"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Trump foi ao cemitério de Arlington filmar um vídeo para capitalizar eleitoralmente a dor dos familiares dos militares norte-americanos mortos em combate. Pode ser que a fraca memória na política não se lembre de que enquanto presidente dos States os ter classificado como losers.
Luís Montenegro meteu-se num barco de borracha e andou no Douro feito emplastro na busca dos militares da GNR mortos no helicóptero de combate a incêndios despenhado. Na proa levava um assistente que ia registando a operação para a posteridade no Insta, no TikTok, no Face e coise.
"Se soubesse o que sei hoje tinha ido para a GNR quando saí da tropa. Fulano de tal fez isso e já está reformado com uma boa reforma sem se chatear nada".
"Não arranjas emprego em lado nenhum? Vai pra polícia, pá!".
Não há um único português que não tenha alguma vez na vida ouvido esta formulação, dos pais, de familiares, de amigos. Não há um único. À imagem do que antes acontecia com Direito, para onde ia toda a gente que não tinha média para entrar em mais lado nenhum, só vai para a polícia quem não sabe fazer mais nada. E chegámos aqui. Racismo, xenofobia, homofobia, justicialismo, desrespeito total pelo Estado de Direito, recurso à mentira, violência, condenações atrás de condenações no tribunal europeu. 50 anos do 25 de Abril.
[Na imagem, de autor desconhecido, Eduardo Cabrita, que conseguiu estar seis anos no Governo, 4 - quatro - 4 dos quais com a tutela, e não dar por nada]
CLAP! CLAP! CLAP! Muito bem! Agora, chegados ao destino, vão andar por becos esconsos e bairros manhosos, correndo riscos, para comprar os charros que os inteligentes da GNR lhes apreenderam para a fotografia.
Depois da "progressão na carreira" só porque sim, o "subsídio de risco". Como se quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial, não tivesse antecipadamente conhecimento dos riscos inerentes à profissão, como se os riscos inerentes à profissão fossem a excepção e não a regra de que tem conhecimento antecipadamente quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial. E andamos nisto...
Mas está tudo bem, o circo montado pela GNR. com cobertura televisiva nos telejornais do prime time. apreendeu meia dúzia de charros e os infantes foram todos em segurança para o reino de Castela.
No Haiti de 'Papa Doc' os polícias só recebiam uma farda e uma arma, nada de salário, nada de susídios, nada de nada e o resto era lá com eles. Por cá ainda não chegámos a tanto.
E vai deixar de andar de Correio da Manha [sem til] debaixo do braço e de fazer visitas à baixa de Setúbal a propósito de problemas no Bairro da Bela Vista na alta. Um valentão.
Assim como a seguir à revolução de Abril de 74 proliferavam os partidos com "m-l" e "r" [de Reconstruído] em letras miudinhas a seguir à sigla, temos agora o CDS-PP [ex]. De "já foi", não de abreviatura de exemplo.
O ministro Miguel Macedo, habituado que está a ver Clint Eastwood, com 80 anos, a perseguir e dar caça à bandidagem, pensou para com os seus botões, "se ele aguenta eles também aguentam. Ai aguentam, aguentam" e, vai daí, decide aumentar a idade com que os profissionais da PSP e GNR podem passar à reserva ou pré-aposentação dos 55 para 57 ou 58 anos.
Paulo Portas, que já não anda a passear Correios da Manha [não, não há engano, é mesmo sem til] debaixo do braço pelas feiras e mercados, fica-se perante o descalabro que se adivinha na manutenção da ordem pública e no combate à criminalidade.