade, desmontada por quem sabe da poda [aqui com continuação aqui], tem afinal um fundamento científico?


Parafraseando: "baby suicida, telefono ao meu melhor amigo para me vir salvar, eu quero vomitaaaaar..."

 

 

 

 

||| Saudades de Bierut?

por josé simões, em 28.03.14

 

 

 

Os critérios editoriais do Expresso são como a vontade de Deus, insondáveis e inescrutáveis, mas liberdade de expressão é liberdade de expressão e liberdade de imprensa é liberdade de imprensa e era só o que faltava, o Expresso, que não é "o que de melhor se faz na imprensa portuguesa" nem pouco mais ou menos, censurar um imbecil por causa das relações diplomáticas entre Estados. Era assim a modos que um bocado… imbecil. Há sempre a possibilidade de deixar de comprar e deixar de ler, caso o excelentíssimo senhor embaixador não tenha dado por isso.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Como diz o spot: "Expresso, há 100 a fazer opinião"

por josé simões, em 05.11.12

 

 

 

Estranho, no mínimo, não é Henrique Raposo escrever no jornal Expresso, estranho, no mínimo, é haver quem compre um jornal onde Henrique Raposo escreve.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Susan Boyle

por josé simões, em 19.04.09

 

Eu conheci Susan Boyle. Foi na cidade do Porto no ano de 2006. Era o Paulinho e era dj no café concerto do Rivoli. Um dj ecléctico, que não fazia uma única mistura, tudo na base do corta-e-cola, mas com um extremo bom gosto musical e com uma percepção da casa e da música a usar em função dos clientes, francamente fora do comum. E aguentava a sala cheia até à hora do fecho.

 

Quando o café concerto encerrou às duas da manhã, fomos todos, os donos, eu, e o Paulinho, fazer a ronda dos bares e discotecas da cidade. O Paulinho, apesar de profissional do ramo, quando ia à frente via-lhe barrada a porta e só acabava por entrar, a contra gosto do porteiro, porque vinha connosco. Tinha paralisia cerebral, e naquele jeito desengonçado de andar, com a boca de lado e com nítidas dificuldades em se exprimir, era um pauzinho na engrenagem da pseudo pop-fashion.

 

Onde me “doeu” mais – e parecia que doía sempre mais a nós que a ele – foi no Lusitano, um bar frequentado pela comunidade gay e lésbica da cidade. O Paulinho estigmatizado e marginalizado, por uma comunidade ela própria estigmatizada e marginalizada e vitima do preconceito.

 

No One Is Innocent cantava em 1978 Ronnie Biggs acompanhado pelos Sex Pistols.

 

Veio esta conversa da treta a propósito desta troca de argumentos.

 

(Imagem fanada no La Repubblica)

 

Obrigado

por josé simões, em 04.01.09

 

Por muito estranho que até a mim me pareça, foram quase tantas as vezes em que concordei como aquelas em que discordei. O Paulo Pinto Mascarenhas foi-se embora, o Henrique Raposo está de abalada, com o Paulo Tunhas a escrever a espaços, não sei não…

 

Já tenho saudades.

 

 

T. P. C.

por josé simões, em 03.01.09

 

«Vou marcar um trabalho de casa para todos os meninos de todas as bancadas parlamentares. Quero que façam, já para amanhã, uma recensão do livro “Da Democracia na América” (Relógio D’Água), da autoria de Alexis de Tocqueville. A recensão deve ser feita em redor da seguinte questão ‘tocquevilliana’: por que razão as regras do constitucionalismo liberal são superiores à vontade popular expressa em eleições? Por que razão a liberdade fica a montante do jogo democrático?»

 

Henrique Raposo, hoje no Expresso

 

 

A Esquerda onde tudo acontece

por josé simões, em 23.12.08

 

 

Sempre me fez alguma confusão a maneira como alguma esquerda jurássica fala do Partido Republicano amaricano (com a), do alto da sua suposta autoridade moral. Como se fossem uma cambada de incultos e analfabetos e onde o único princípio válido fosse a ausência de princípios.

 

«a vitória esmagadora de Barack Obama e a contagiosa onda de dinamismo que desencadeou em favor de uma mudança profunda na América e no mundo (…) tendo lançado o Partido Democrático, numa fase de intensa renovação criativa e influenciado profundamente a sociedade americana, incluindo o Partido Republicano, no que tem de melhor»

 

E o que o Grand Old Party tem de melhor, penso eu de que, deve ser Abraham Lincoln, que lutou pela abolição da escravatura, e não anda por aí a alardear-se do facto nem a atirar com ele constantemente à cara dos amaricanos. Fosse em Portugal e outro galo cantaria. Estava encontrado “O Nirvana”. Às vezes sou tentado a concordar com o Henrique Raposo. Desculpem lá mas eu não quero ter nada a ver com esta esquerda.

