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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Psitacídeos e aves canoras

por josé simões, em 04.12.20

 

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Eu, que numa empresa privada e derivado à Covid-19, me vi na situação de em três dias, com jornadas de trabalho de 16 horas com meia de intervalo para comer qualquer coisa, ter de mudar de raiz programações para três meses, planeadas com um mês de antecedência, e que no dia em que as tinha prontas já estavam desactualizadas, não consigo sequer imaginar o que é ser ministra ou directora-geral da Saúde numa situação de pandemia nunca por ninguém vivida nos últimos 100 anos. Nem pretensões para opinar o que quer que seja. Respeito.

 

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Portugal dos pequenitos

por josé simões, em 18.06.20

 

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O nacional-parolismo de um Presidente da República que convoca um Conselho de Ministros extraordinário para o palácio presidencial, com a presença dos representantes do pontapé-na-bola nacional, para celebrar a conquista de uma final da Champions na capital, e com a exaltação de um dos instrumentos da meritocracia nacional de uso corrente - a cunha, o presidente da Federação é vice na UEFA e o organizador da prova um tuga de gema, Marcelo dixit, o edil Medina aplaude, a companhia aérea de bandeira já está a bombar às portas de Portugal enquanto sobrevoa a paisagem.

O nacional-parolismo do primeiro-ministro que a dedica aos profissionais de saúde, "um prémio merecido" por se terem sacrificado, a vida, a família, as férias, as folgas e os tempos livres, na luta contra a pandemia em defesa da saúde pública, amanhã as pitonisas do Costa explicam a relação entre uma coisa e outra, entre o dever do distanciamento social e manadas de hooligans a consumir álcool e a cuspirem-se uns aos outros;

A nacional-irresponsabilidade da Direcção-Geral de Saúde, convertida em Direcção-Geral do Poder Político, "quantos mais visitantes, melhor será para o país", que venham muitos, os civilizados da bola, que já fechámos os bares do Jamaica e andamos em cima de festas privadas e ajuntamentos nas ruas com pessoas que não sejam da mesma família.

 

Do que é que nos queixamos concretamente?

 

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O dia em que o Correio da Manha fez a primeira página do Expresso

por josé simões, em 29.02.20

 

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O que diz o corpo da notícia?

 

"Pergunta: Qual é o pior cenário para Portugal?

Resposta: Estamos a trabalhar com cenários para a taxa de ataque da doença, como fizemos para a pandemia de gripe, em 2009. Na altura, pensávamos que podia ter uma taxa total de ataque de 10%: um milhão de pessoas doentes ao longo de 12 semanas, mas não todas graves. Mas, afinal, foram 7%, cerca de 700 mil pessoas no total da época gripal de 2009/ 10. Uma epidemia depende da taxa de ataque, da duração e da gravidade. No caso do Covid-19, ainda não sabemos tudo para fazer cenários tão bem feitos. Assim, estamos a fazer cenários para uma taxa total de ataque de 10% [um milhão de portugueses] e assumindo que vai haver uma propagação epidémica mais intensa durante, pelo menos, 12 a 14 semanas. Temos estudos que nos dizem que 80% vão ter doença ligeira e moderada e só 20% terão doença mais grave e 5% evolução crítica. A taxa de mortalidade será à volta de 2,3% a 2,4%. No cenário mais plausível prevemos cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros - não é muito, é como a gripe - e 1700 graves, que terão de ser internados, nem todos em cuidados intensivos. E nessa fase haverá camas em todos os hospitais."

 

E como fazer primeiras páginas destas não dá prisão, o mais provável é segunda-feira termos esta manchete no Polígrafo da SIC, pelo inefável e inenarrável Bernardo Ferrão com jornalismo de brincadeira. Só se estraga uma casa, a do militante n.º 1, jornal e televisão.