"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O que é que resta, em que estado é que está o mundo, qual a qualidade da democracia, os progressos ao nível dos direitos humanos e no respeito pelas diferenças, 15 anos depois da teoria da direita radical do efeito dominó que ia espalhar a democracia por todo o médio oriente e que justificava a invasão de Estados soberanos para derrubar regimes ditatoriais?
«Blair repeatedly says sorry for his conduct and even refers to claims that the invasion was a war 'crime' – while denying he committed one. Blair is asked bluntly in the CNN interview, to be broadcast today: 'Was the Iraq War a mistake? 'He replies: 'I apologise for the fact that the intelligence we received was wrong. 'I also apologise for some of the mistakes in planning and, certainly, our mistake in our understanding of what would happen once you removed the regime.' Challenged that the Iraq War was 'the principal cause' of the rise of Islamic State, he said: 'I think there are elements of truth in that. 'Of course you can't say those of us who removed Saddam in 2003 bear no responsibility for the situation in 2015.'»
Que o neoliberalismo dos neocons [com dezenas de discípulos e de escudeiros por nomeação do Conselho de Ministros instalados em secretarias de Estado e direcções-gerais a ganhar curriculum para futuros voos] também quer criar um homem novo e o homem novo não pode ter passado ou história que o prenda.
Um vive num rancho, onde Chuck Norris filmou "Walker, Texas Ranger", faz print screen de fotos encontradas no Google images, cobre a óleo com umas pinceladas e é um sucesso. Qualquer dia está no Solomon Guggenheim e até a Sotheby's é capaz de pegar naquilo. De quando em vez aparece numas tomadas de posse e numas celebrações solenes e dá umas palestras. Pagam-lhe para dizer vacuidades.
Outro é o enviado da ONU para o Médio Oriente. Anda a pregar a paz e a reconciliação onde antes semeou a guerra e a desordem e os condóminos da região devem olhar uns para os outros e depois olham para nós e pensam "vão gozar com quem vos talhou as orelhas". Tem muitos motoristas e guardaespaldas pagos pelo contribuinte bife. Converteu-se ao cristianismo e de vez em quando dá umas palestras. Pagam-lhe para dizer banalidades.
Os dois, criminosos de guerra, continuam por aí, à solta e ricos, muito ricos. E isto tem assinatura:
Uma semana antes, Durão Barroso, o primeiro-ministro do país de/da [cc Presidência da República] tanga havia servido, ao lado de José Maria Aznar, de mordomo na cimeira entre W. Bush e Blair, que ia combater o terrorismo, evitar a III Guerra Mundial e espalhar Democracia em todo o Médio Oriente [entre outras], e que lhe deu currículo e equivalências para ocupar, sem se submeter à Democracia do sufrágio universal e directo, a cadeira de presidente da Comissão de uma União Europeia de/ da [cc Presidência da República] tanga mas que, ainda assim, lhe permite aspirar regressar ao país de/da [cc Presidência da República] tanga como candidato à cadeira de uma instituição totalmente descredibilizada aos olhos dos cidadãos pelo actual inquilino e seu ex-chefe [cc Presidência da República].
Não me lembro de alguma vez ter visto tanta excitação e tantas “apologises” a propósito das imagens manipuladas, assim-a-atirar-para-o-macaco, que aparecem no Google de cada vez que se faz uma busca "George W. Bush".
Provavelmente sou naïf, mas não consigo ver o que fizeram de substancialmente diferente Milan Milutinovic e Slobodan Milosevic, ou Omar al-Bashir de George W. Bush em matéria de direitos humanos e crimes contra a humanidade. E não me estou sequer a referir às sevícias e às torturas.
Se os primeiros massacraram o seu próprio povo, o último inventou uma guerra – que ainda dura – no outro lado do mundo, e pelos vistos quem vai (se for…) a julgamento é a “arraia-miúda”; vox populi.
Na tropa, “Maçaricos”, ouvíamos da “Peluda, aqueles que já estavam de malas aviadas: “A velhice é um posto!”.
E uma “peluda” americana num rancho do Texas, então, é todo um programa.
E depois aparece o procurador Luís Moreno-Ocampo – o “campeão dos Direitos Humanos”; pivot do telejornal dixit –, com o ar mais compenetrado deste mundo, e diz que nenhum Chefe de Estado de nenhum país está a salvo de responder perante o Tribunal, à semelhança do que aconteceu com Rodovan Karadzic, Jean Pierre-Bemba e Charles Taylor. Pois. E nós hoje vamos todos dormir na paz dos anjos de bem com o Mundo e com o Criador, com as reconfortantes palavras do senhor procurador. Assim de repente estou a lembrar-me de George W. Bush. É que todos os itens da acusação a Omar al-Bashir assentam que nem uma luva no cowboy do Texas ex-Presidente amaricano (com “a”).
Vamos lá então arrumar com esta questão de uma vez por todas.
A notícia mais importante do dia 8 de Setembro do Ano da Graça de 2006 apesar de relacionada com George Bush e com a sua administração, não era que ainda faltavam 865 dias para o W se ir embora. Curiosamente, ou nem por isso, ainda se mantém actual.