"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Dia 20 entram as férias de Natal, o país fica a meio gás e até os transportes públicos entram em regime especial, o chamado “horário não escolar”. Já começou o rodopio consumista do Natal e Ano Novo e vão começar as dispensas de serviço, as mini férias, as tolerâncias de ponto, as faltas "justificadas" e, os excelentíssimos candidatos presidenciais, ao contrário do que seria espectável – debates televisivos em Janeiro, barafustam pelos frente-a-frente exactamente na silly season de Inverno, para entrar por um ouvido do eleitorado e sair pelo outro. Ou querem fazer um favor a Cavaco Silva ou estão com medo dele….
E se se deixassem de merdas e se preocupassem em fazer a pré-campanha?
O PCP, para quem a autodeterminação e a independência é um direito dos povos,
a) Excepto na China,
b) Excepto nas ex-repúblicas soviéticas ou países do antigo Bloco de Leste,
c) Todos os casos omissos que não caibam nas alíneas anteriores,
e que justifica a ocupação do Tibete pela China com o argumento de ser o Dalai Lama um senhor feudal e o seu regime uma teocracia e o povo viver na escravatura, vem pela boca do seu candidato presidencial, envergonhadamente, defender a monarquia totalitária norte-coreana, argumentando genialmente que «Os povos orientais têm culturas muito deferentes das nossas (..)», como se a Liberdade, a Democracia e os Direitos Humanos fossem valores feitos por medida e não universais.
(Imagem Tatsumi Hijikata, Shizukana le, 1973, Photograph by Makoto Onozuka)