 

(Foto de Byron Broadstock via Dayli Telegraph)

 

 

 

 

Uma Casa Portuguesa (boa vida e papo pró ar)

por josé simões, em 14.10.08

 

Eu até compreendo o raciocínio do Henrique Raposo. E também compreendo o raciocínio dos proprietários. A sério que compreendo. E sem ironias.

 

O que eu gostava de ver explicado era a razão ou as razões, pelas quais o cidadão anónimo não pode se proprietário da sua própria habitação. Ou até de outra, para férias.

 

Quando se diz e se escreve que «Portugal é um dos países mais pobres da Europa, mas, paradoxalmente, é um dos países com mais proprietários», por que razão ou razões, não podemos ser nós o exemplo no caso da Habitação? Uma vez que, por exemplo, no caso da massa salarial, a Europa não é exemplo para nós…

 

Esta semana vi numa televisão um senhor todo engravatadinho e engraxadinho, como é da praxe, a passear pelo meio de um bairro qualquer de Lisboa enquanto ia dizendo para o repórter mais ou menos isto: “Esta Lei das Rendas está muito mal feita, não conseguimos actualizar, e veja lá que para sobreviver até já tive de vender várias casas!”. Na mouche! Aqui é que reside o verdadeiro problema quando se fala de Mercado de Arrendamento. Apetece perguntar: “… e trabalhar; já experimentou?”.

 

(Imagem roubada no Dayli Telegraph)

 

 

 

O prazer da leitura

por josé simões, em 01.09.08

 

Nunca escondi que, apesar de todos os apesares, tenho grande prazer com a leitura dos escritos de alguns dos "Atlânticos".

Também é com grande prazer que constato que um dos tais – Henrique Raposo –, volta e meia também passa aqui pela "loja" para algumas leituras. Que aliás lhe são proveitosas.

 

(Foto de Andy Rain para a EPA via Time magazine)

 

 

 

Ir a banhos em Agosto

por josé simões, em 10.08.08

 

Declaração de interesses: Abomino Agosto; detesto as férias em Agosto. Nunca entendi esta tendência para ir tudo a banhos em manada logo no pior mês do ano.

 

«Vem Agosto, e o país entra em hibernação. Em Portugal, até a lei da gravidade tira férias em Agosto: nada mexe, nada desce, nada cai, tudo flutua no ócio. E este gosto português é a representação máxima de um modo de vida europeu que está em completa falência.»; assina Henrique Raposo (HR) hoje no Expresso.

 

Interessante ponto de vista não se desse o caso de a “loja” estar há já mais de três semanas com metade do serviço em piloto automático (que é uma das vantagens de ter blogue no Sapo), e a outra metade entregue ao Arcebispo e aos trocadilhos manhosos… Adiante.

 

Depois dos lugares-comuns que por aqui (Europa) se trabalham 11 meses e se recebem 14 (os que recebem); que estão aí os chineses mais os indianos e todos os outros que também têm os olhos em bico (o que toda a gente já percebeu); que o nosso modo de vida já era; remata: «(…) a Europa tem dois caminhos possíveis. Primeiro: fingir que nada mudou e construir uma cidadela de ócio por cima do mundo que trabalha. Segundo: assumir que é preciso adaptar as nossas sociedades a um ritmo de trabalho mais intenso. (…). Os europeus querem ter férias ou querem ter poder?».

 

Como a Europa é uma coisa muito grande, fiquemos por aqui; pelo rectângulo.

Toda a gente trabalha oito ou mais horas por dia. Às vezes em mais que um emprego, para compor um salário médio de 700 e qualquer coisa euros. Toda a gente diz que não se importa de trabalhar mais; e mais horas – basta estar atento às conversas do dia-a-dia nos transportes públicos, nos cafés, etc. O que o povinho quer é receber um salário digno e poder ir um mesito de férias… em Agosto.

 

Toda a gente, não. Há sempre alguns que vêm com o mesmo discurso de HR. Na grande maioria dos casos são aqueles que ganham o dobro ou triplo (contas por baixo) do salário médio; entram tarde e saem cedo, porque ou são “empresários” (entre aspas) ou trabalham arduamente com os neurónios e por isso têm isenção de horário, além de benesses várias (cartão de crédito, carro e gasóleo, telemóvel, etc.) na mesma empresa onde trabalham os outros que recebem os 700 euritos e que não querem trabalhar 25 horas por dia e mais o dia de Natal, como os chineses. E são muito bons em matemática pelos cálculos que fazem para fazer render o salário até ao mês seguinte.

