"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Cartilheiros militantes e militantes cartilheiros nas "redes", mais paineleiros e comentadeiros avulso com lugar cativo remunerado no prime time das televisões, que em 8 - oito - 8 meses de guerra mais que recusar condenar o fascismo russo justificaram a invasão e o genocídio na Ucrânia pelas tropas e mercenários de Putin, muito indignados pela saudação institucional da presidente da Comissão Europeia à neo-fascista eleita chefe do governo italiano.
[Na imagem de autor desconhecido tattoo de soldado soviético]
Depois apresentam-se a eleições em coligação e denominam-se "centro direita", depois de toda a comunicação social já os ter denominado assim porque eles assim já se denominam, numa pescadinha de rabo na boca que mina os media há décadas. Legitimar a extrema-direita e os neo-fascistas apodando comunistas e bloquistas de "extrema-esquerda", comparar quem luta por uma escola pública de qualidade e gratuita, por um Serviço Nacional de Saúde de excelência para todos, por melhores salários e condições de trabalho, por pensões e reformas dignas, com quem defende guetos para minorias, repressão policial, exclusão pela religião que se professa ou pela orientação sexual, a mulher como máquina de parir.
Com a vitória de Giorgia Meloni em Itália assistimos ao regresso da lengalenga de 1922, que "o fascismo é o capitalismo em decadência", balelas ouvidas da boca do controleiro nas reuniões de célula do partido ou lidas à quinta-feira n' "a verdade a que temos direito", sem terem aprendido, nem querem aprender, que o fascismo é a esquerda em decadência, é quando a esquerda se demite, e fazendo de conta que os milhares de socialistas revolucionários, anarquistas, comunistas, anarco-sindicalistas, etc, que passaram directamente para a Falange em Espanha, os Fasci di Combattimento em Itália, ou a Action Française de Charles Maurras nunca existiram, tivemos ontem Marques Mendes, o conselheiro de Estado militante do PSD, na televisão do militante n.º 1 muito preocupado, diria mesmo bué preocupado, com a ascensão da extrema-direita em Portugal e passando completamente ao lado da normalização da extrema-direita em Portugal pela acção de Luís Montenegro, o líder do seu partido, o PSD. É que há fascismos, lengalengas, palas nos olhos e há fascismos mais fascismos que os fascismos. Diz que o militante n.º 1 está furioso com os resultados das audiências. Se calhar é pela honestidade de quem lhe faz o prime time, de Bernardos Ferrões a Zés Gomes Ferreiras e Nunos Rogeiros passando pelos Marques Mendes desta vida.