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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Viva a Concertação Social viva, Pim!

por josé simões, em 08.11.22

 

Federico Fellini on the set of Satyricon, phorogra

 

 

Depois dos professores na semana passada diz que vem aí uma oleada de greve e paralisações, roubando a expressão aos espanhóis. Função Pública, médicos e enfermeiros, guardas prisionais, farmacêuticos, técnicos de diagnóstico e terapêutica, uma fartura. Por isso é legitimo perguntar para que foi aquele circo e foguetório no Palácio Foz com a assinatura da câmara corporativ... concertação social entre os sindicatos dos patrões e o sindicato que representa os patrões nas empresas, a UGT, se paz social nas ruas e nas empresas é coisa que não vai haver; se António Costa e o Presidente da República, eleito com o voto do PS de António Costa, acreditam mesmo em toda aquela palhaçada; se acreditam que os portugueses acreditam; se varrendo para debaixo do tapete a coisa deixava de existir; se acham que as pessoas fazem greve e vêm para a rua porque o PCP, por interposta pessoa a CGTP, lhes diz para parar e vir, já que o acordo está assinado e não há razões para isso?

 

[Link na imagem]

 

 

 

 

E se o tão temido populista nascer na frente sindical?

por josé simões, em 18.04.19

 

 

 

Quando a imunidade do sector privado à greve era um dado adquirido, porque inexistentes, ou residuais e inócuas, num espaço de uma mão de meses temos o país abalado por duas greves com adesões massivas, uma com impacto directo no PIB e nas exportações - estivadores em Setúbal, outra que só pela mediação do Governo não o paralisou totalmente - motoristas de transporte de matérias perigosas, ambas convocadas por dois sindicatos não alinhados nem enquadrados nas duas centrais sindicais, cada qual subordinada a uma agenda delineada fora do sindicalismo e da luta sindical tradicional, a CGTP às deliberações da Soeiro Pereira Gomes, a UGT verbo de encher e para que os sindicatos dos patrões não assinem sozinhos as concertações sociais, as duas incapazes de gerar protestos e reivindicações fora da Função Pública e da administração do Estado.   E se o tão temido populista nascer na frente sindical?

 

 [Imagem "Federico Fellini on the set of Satyricon" phorographed by Mary Ellen Mark, 1969]

 

 

 

 

Rewind

por josé simões, em 19.12.18

 

portas-correio-da-manha.jpeg

 

 

Portas sustentou que o PCP e a CGTP usaram os trabalhadores da Função Pública para prejudicar os do sector privado numa paralisação que "apenas atingiu uma minoria do sector público". A greve "dita geral" foi feita pelos funcionários públicos. Mas o novo Código Laboral não se lhes aplica, lembrou Portas. Uma curiosidade apontada pelo líder do CDS-PP para provar o insucesso da iniciativa da intersindical, cuja actuação classificou de "sindicalismo irresponsável", uma vez que, ao recusarem a nova legislação que valoriza o mérito, estão a criar obstáculos "à criação de riqueza e emprego".

 

 

 

 

A realidade alternativa da direita radical, II

por josé simões, em 12.12.18

 

pre avisos greve.jpg

 

 

Como é que é possível um Governo que apostou tudo no presente e tem um nível de greves e um nível de descontentamento social como eu não me lembro?

 

[Gráfico]

 

A realidade alternativa da direita radical, I

 

 

 

 

|| Em princípio nada

por josé simões, em 14.03.12

 

 

 

Qual a relação que há entre as perguntas que o deputado e vice-presidente da bancada do CDS-PP, Hélder Amaral, «dirigiu ao Ministério da Economia e do Emprego» e o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento sobre o sindicalismo na Colômbia? Em princípio nada. Em princípio.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Sinais dos tempos

por josé simões, em 15.01.12

 

 

 

Nos idos do "sindicatos paralelos, sindicatos amarelos" palavra de ordem, por [muito] menos se enchiam ruas num clamor de protesto, manifs cercavam prédios, se convocavam conferências de imprensa com discursos inflamados.

 

Não vejo como um insulto, não vejo como sinal de amorfismo dos alegadamente insultados. Normalização da vida democrática. O povo que aprendeu o discurso político-sindical é o mesmo povo que aprendeu a linguagem publicitária. E sabe distinguir um do outro. Só isso.

