Trump's Ties
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Um burro carregado de gravatas é um dôtor. É a gravata pescadinha-de-rabo-na-boca, que se usa à roda do pescoço para se ter valor e que implica automaticamente ter valor só por se usar à roda do pescoço uma gravata. Por decreto. O decreto do faz-de-conta que se é importante e capaz e responsável, e que já está em vigor desde os idos em que o velho de Santa Comba Dão mandava os ministros faz-de-conta comprar um chapéu para cobrir as cabeças que faz-de-conta que pensavam.
Há mais vida para além da gravata? Há. No reino do faz-de-conta vigora o decreto do tratamento por dôtor. Mesmo para aqueles que só o são porque usam gravata não o são mas usam gravata. Por decreto.
Quando a gente vê a Irmandade Muçulmana de fato e gravata nas televisões - a gravata, o símbolo do "orgulho ocidental" e dos "novos cruzados", à roda do pescoço dum fundamentalista islâmico… - a gente acredita no que vê ou a gente vê que a forma mais eficaz para nos lixar é pôr uma gravata?
É muita psicologia e vale também para a "irmandade ocidental" ou para a "irmandade de Wall Street" ou para a "irmandade do arco governamental"
(Na imagem Mohamed Badie)
É ilucidativo ver Ahmet Davutoglu, ministro dos negócios estrangeiros da Turquia e muçulmano crente praticante, pôr uma gravata - a cruz transformada das armaduras dos cruzados, símbolo da civilização ocidental e da dominação ocidental e do capitalismo e do sucesso e da civilização ocidental e de toda essa lenga-lenga despejada nas madrassas e nas mesquitas pelos Goebbels de serviço ao islamofascismo para manter a turba aporreda na ignorância e como reserva disponível para todo o tipo de barbaridades -, e aparecer na televisão a perorar sobre Democracia e Direitos Humanos e mais Israel e flotillas humanitárias a Gaza e o caralho, e os idiotas úteis a acenarem que sim e a babarem-se em frente ao pequeno ecrã.
(Imagem de autor desconhecido)
Conta a lenda que, andando um árabe há um ror de dias perdido no deserto e quase a morrer à sede, lhe aparecia a espaços um ocidental que lhe propunha para desespero seu a compra de uma gravata, quando o que qualquer pessoa com um mínimo de humanidade faria seria oferecer-lhe água. Quando por fim, e já moribundo, alcançou um oásis propriedade de uma empresa europeia, deparou-se com um letreiro na porta: “Obrigatório o uso de gravata”.
Pelos comentários na bloga e no Twitter à Direita, há por aí muito “ocidental” disposto a deixar o deputado do Bloco à morrer à sede só porque não usa gravata.
By the way, não é um fato de treino, é um blusão com capuz, à venda na Pull and Bear por uns quaisquer €20, o que só por si quer dizer muito: que José Soeiro não pertence à ala anarka-okupa anti-globalização do Bloco.
(Na imagem capa do livro Etiquette for the Well-dressed Man (The Etiquette Collection), Paperback, Copper Beech Publishing Ltd)