"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E não podíamos processar quem espoliou o património natural e ambiental, comum a todos, para benefício de meia dúzia, por isso mesmo, pela espoliação? Poder podíamos, mas não era a mesma coisa.
Fosse um sindicato da CGTP, um sindicato fato-macaco, e há já muito que o “problema” estava assinalado nos media através duma orquestrada campanha massiva de descredibilização, independentemente da(s) razão(ões) que lhe pudessem assistir. O “problema” (se assim lhe podemos chamar), é ser um sindicato fato e gravata, do “arco do poder”, com muuuuuito “sentido de Estado” e sem agenda escondida. Vamos lá chamar os boys pelos nomes.
Irresponsabilidade é usar os sindicatos e manipular as massas para conseguir, através da agitação social nas ruas e nas empresas, aquilo que não se conseguiu nas urnas, vulgo usar “com fins políticos”.
Responsabilidade (e sentido de Estado) é a originalidade de inventar um sindicato para um orgão de soberania e usá-lo para pressionar e condicionar a acção do Governo através da Justiça de través, vulgo conseguir pela “Lei” e o que não se conseguiu pela Grei.
Por que cargas de água é que num rectângulo com 92 090 km² se foi escolher precisamente uma Zona de Protecção Especial numa Reserva Natural do estuário de um rio para construir um centro comercial?
Se esta explicação simples tivesse alguma vez sido dada aos cidadãos talvez o resto não tivesse vindo por acrescémio.
Ontem, e a propósito dos arguidos em branco e arguidos em Preto e fazendo uma distinção entre arguidos “bons” e arguidos “maus”, Dona Manela deixou cair que espera que a polémica em torno da constituição das listras do PSD não seja «um pretexto para esquecer os problemas nacionais", como o caso do Eurojust, que envolve o procurador Lopes da Mota». O PSD, que já por várias vezes e pela boca de vários dirigentes, deixou claro que não tem candidatos Vitais, e não vai andar para aí a badalar “roubalheiras”, não fala no Freeport e em José Sócrates, mas vai falando no Eurojust e em Lopes da Mota fazendo figas na máxima popular de que “para bom entendedor meia palavra basta”, e deixando indicações de que o que aí vem é uma campanha slogan BES: “Já falaste com o teu Banco? Não falei com o teu”.
Também ontem, o mandatário da candidatura do PS à Câmara de Lisboa manifestou o desejo de que a campanha autárquica seja «civilizada, do século XXI». Autárquicas são autárquicas e legislativas outra coisa distinta, mas, e se não for pedir muito, façam um favor ao povo: calem-se de uma vez por todas e discutam o país, as cidades, a política, ou deixem-se de mariquices e abram definitivamente a boca e deitem cá para fora toda a manha e trafulhice de um quartel de Democracia, para, no mínimo, (re)começarmos do “ground zero”.
Em 48 horas: uma trapalhada, duas trapalhadas, três trapalhadas. Na ressaca de uma derrota eleitoral e a 3 meses de Verão das Legislativas.
Socorrendo-me da teoria das letras usada pelos economistas para diagnosticar / explicar a crise, a vertigem da descida deste Governo deste PS, vai ser em U em V ou em L? Com 3 – três – 3 meses de Verão pelo meio.
Totalmente de acordo. No entanto voltamos à “estaca zero”: por que razão(ões) num país com uma área total de 92.391 km² se escolhe para edificar um mega centro comercial uma área de paisagem protegida?
E com ou sem Joker, este é um esclarecimento que o Batman nunca deu.
Mas a velocidade vertiginosa com que novos dados vão surgindo, as sucessivas declarações dos intervenientes, e o surgimento de sucessivos novos intervenientes, ou começam a causar rombos na minha convicção ou empurram-me para uma alternativa/ resposta ainda mais grave e mais temível: o Câncer Man existe. E o que eu quero ainda menos pensar é que o estado do Governo e do Estado é decidido na sombra. Na sombra negra.
Faço minhas as palavras de Henrique Monteiro no Expresso: «É intolerável os cidadãos permitirem o arquivamento do caso. Por favor, não o façam!»