"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
epá, a gente falsificou mas não foi com intenção de prejudicar ninguém nem tampouco com a intenção de tirar benefícios ou sacar lucro, a gente falsificou porque sim, desculpem lá qualquer coisinha e a maçada, não se fala mais nisso. prontes. epá, e havia coisas que dantes eram crime mas que agora já não são, temos pena, o legislador também não teve a intenção de prejudicar ninguém nem tampouco de beneficiar, desculpem lá qualquer coisinha e a maçada, não se fala mais nisso. prontes.
O "Deve e Haver das Finanças da Madeira" começa no século XV, que foi quando os portugueses chegaram às ilhas e, de chicote na mão, começaram a escravizar os nativos nas plantações de bananas, a impor-lhes os costumes trazidos do continente e o português como língua oficial, proibindo o uso da língua materna, o madeirense, e vai até ao século XXI, já na última fase, a da queda, depois da ascensão e apogeu de Alberto Simão Bolívar Jardim, líder e herói da luta da libertação contra o colonialismo.
O sobrinho e afilhado do representante da Acção Nacional Popular na ilha adjacente da Madeira e director do jornal Voz da Madeira, onde se arranjou um lugarzinho para o jovem escrevinhar umas crónicas a enaltecer o fascismo, depois de concluído o curso, à rasquinha e depois de muito tempo, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, confortavelmente hospedado numa casa da Mocidade Portuguesa, dispensado que foi de combater na Guerra Colonial e colocado num quartel da ilha adjacente da Madeira, departamento Acção Psicológica Militar, graças a uma vaga caída do céu e que lhe permitia dar aulas no liceu [há gente com muita sorte na vida], como ia a dizer, o sobrinho-afilhado quer fazer com as greves o que se deixou de fazer com as greves logo a seguir ao dia 25 de Abril de 1974, quando os sobrinhos-afilhados e os seus tios e pais e mães foram metidos no devido lugar.
[Na imagem Alberto João Jardim com a t-shirt da organização terrorista FLAMA]
Ou, deitando mão ao léxico político-partidário do imaginário do comissário Nogueira, a aliança bolchevique-kulak para a Educação.
«[…] “ao lado de Jardim esteve Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof” […] “veio à Madeira porque hoje é o Dia Mundial dos Professores […] e não à inauguração do presidente do Governo Regional” […] “a Fenprof não é instrumentalizada” […] “não me sinto incomodado com nada” […] “eu não estive ao lado de Alberto João Jardim” […] “veio pedir o voto aos professores, Dr. Alberto João Jardim? Não há mais conversas, não há mais conversas”» A partir do minuto 23:57.
Podia ser por distracção ou por já ninguém passar cartucho ao que o senhor diz, tantas são as alarvidades. Mas não é. É mesmo ignorância. Ignorância do povo.
Alguém devia dizer, preto no branco, ao “povo da Madeira” [o que quer que isso signifique], e esse alguém devia ser os outros candidatos ao Governo Regional, o Governo da Nação, o Presidente da República, ou mesmo o professor Marcelo no tempo de antena semanal na televisão, que a Madeira não é uma questão colonial pela simples razão que não havia lá nada, além de árvores e pássaros, quando João Gonçalves Zarco deu à costa naquilo que havia de ser o Porto Santo nos idos de 1418. Todos os que lá estão são descendentes de todos os que daqui, do cont’ nente, foram para lá, contrariados ou de livre vontade.
[Isto independentemente de interpretações políticas do foro cada um como o seja, por exemplo, o “direito à secessão”]
A menos que se queira manter o povo na ignorância não vá o “argumento” poder vir a fazer falta no futuro…
A SIC Notícias, à imagem do que têm feito e continuam a fazer as outras televisões, rádios e imprensa escrita, que de há um mês a esta parte abrem telejornais, enchem telejornais, fecham telejornais com Alberto João Jardim e a dívida escondida da Madeira, Alberto João Jardim e as inaugurações na Madeira, Alberto João Jardim e os jantares-comício na Madeira, Alberto João Jardim e a boçalidade de Alberto João Jardim, Alberto João Jardim e o suposto sentido de humor de Alberto João Jardim, mostra-se surpreendida porque, numa “reportagem” posta no ar, a abordagem ao cidadão anónimo nas ruas mostrar que [quase] ninguém sabe quem são os outros candidatos nas eleições para o Governo Regional. No shit?!
Um dos problemas de quem vive numa ilha é que, devido ao horizonte visual/ espaço físico estar bloqueado pelo mar, isso acabar, mais cedo ou mais tarde, por se reflectir num também bloqueio do horizonte intelectual - é a acção do meio ambiente sobre o ser humano - e, como consequência, uma afastamento da realidade tal como os outros, os que vivem no continente, a interpretam.
Alberto João Jardim, “isolado” lá na “sua” ilha, perdeu definitivamente o contacto com a realidade. Só assim se explica que continue a acenar com a independência da Madeira quando é isso precisamente o que a maioria da população continental portuguesa quer.
Há um tempo para tudo, e o tempo de Alberto João Jardim, definitivamente, já não é o tempo do Continente (se é que alguma vez o foi). Mesmo quando fala para dentro do seu espaço físico.