 

[Imagem Getty Images]

 

 

 

 

 

 

|| As pessoas fazem greve porque lhes apetece fazer ou porque sim [*]

por josé simões, em 11.01.12

 

 

 

Portugal seria um lugar muito mais… errr… habitável e a Europa teria uma identidade muito mais forte se fosse construída à imagem da China. Não fosse essa coisa dos sindicatos e dos cidadãos reivindicarem e de se recusarem a aceitar o seu destino de sofrimento nesta vida, como vem na Bíblia, e tudo seria perfeito. O trabalhador trabalhava, que é como quem diz o colaborador colaborava e o patrão mandava, que é como quem diz, o empresário pensava, e assim, de mãos dadas, all together now e alegria no trabalho, criávamos riqueza e se nos portássemos bem sempre caíam umas migalhas.

 

[*] E fazem tanto barulho que nem deixam a outra pessoa concentrar-se e escrever um livro para quem lhe paga.

 

«[…] as greves são tomadas como um direito absoluto, aceitando-se que minem os alicerces do Estado de Direito e da administração da Justiça e que dêem cabo do quase nada que resta da vida económica do país.

 

Ninguém tem coragem de ir à mão dos sindicatos e muito menos de alterar uma legislação que torna o caso português aberrante e insustentável.»

 

[Na imagem Fictional Landscapes, Kyle Kirkpatrick]

 

 

 

 

 

 

|| Cenas dos próximos capítulos

por josé simões, em 07.04.11

 

 

 

 

 

Com o FMI a impor a "vassourada" na Função Pública e o próximo Governo a privatizar o que resta do sector empresarial do Estado, no espaço de uma legislatura acabam-se as greves, tal qual as conhecemos, em Portugal. Está escrito nas estrelas.

 

(Imagem)

 

 

 

 

 

 

 

|| Ameaças e pressões e outras coisas terminadas em “ões” como papagios

por josé simões, em 19.03.10

 

 

 

Claro que as coacções dos piquetes de greve nas portas dos locais de trabalho, às vezes até com agressões físicas, não são “pressões” nem “ameaças”. Às mãos dos sindicatos a destruição gradual do sindicalismo português.

 

(Imagem de autor desconhecido)

 

 

 

|| Do século passado

por josé simões, em 10.03.10

 

 

 

Do século passado é a precariedade no emprego e o salário mínimo e o salário médio nacional. Do século passado são também os salários e os prémios dos gestores. Do século passado é haver patrão com  nickname empresário. Do século passado são partidos políticos mascarados de sindicatos e as formigas continuarem a caminhar enfileiradas no carreiro.

 

(Imagem de autor desconhecido)

 

 

 

|| Nada na manga

por josé simões, em 06.03.10

 

 

 

Como eu os compreendo… oh se compreendo!

 

(Na imagem Miss Inner Beauty Contest, autor desconhecido)

 

 

 

...

por josé simões, em 10.01.07
Também ontem ficámos a saber das razões da greve dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa.
 
A ter em conta; manter o acordo de empresa actualmente em vigor que entre outras preciosidades inclui 36 dias e meio (trinta e seis dias e meio!) úteis de férias por ano; regime de trabalho de 6 (seis!) horas diárias, divididos em dois turnos, sendo que um tem de ser obrigatoriamente sem condução; prémio de produtividade automático (!) de 12 cêntimos por quilómetro, abrangendo também os 13º e 14º meses.
 
A generalidade dos trabalhadores tem 22 úteis de férias por ano; períodos de trabalho de 8 horas (todas a trabalhar); prémios de produtividade, se produzirem e, não abrangendo os meses extra.
 
Mas o Metro de Lisboa é uma empresa do Estado e, por assim ser, pode dar-se ao luxo de ter prejuízos anuais na ordem dos 160 milhões de euros. Alguém há-de pagar.
Assim como alguém há-de pagar esta sucessão de greves, cirurgicamente marcadas para as horas de ponta e, em defesa de mordomias de tão absurdas que, me faltam adjectivos para qualificar.

Greves e Percentagens

por josé simões, em 14.11.06
Passaram despercebidos à maioria dos analistas / comentadores os números publicados esta semana na comunicação social pelo Ministério das Finanças, relativos às greves da Função Pública realizadas no ano de 2005.
 
