"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O Passos Coelho, 'maria-vai-com-as-outras', que andou convidado por congressos da UEC [União dos Estudantes Comunistas] fascinado com "a grande marcha" do "Avante com a Reforma Agrária!" e das "Nacionalizações e Controlo Operário!", uma "coisa muito grande que ia mudar o mundo" é o mesmo Passos Coelho, 'maria-vai-com-as-outras', doutrinado por Miguéis Morgados, Brunos Maçães e ilhas adjacentes, que acham que a revolução comunista do 25 de Abril foi uma espécie de "obstáculo epistemológico" ao glorioso liberalismo que sucederia à primavera marcelista, a evolução na continuidade ao saudoso velho de Santa Comba, austero, que disciplinou as finanças públicas e que não vivia acima das suas possibilidades. Deu-se o corte e tudo o resto foi socialismo – a melhoria das condições de vida das populações, alfabetização, serviço nacional de saúde, escolaridade e ensino superior, saneamento básico, mortalidade infantil, a democracia, muito mais que uma chatice é um entrave ao crescimento económico e ao livre empreendedorismo. Até 2011, ano em que o maria-vai-com-as-outras, que tem um desígnio a cumprir na passagem pela vida terrena, ungido pela troika, apareceu para reescrever o passado e corrigir os ventos da história, uma coisa muito grande que ia mudar o mundo a partir de Portugal, bruscamente interrompida em 2015, ano do regresso do comunismo, de volta aos tempos em que o 'maria-vai-com-as-outras' ia como convidado ao congresso da UEC, que já não existe, paz à sua alma, a paz que Passos Coelho não tem, de pin na lapela na perseguição ao seu desígnio terreno.
Pedro Passos Coelho que, nos intervalos da cruzada ideológica para "tirar o peso do Estado da economia", tinha uma empresa a meias com a alma gémea Miguel Relvas, que se dedicava, entre outras, a formar técnicos de aeródromos, a expensas dos fundos comunitários, para aeródromos que não existiam nem que fosse previsto alguma vez virem a existir, e que, nos intervalos da cruzada ideológica contra a subsídio dependência e contra as gorduras das fundações e de contra €1 mal gasto, ainda arranjou tempo para fundar uma ONG, a meias com Marques Mendes, Ângelo Correia, Vasco Rato, e mais tralha cavaquista, para obter do Fundo Social Europeu e da Segurança Social financiamentos destinados a projectos de cooperação que «interessassem à empresa Tecnoforma», a dos "aeródromos", Pedro Passos Coelho que, nos intervalos de ser primeiro-ministro e na cruzada ideológica pela tansparência e pela boa governação e pela meritocracia e para dar continuidade ao bom trabalho desenvolvido por Rui Machete na obtenção de fundos dos amAricanos, nomeia Vasco Rato para presidente da FLAD. Vasco Rato, o do Centro Português para a Cooperação, da "Tecnoforma".
Até porque nem interessa nada para a opinião pública saber [nem sequer há relação nenhuma] o que é que os governantes andaram a fazer no intervalo preenchido entre desocuparem cargos públicos e ocuparem cargos e públicos, ocupado em funções privadas, cujo relatório e contas, coluna "Deve", é para ser depois nacionalizado pelo Estado, que temporariamente administram antes e depois da passagem pelo privado, e suportado com dinheiros públicos.
E até porque quando se "candidatam" a cargos no privado omitem no currículo a sua passagem pelos cargos públicos, e nem sequer foi devido a essa passagem pelo público que deram o salto para o privado. Nada disso. Foi pelos seus lindos olhos, no anonimato privado, à sombra do dinheiro público.