"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os franceses falaram nos arménios e os turcos responderam comos argelinos. A seguir os franceses vão falar nos curdos e os austríacos vêm em auxílio e falam do Império Otomano às portas de Viena. E há-de haver uma altura, certinho como o destino, em que a Palestina vai aparecer ao barulho, sem ninguém perceber porquê, mas por culpa de Israel. E depois vai aparecer um troll qualquer, candidato pelo Partido Republicano à Casa Branca, a dizer qualquer coisa que nem ele nem ninguém percebe, mas que lhe vai render muitos votos. Mexer na merda com uns pauzinhos, vox populi.
[*] O nome de um programa de televisão era eu um puto
Enquanto o ministro Luís Amado finge andar ocupado com as soluções de governabilidade e com a Junta de Salvação Nacional (quantas vidas humanas vale a dívida pública portuguesa?), enquanto Catherine Ashton anda em parte incerta a fingir que é Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros, do outro lado do estreito de Gibraltar:
Evocam-se amanhã os 70 anos do Gueto de Varsóvia e vão aparecer todos em todas as capitais europeias e em Bruxelas, todos muito prenhes de solenidade e todos cheios de memória.
«(…) eram meros esqueletos envoltos em panos, com a pele transformada em couro, queimada pelo sol, frio e vento . Muitas mulheres grávidas, tendo-se tornado insensíveis, haviam deixado seus recém-nascidos na berma da estrada da estrada num protesto contra a humanidade e Deus». (Tradução minha)
Assinala-se hoje o 75.º aniversário do Holodomor ou a Grande Fome de 1932 – 1933 na Ucrânia. Um genocídio onde morreram entre três a seis milhões de pessoas em consequência da fome artificialmente provocada por Estaline e pelo regime dos Sovietes, como represália pela resistência dos ucranianos à colectivização agrícola.
Quando continuam a andar por aí saudosistas do terror estalinista que não têm pudor em classificar o ex-país dos Sovietes como uma convivência exemplar entre povos, é necessário não só não esquecer, mas também lembrar às novas gerações como essa “convivência exemplar” foi construída.
O Knesset (Parlamento de Israel) rejeitou ontem uma moção apresentada por um partido de centro-esquerda, o Meretz, que visava reconhecer genocídio dos arménios pelo Império Otomano em 1915.
A moção apresentada pelo deputado Haim Oron foi rejeitada por 16 votos contra 12.
“É uma dívida que temos para com o povo arménio e em relação a nós próprios.”
Palavras do deputado.
Estimativas apontam para que no genocídio do povo arménio tenham sido mortas pelos turcos cerca de um milhão e meio de pessoas, Ancara contrapõem com 300 mil.
Os números valem o que valem; mesmo que tivesse sido uma só pessoa já era grave.
Estimativas apontam para que no genocídio dos judeus tenham sido mortas pelos nazis cerca de seis milhões de pessoas.
Por esse mundo fora há quem diga que é mentira; são os chamados negacionistas.
Há bem pouco tempo houve uma conferência em Teerão, organizada pelo louco que governa o Irão com o objectivo de negar a existência do Holocausto. Israel – com razão – protestou.
O ditado do dia podia ser: “Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti”; mas, e infelizmente, isto pertence a outro filme, o do Novo Testamento.
Vai fazer um ano, foi aprovado pela Assembleia Nacional francesa um projecto de lei que, criminaliza a negação do genocídio do povo arménio pela Turquia durante a I Guerra Mundial.
Esta semana foi a enterrar em França, Maurice Papon, um dos dois únicos franceses condenados por crimes contra a Humanidade. Papon foi, o alto funcionário do Governo de Vichy em Bordéus entre os anos de 1942/ 1944, e por sua ordem foram enviados para morrerem nas câmaras de gás de Auschwitz 1484 pessoas, incluindo 225 crianças.
Papon foi também condecorado pelo General De Gaulle com a Legião de Honra; a mais alta condecoração atribuída pelo Estado françês.
Papon foi a enterrar envergando a Legião de Honra.