"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
[Na imagem, de autor desconhecido, Eduardo Cabrita, que conseguiu estar seis anos no Governo, 4 - quatro - 4 dos quais com a tutela, e não dar por nada]
CLAP! CLAP! CLAP! Muito bem! Agora, chegados ao destino, vão andar por becos esconsos e bairros manhosos, correndo riscos, para comprar os charros que os inteligentes da GNR lhes apreenderam para a fotografia.
Depois da "progressão na carreira" só porque sim, o "subsídio de risco". Como se quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial, não tivesse antecipadamente conhecimento dos riscos inerentes à profissão, como se os riscos inerentes à profissão fossem a excepção e não a regra de que tem conhecimento antecipadamente quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial. E andamos nisto...
Mas está tudo bem, o circo montado pela GNR. com cobertura televisiva nos telejornais do prime time. apreendeu meia dúzia de charros e os infantes foram todos em segurança para o reino de Castela.
No Haiti de 'Papa Doc' os polícias só recebiam uma farda e uma arma, nada de salário, nada de susídios, nada de nada e o resto era lá com eles. Por cá ainda não chegámos a tanto.
E vai deixar de andar de Correio da Manha [sem til] debaixo do braço e de fazer visitas à baixa de Setúbal a propósito de problemas no Bairro da Bela Vista na alta. Um valentão.
Assim como a seguir à revolução de Abril de 74 proliferavam os partidos com "m-l" e "r" [de Reconstruído] em letras miudinhas a seguir à sigla, temos agora o CDS-PP [ex]. De "já foi", não de abreviatura de exemplo.
O ministro Miguel Macedo, habituado que está a ver Clint Eastwood, com 80 anos, a perseguir e dar caça à bandidagem, pensou para com os seus botões, "se ele aguenta eles também aguentam. Ai aguentam, aguentam" e, vai daí, decide aumentar a idade com que os profissionais da PSP e GNR podem passar à reserva ou pré-aposentação dos 55 para 57 ou 58 anos.
Paulo Portas, que já não anda a passear Correios da Manha [não, não há engano, é mesmo sem til] debaixo do braço pelas feiras e mercados, fica-se perante o descalabro que se adivinha na manutenção da ordem pública e no combate à criminalidade.
Não é por nada mas, em caso de necessidade, gostava um dia de ter direito a uma baixa médica ou a uma “assistência à família”, para o caso de não terem sido definitivamente irradiadas do código do trabalho pela aliança chico-esperta entre dirigentes sindicais de meia-tigela e dôtores da mula-ruça.
(Imagem “Dancing Around Whiskey Bottle”, Harold Gauer)
Quem fuma vai sempre fumar. É preferível que fume o que leva de cá ou que ande por lá, por portas travessas, a procurar o que a GNR apreendeu na fronteira - em acções de prevenção da treta para as televisões-, a gastar o dinheiro que lhe pode fazer falta para outras coisas, quando o problema sempre tem sido o consumo de álcool?
Adenda: “mensagens anarquistas”: em 1984, aquando da Operação Orion, houve quem tivesse sido detido por ter em casa o Manual do Guerrilheiro Urbano de Marighella.