"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A "sovietização do ensino" se calhar não foi a melhor analogia para os saudosistas do regime que nos anos 60 tinha um país a andar de de burro e carroça enquanto os ditos soviéticos metiam homens e mulheres no espaço.
Não é nenhum burro e muito menos um matacão, é licenciado em Direito, com 19 valores, e doutorado em Direito Público, sabe antecipadamente que os projectos que insiste em submeter a discussão serão vetados por manifesta inconstitucionalidade, mas insiste e insiste e insiste e voltará a insistir. O paladino da verdade e da justiça, interprete do sentir do povo, contra a corrupção e a imoralidade. Intruja e charlatão que é joga com a genuína indignação da iliteracia jurídica dos pobres de espírito, aqueles que acreditam piamente naquilo que apregoa. É um jogo jogado em duas frentes, a sua, a do conteúdo para atingir a forma, a dos aios e escudeiros, apenas meia dúzia de degraus acima da turba na capacidade de raciocínio e interpretação, mascarados de intelectualidade no chorrilho de salamaleques de escrita,no ataque à forma para destruírem o conteúdo.
O doutor Gabriel, com obra publicada onde advoga que "O Colonialismo Nunca Existiu" e que "O racismo deixou de existir", eleito deputado pelo partido das manifs "Portugal não é racista", alega não ter chegado a vice-presidente do Parlamento por racismo dos seus pares na hora de ir a votos, aposta do líder que na anterior legislatura propôs que uma deputada eleita fosse "devolvida ao seu país de origem", tudo uma questão de "liberdade de expressão", segundo o doutor deputado eleito, que recusa regressar a Moçambique por preferir ser o Al Jolson ao contrário, que é como quem diz, o idiota útil da extrema-direita, uma força de expressão, nada de "tratar os negros como se tratam os pretos", honi soit qui mal y pense.
"O novo agente parasitário, o jornalista, qual tumor maligno aniquilou a ideia fundadora do contrato social ao ter corrompido gravemente as relações entre o poder e o povo. Não restam dúvidas sobre quem anda a matar os fundamentos da moral social, democracia, funcionalidade das instituições, justiça social, vitalidade das economias, salvaguarda da multiplicidade de identidades sociais e nacionais do mundo ocidental."
Depois de lançada por Cavaco Silva como a next big thing para a liderança do PSD e bem-vinda por Luís Montenegro, porque faz falta, Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças do governo da troika que se escondeu atrás do biombo do Banco de Portugal para fugir às responsabilidades do descalabro que foi a resolução do BES, acusa a esquerda de não assumir a responsabilidade de nada, na apresentação do livro de Gabriel Mithá Ribeiro, um dos escribas do jornal da direita radical tuga, Observador, que abre com uma dedicatória a Donald Trump, Jair Bolsonaro, Nova Direita e Povo de Israel e que na introdução enaltece a "profunda revitalização intelectual" levada a cabo por Steve Bannon, Jordan Peterson, Olavo de Carvalho, Roger Scruton ou Dinesh D' Souza, que rompeu "o cerco que trava a socialização da liberdade de expressão". Para os mais esquecidos este/ isto é o partido que pariu André Ventura, com a bênção de Pedro Passos Coelho, também presente no evento e que recebeu um agradecimento especial da parte do autor.