"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Nesta lavagem da história vale tudo, só já falta Cavaco Silva, himself, interromper a reforma e aparecer por aí numa televisão qualquer com o tradicional "eu avisei" enquanto mastiga cuspo.
O candidato independente das perguntas combinadas e os paineleiros independentes escolhidos para desempenharem o papel de comentadeiros independentes à entrevista isenta.
No dia 11 escreveu sobre rankings de escolas, no dia 12 sobre maternidades, no dia 13 sobre chineses, e depois sobre Louçã e sobre Machete e sobre Portas e sobre funcionários públicos e sobre falta de vergonha e era mesmo aqui que a gente queria chegar, falta de vergonha. A falta de vergonha de Henrique Monteiro em querer ser como Luís Filipe Vieira, presidente do SL Benfica, e não em querer ser como Cardoso e Cunha, uma das tralhas cavaquistas que continua a andar por aí, apesar das orelhas que o incomodam, apesar da notícia ter vindo a público no dia 11, o dia em que começou a escrever sobre tudo o que respira, à face da terra e debaixo de água, até chegar à falta de vergonha de escrever sobre as orelhas Luís Filipe Vieira querendo enfiar orelhas de burro aos leitores.
O nome do coise é "Chamem-me o que quiserem", Parvalorem, o nome da coisa, proporciona-se a bons trocadilhos.
Não uso gravata mas também vou fazer uma análise bonita e cheia de "sentido de Estado", posso?
Uma "sondagem" publicada ao final da tarde do dia 21 de Junho de 2011, a mais fiável que tivemos no último ano e meio, porque foi de eleições para a Assembleia da República que se tratou, disse-nos, textualmente e sem margem para pitonisas, que o povo queria que o PSD e o PS se entendessem, e não Pedro Passos Coelho e José Sócrates porque em Portugal não se vota em pessoas mas em partidos políticos, e porque foram, respectivamente, o primeiro e o segundo classificados na pole position para o Governo da Nação, e ainda porque nenhum dos partidos obteve a maioria absoluta. No entanto o PSD, vencedor das eleições, e o CDS, terceiro classificado, apressaram-se a apresentar uma proposta de Governo, legitima também no quadro constitucional, mas pervertendo o resultado da "sondagem", perante o beneplácito de um Presidente da República ressabiado e o aplauso e o amém dos comentadeiros e paineleiros de serviço, que só se 'alembram' de São Povo quando faz trovoada. E agora chamem-me o que quiserem.
Publicar páginas e páginas de escritos sobre o maoísmo e entrevistas a (ex)maoístas sem nunca abordar, sequer ao de leve, o maior genocída da história da humanidade, Mao Zedong himself, é obra.
E o que é que, ou porque é que, um (ex)maoísta, no ponto mais ocidental da Europa, tem a ver, ou tem de carregar, com os milhões de perseguidos e outros tantos milhões de mortos às mãos de Mao e do Partido Comunista Chinês? O mesmo que um (ex)comunista, no mesmo ponto mais ocidental da Europa, tem a ver com os crimes de Estaline, o que não é impeditivo para que o tema esteja sempre em cima da mesa de trabalho, não é?
Na melhor linha da família Soares e ilhas adjacentes (Jorge Coelho, por exemplo) “fulano de tal, que tenho o prazer de conhecer e de quem sou amigo, e que aproveito para enviar daqui um grande abraço” (foda-se que não há pachorra), Henrique Monteiro começa hoje a sua coluna no Expresso (sem link) dedicada aos boys with jobs e ao “affair” José Apolinário - ao qual oportunamente já dediquei umas quantas linhas - com “nada me move contra ele”, segue-se a retórica da ordem, e termina com “é muito significativa [a nomeação de Apolinário] do estado da nossa nação”. Está lá tudo, basta ler o início e o fim. O estado da nossa Nação: políticos profissionais/ corporação do papel impresso; corporação do papel impresso/políticos profissionais, tu és um grande filho da puta mas nada me move contra ti e desculpa lá mas tenho de escrever isto que é para isto que me pagam.
Ainda sobre este tema, escreve Henrique Monteiro no Expresso de sábado:
“(…) A lei diz que um partido que não prove ter, pelo menos, 5 000 militantes, é extinto.
Em princípio, daqui não viria grande mal ao mundo. Ainda restarão partidos para quase todas as tendências políticas. O problema, na verdade, é o do costume: a tendência irreprimível do Governo se meter em coisas que não lhe dizem respeito. Os ingredientes estão cá todos e note-se que o Governo era do PSD e do PP, o que prova que este não é um mal próprio da esquerda.” (O negrito é meu).
Registe-se para memória futura. A esquerda é castradora das liberdades individuais e controleira dos movimentos dos cidadãos. Mas o Governo era de direita. Traduzindo, para os mais esquecidos; Durão Barroso / Paulo Portas.
(Tão certo como “dois e dois serem quatro” que esta foi uma lei direccionada. E não para a esquerda... Com um temor que depois se veio a verificar ser infundado.)