Ficámos a saber que nas greves convocadas pelo Sindicato dos Quadros Técnicos e pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos em 15 de Julho de 2005, dos trabalhadores considerados ausentes pelos serviços só 48% invocaram o motivo greve. Na de 20 de Outubro convocada pela CGTP, a história repete-se com 55% dos trabalhadores a declararem não trabalhar pelo mesmo motivo.
 
Os outros, usando do expediente Chico-esperto português, justificam a falta com atestados médicos ou outros similares, invocando o motivo doença e com isto escapando ao respectivo corte salarial, ou quem sabe, à vontade de não fazer greve, mas não tendo a coragem de o assumir perante os colegas grevistas ou perante a entidade patronal.
 
Estão assim explicadas as diferenças abissais de números entre o Governo e os Sindicatos de cada vez que há uma greve, ficando claramente o Governo a ganhar em fiabilidade e credibilidade nesta guerra percentual.
 
Até à data não se conhecem reacções ou comentários dos vitalícios Carvalho da Silva e João Proença sobre esta jogada baixa que pelos vistos conta com a cobertura e apoio sindical. Se assim não fosse, nos dias de greve, por respeito pelos que realmente defendem a greve com convicção e por respeito pela própria imagem dos Sindicatos e dos dirigentes sindicais, deveriam ser os próprios a pôr o assunto em pratos limpos.
 
Agora que se fala em listas por tudo e por nada; listas das empresas devedoras ao fisco, listas das empresas credoras do estado, etc., etc. uma forma de moralizar esta questão, talvez passa-se por após a greve, afixar nos placards existentes nas empresas e destinados à actividade sindical, uma lista com os nomes de quem realmente fez greve e de quem invocou outros motivos – e quais os motivos – para não ir trabalhar.
 
Era um acto de coragem e acabava de uma vez por todas com a ideia de que vale tudo para justificar a adesão a uma greve.

Manifestações

por josé simões, em 13.10.06

 Quinta-feira, 12 de Outubro, hora do telejornal.

Abertura do noticiário na RTP 1, manifestação convocada pela CGTP. Zapping rápido por todos os outros canais e a mesma abertura. Até no Jornal das 21 h , SIC Noticias, com o profissionalíssimo Mário Crespo.

Setenta a oitenta mil manifestantes segundo a polícia. Cem mil segundo a organização. Não é isso que importa.

Importa, isso sim, o que se lhe seguiu: Entrevistados de rua, o que inclui desde os próprios manifestantes até ao policia de transito de serviço, passando por quem ficou preso no caos rodoviário, ou quem aguardava o transporte público que nunca mais chegava, até aos comentadores do costume, com comissão de serviço nas estações.

Opinião unânime: O Governo, e mais especificamente José Sócrates, deviam ter em conta o aviso. O descontentamento cresce, e devia dar ouvidos ao povo, e tal e tal.

Até o insuspeito Diário de Noticias, alinhava hoje, pelo mesmo diapasão.

Também interessante foi verificar a mudança de opinião de alguns analistas / comentadores da praça pública, quando nos anos 80 se verificavam manifestações de dimensão equivalente.

Que o governo tinha sido eleito democraticamente e devia ser imune às pressões de rua.

Mas nos anos 80 estava quem estava no governo, e o que era válido nos anos oitenta, não o é agora, enfim... (comentário meu).

Sejamos realistas, desde que Margaret Tatcher colocou na "linha" o poderoso Sindicato dos Metalúrgicos ingleses, abriu um precedente, e nunca mais governo algum na Europa, deixou de tomar medidas, por mais impopulares que fossem, ou de governar devido às pressões de rua.

Vide o caso recente da Hungria.

Numas legislativas em que o conjunto de votos CDU / BE vale 13. 95%, (ao PSD e ao PP, por motivos óbvios não os incluo na manif . de ontem), em que os votos PS valem 45. 05% (e continua a subir nas sondagens e intenções de voto), em que existem 750 mil presumíveis descontentes da Função Pública; até que a manif . foi fraquita.

José Sócrates deve estar neste momento a dizer para com os seus botões: "E se não fosse para ganhar... Eu não me atirava assim!".