"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O problema não é Angela Merkel voltar atrás, dar o dito por não dito na questão grega, para não ficar para a história coma a chanceler alemã que destruiu a Europa pela terceira vez em 100 anos, que a senhora até tem suficiente golpe de rins para o fazer e já percebeu que é precisamente isso que pode acontecer. Não. O problema é Angela Merkl ter de explicar aos cidadãos alemães que o dinheiro dos seus impostos não está a ser usado coisíssima nenhuma para sustentar os malandros dos gregos, antes pelo contrário, e que têm sido vítimas de doses maciças de propaganda como não se via por aquelas paragens desde os idos do chanceler do bigodinho que a antecedeu no cargo.
Agora fazemos como na Irlanda, repetimos o referendo, tantas vezes quantas as necessárias, até os gregos dizerem o que os alemães querem que eles digam.
Sem sequer conseguir uma linha de raciocínio, mínima que seja, sobre a anormalidade que é a normalidade, a nova, como consequência da “velha”, e sem nunca perceber que o objectivo, principal e único, deviam ser as regras de um jogo viciado em favor de um dos participantes.
A arte de deitar vento da boca para fora enrolado em palavras, com laivos de mentiras para que o discurso pareça credível e verosímil.
"Em Portugal tiram-se selfies na praia, na Grécia tiram-se selfies na fila do multibanco, é essa a diferença entre Portual e a Grécia", Miguel Pires da Silva, líder da Juventude Popular, a jota do CDS, no Prós e Contras na RTP 1.
Andaram anos e anos e anos, pelos menos 50, com a boca cheia de Churchill, que a democracia era o pior de todos os sistemas com execpção de todos os outros para, afinal, a democracia ser o melhor de todos os sistemas com execepção do sistema do Deus mercado. A Europa morreu, viva a Europa!
Porque esta credibilidade foi arduamente conquistada:
«[…] in reality, the real crisis may not be in the east of the eurozone, but right over in the west. Portugal is the ticking time-bomb waiting to explode.
Why? Because the country has run up unsustainable debts, most of the money is owed to foreigners, and with the economy still in deep trouble it may have to default as well.
All the evidence suggests that, once the debt-to-GDP ratio climbs into the 130% bracket and above, it is basically unsustainable.
And then there is Portugal — which is not in Greek-style permanent crisis, and yet does not seem capable of a sustainable recovery.
The recovery does not look very durable. It is mainly is driven by consumer spending and a cyclical uptick in investment. But exports continue to fall, and unemployment is still rising — the latest figures show it up to 13.7% of the workforce.
The Portuguese are close to unique, in both having very high debts, and most of it being owned abroad. Nor does it just end there. Once household and corporate debt is added into the equation, Portugal has more debt in total than any other eurozone country, Greece included (which mainly has government debt to deal with).»