 

O que HR sabe, mas finge não saber quando escreve, é que a liberalização do comércio que trouxe a China, a Índia, e todos os outros ao redor, aos níveis de desenvolvimento a que assistimos, tinha como objectivo o mercado de não sei quantos biliões de possíveis consumidores e os também não sei quantos biliões de dólares de lucros. Mas as contas saíram furadas e o que aconteceu foi um mercado de não sei quantos biliões de… produtores (!) que rapidamente começaram a pisar os calcanhares às marcas e às empresas. Há que dar a volta ao texto. E a volta é o discurso fomentado pelas marcas e pelas multinacionais do “mais trabalho”.

 

Um tempo houve em que ser empresário era sinónimo de criar riqueza para si, e criar riqueza e bem-estar para a comunidade. Recordo Alfredo da Silva e a CUF no Barreiro; com a assistência médica aos trabalhadores e familiares dentro dos muros da empresa; a escola para os filhos dos trabalhadores dentro dos muros da empresa, mais os livros e cadernos oferecidos; o supermercado (“a cantina”; como se dizia) dentro dos muros a empresa, com os preços mais baratos para os trabalhadores; instalações desportivas e um clube na primeira divisão; e os tais dias de férias.

Isto agora, obviamente que não se usa. Afinal temos todos de trabalhar ainda mais porque vêm aí os chineses.

 

O problema é que quando os chineses atingirem o estádio do “nada mexe, nada desce, nada cai, tudo flutua no ócio”, às marcas e às multinacionais ainda resta a África como fundo de maneio de mão-de-obra barata. E depois tornam à carga com a mesma cantilena, só que desta feita será aos ouvidos dos habitantes da Terra dos Chins. Daqui por muitos e muitos anos talvez já haja colónias na Lua ou em Marte e toca-lhes a eles ouvir o sermão.

 

Como europeu não quero ter poder. Quero que os chineses, os indianos, os africanos, e todos os outros tenham os mesmos direitos e regalias que eu tenho; que inclui as férias (há falta de melhor, podem ser mesmo em Agosto). O que eu como europeu gostava é que as marcas e as multinacionais subscrevessem e aplicassem hoje a mesma filosofia de empresa que Alfredo da Silva aplicou na CUF no princípio do século passado (no mínimo). E cá para nós que ninguém nos ouve, acho que os chineses também não desgostavam da ideia.

 

Post-Scriptum: É sempre salutar conhecer aqueles que, entre nós, defendem o modelo social chinês. E não me refiro ao “camarada” Jerónimo.

 

(Foto fanada no Daily Telegraph)

 

 

 

Reféns do passado

por josé simões, em 11.06.08

 

Escreve Henrique Raposo:

 

“O ministro da administração interna serve para quê? Num país decente, num regime decente, Rui Pereira já estava com a carta de demissão na mão. O principal responsável pela morte daquela pessoa é das autoridades, a começar por Rui Pereira.  Porque permitiram que os piquetes fora-da-lei actuassem de forma impune durante 3 dias.

 

E o Presidente anda a fazer o quê? Está à espera do quê para dar um grito? Democracia não é a abolição da autoridade. É a legitimação da autoridade.

 

Chama-se a isto estar “refém do passado”. Um passado comum que dá pelo nome de “buzinão”. O Presidente, então primeiro-ministro, pela célebre carga policial e pelas imagens que as televisões (à época já no plural) passaram até à exaustão. O actual Governo, à época na oposição, pela participação activa no “buzinão”.

 

Quando as pessoas não conseguem acertar contas com o (seu) passado, é nisto que dá.

E muito mais que corporativismo ou sindicalismo, salazarismo ou PREC, é à roda desta dualidade e/ ou ambiguidade passado-presente, oposição-governo que as coisas vão girando. E não só nesta situação específica. Para mal dos nossos pecados.

 

(Foto AFP / Getty Images via Daily Telegraph)

 

 

 

Desastre verde

por josé simões, em 14.04.08

 

Sobre este escrito de Henrique Raposo, que aliás assino por baixo, convém, a meu ver, acrescentar mais duas coisinhas:
 
- A primeira; o desastre ao nível ambiental.
Neste momento assistimos impávidos e serenos à desmatação de florestas inteiras para a plantação de cereais destinados aos biocombustíveis, principalmente na América Latina e no Sudoeste Asiático, com o consequente aumento de dióxido de carbono, principal responsável pelo efeito estufa e aquecimento global.
 
A segunda; salvo erro, foi Fidel Castro o primeiro dirigente político a alertar para o aumento do preço dos cereais pelo recurso aos biocombustíveis, e para as consequentes fomes que iria gerar nos países do terceiro-mundo e/ ou em vias de desenvolvimento. Mas na altura isso era mais do mesmo; ou seja, conversa anti-capitalista de velho comuna, e ainda por cima xé-xé…
 
(Foto roubada aqui)