"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Esta é obrigatoriamente curta porque o tempo e o tema não se proporcionam a grandes filosofias.
O que faltou dizer nas 6 – seis – 6 páginas que a Ípsilon hoje dedica aos “guerrilheiros”, com o pomposo título Portugueses Fazem Dançar O Mundo. Muito por ignorância do Vítor Belanciano que se mete por caminhos que não conhece, e muito por coisas “que não se podem dizer”. Digo eu, o mais radical dos guerrilheiros:
Tudo começou aqui (os arquivos estão lá para o provar). Contra o marasmo e a estagnação dos Vibes, dos Petes Tha Zouks, Manaças e outros que até fico com pele de galinha só de me lembrar que tenho de pronunciar o nome. Contra o sistema e os instalados. Querer sair à noite just for having fun e apanhar com o pior pirosismo-comercial-mainstream do mundo e arredores. Contra as cunhas, o ser bonito e ter amigos bem colocados. Amigos principalmente em Lisboa. Ter a certeza de ser o melhor e de conseguir fazer melhor mas não poder porque estão lá os outros que não fazem nem saem de cima. Mas isso agora também não interessa nada, como diz a outra (que também já está instalada).
Camaradas-putos-guerrilheiros, na qualidade de vosso "avô" tomem nota do que vos digo: Já chegaram ao Público; já chegaram ao Lux e aos outros Luxes do resto do mundo; já não somos o underground; o “alternativo” talvez ainda um pouco… Eu, como diz o outro, vou andar por aí à procura de outros como vocês; tão bons ou ainda melhores.
Achtung!: Difícil não é chegar lá. Difícil é (saber) sair.
Adenda: E nunca chegámos a fazer o tal jantar com namoradas e tudo…
A história é simples e conta-se em quase poucas palavras: Os putos – sim, porque tenho idade para ser pai de alguns – vieram ter comigo. Que estavam a fazer um blogue e se eu queria participar. Eu respondi que o meu já me dava trabalho de sobra. Mas que “não! não é nada disso” retorquiram, este é diferente, “vai ser um sítio para nós pormos as nossas cenas, e como tu publicaste aquele série de posts no teu por alturas dos 30 anos do punk, lembrámo-nos de te convidar…” Eu: “então tá bem, vamos lá a isso!”, mas aquele “tá bem”, vocês sabem… É que já me meti em tantas caldeiradas, mais uma menos outra… e isto passou-se e nunca mais liguei cartucho à coisa. Passados uns tempos, e como tinha uma noite no ADN em Setúbal passei por lá, pelo blogue, para colocar um e-flyer. Eram para aí uns quatro ou cinco personagens; apenas. Havia pouca coisa; uns cartazes dumas noites aqui e doutras acolá e nada mais.
Entretanto a coisa começa a tomar forma. Um que conhece outro, que por sua vez conhece outro que também partilha da mesma opinião e dos mesmos gostos musicais, mais umas remixes e postagens no My Space e isto nunca mais parou. Ou melhor, parou. Neste momento cobrimos o país do Minho ao Algarve (só com um L), Ilhas incluídas! A grande maioria não se conhece uns aos outros fisicamente, mas pelo resto, pelas opções musicais e estéticas, pela rebeldia e irreverência, pela atitude, é como se fossemos amigos de longa data, do género daqueles que se encontram para celebrar os tempos em que andaram no Ultramar. Todos na mesma luta: “contra o passadismo e os velhos do Restelo; just for having fun!”
Para os que não pescam nada do que estou para aqui a falar, passem por lá, tomem conhecimento de causa; e uma coisa vos garanto; quando saírem à noite, e no bar ou discoteca que entrarem constar à frente do nome do djGuerrilha Club, de certeza vão ter uma das melhores noites da vossa vida!
Para vocês putos:
Obrigado pela confiança depositada, implícita no convite para estas novas andanças. Faz-nos sempre bem ao ego. O melhor elogio que vos posso fazer nem é dizer que me sinto extremamente orgulhoso de estar ao vosso lado nesta guerra, e que vos considero o futuro do deejeying em Portugal; é dizer-vos que anda por aí muito boa gente a ganhar cachets milionários, com aura de superstar, quase Jesus Cristo descido à terra, que não tem onde cair morto – na forma e no conteúdo – comparativamente convosco; mas sabem como são os lobies… os amigos dos amigos dos amigos. Enfim, quem sofre é a audiência. Posso retirar-me tranquilo que a causa está ganha! (Estou a ficar sentimentalista...)