"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"As casas que estejam abandonadas ou injustificadamente devolutas, sobretudo em zonas de maior défice habitacional, poderão vir a ser requisitadas pelo Estado, regiões autónomas e autarquias por forma a serem reconvertidas e passarem a integrar o património habitacional público."
Quase que chega ser excitante ver como Dupont et Dupond usaram um programa, de seu nome Foral – de tornar um concelho livre do senhor feudal, garantindo o usufruto das terras públicas pela comunidade, regulando impostos e estabelecendo direitos de protecção pelo poder central – para atingir o Aforamento – da obtenção da concessão de privilégios da parte do poder central sobre uma propriedade para usufruto e exploração pelo ocupante – e, aqui é que está a arte, recebendo uma renda em troca da exploração [!], o famoso guarda-chuva do Estado onde as empresas se abrigam e que tanta pele de galinha causava a Dupont et Dupond, manifestada nas missas cantadas ao eleitorado, na caminhada para o assalto ao Estado para a restauração do Feudo e reintrodução da Capitação, da Corveia, da Taxa da Justiça, da Banalidade, da Capitação, e do Censo.
Eram nulas as expectativas em relação ao congresso do PS.
Sócrates eleito secretário-geral com mais de 85 % dos votos.
A moção levada a congresso com maior número de votos era também a do secretário-geral.
A somar a isto, a maior maioria absoluta de sempre no parlamento.
Sócrates que apesar da idade revela uma astúcia politica digna de um Mário Soares dos “bons velhos tempos”, aproveitou com eficácia o tempo de antena dispensado e transformou o que seria o congresso do PS, no comício do Partido do Governo.
Neste plano, Helena Roseta e Manuel Alegre com as suas intervenções criticas a alguns aspectos da governação, caíram que nem ouro sobre azul na estratégia de Sócrates. È que involuntariamente, no teatro de Santarém, foram os actores que faltavam para preencher o lado esquerdo do palco, o toque de maquilhagem que faltava ao Partido para passar a ideia que não renegou nem o nome nem as origens.
As expectativas (se houveram) de confronto interno estavam mais no lado das Oposições, talvez com uma secreta esperança de ver assumido em Santarém, por parte dos militantes do PS, aquilo que elas próprias não conseguem fazer no Parlamento.
Um governo em exercício, com o ímpeto reformista que se lhe reconhece, alguém esperava da parte do partido que suporta o executivo um acto de haraquiri político?
Salvou-se a banda sonora. “Go west”, Pet Shop Boys.
Vox Populi: Palavras de Luís, vendedor no mercado grossista que se realiza todos os sábados em Santarém, esta semana coincidente paredes-meias com o congresso do PS, ao “Diário de Noticias”: “Estão lá como nós aqui, a ver se enganam alguém”.