"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Interessante seria saber quantos dos abrangidos por esta medida, ou que a breve prazo venham a levar com ela em cima, são eleitores do partido da taberna, pela cruz no boletim de voto, ou por terem ficado em casa no dia das eleições. "É tudo uma cambada de ladrões!", "Querem é todos tacho!", "É tudo a mesma merda!", "A minha política é o trabalho!". Os malandros, manhosos, calaceiros do subsídio de desemprego, que ali se deixam ficar, porque sim e não por um azar da vida, que usufruem duma benesse do Estado, do nosso dinheiro, e não porque descontaram para isso, para o caso de se verem nesta situação. Quem vai procurar activamente emprego com o[s] filho[s] ao colo, o Governo que opta pelo mais fácil - cortar, ao invés de cumprir a sua função - responder às carências das populações, a infância roubada pela ausência de interacção com os outros da mesma idade.
O ódio da direita aos pobres na arte de conseguir com que os menos pobres achem esta uma medida justa e racional.
Entre outras, paga do seu bolso as propinas (fora “o resto”) dos seus filhos no ensino público gratuito, e paga, por via dos impostos, a bolsa de estudo (por encomenda) do filho do “carenciado” e ultra-periférico Malaquias.
Não sei se há alguma relação entre ambas as notícias, uma vez que estamos a falar de sucata. Mas parece-me um contra-senso, para não lhe chamar outra coisa, gastar 48 milhões num monte de sucata num navio, em nome da coesão inter-ilhas e em nome dessa mesma coesão subsidiar a exportação de sucata para fora das ilhas.
Custo da insularidade, que, dê por onde der, são sempre os mesmos a pagar.
Já ouvi e li, desde os blogues aos media, malhar no Bokassa da Madeira por todas as razões e por mais aquela. E boas malhações razões, diga-se de passagem.