Estas coisas não se inventam, capítulo II
Um secretário de estado de Pedro Passos Coelho resolve perorar sobre "mentira".
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Um secretário de estado de Pedro Passos Coelho resolve perorar sobre "mentira".
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Um secretário de Estado do Governo da direita radical a fazer a apologia de um inimigo da cobrança excessiva de impostos e de um crítico do capitalismo e da ideologia do crescimento infinito. E agora ninguém se ri, Henry David Thoreau por Francisco José Viegas.
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Interpretações cirúrgicas, e por medida, da Lei, mais uma questão ideológica, óbvia, que não se esconde, tudo pesado na balança do interesse público, com o fiel do interesse privado. Direita e cultura não rima. A menos que tilinte.
[Hanns Johst na imagem]
Nos intervalos de escrever romances policiais e de insultar todos os que não gostam de azul, o senhor ex-secretário de Estado da Kultura teve um programa, na TVI de Miguel Pais do Amaral [ele há com cada coisa…], intitulado "Nada de Cultura", [ele há com cada coisa…], e foi paineleiro, também na TVI, do programa [ele há com cada coisa…] "A Torto e a Direito".
Nada de cultura, a torto e a direito, o 4.º Conde de Alferrarede agradece. Ele há com cada coisa…
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Felizmente que os portugueses novos emigrantes não fogem da miséria como no passado, fogem só do final do mês e das contas para pagar e da comida que não há para pôr na mesa dos filhos e da escola e da educação que não lhes podem dar. Ou então nem sequer fogem, saem só porque lhes apeteceu, porque sim. Esses madraços. E como são todos fluentes em línguas, chegam a falar alemão, inglês ou francês aos países de destino e têm logo uma vida fácil nas terras do leite e do mel. Ah, e há o Erasmus… Os portugueses novos emigrantes saem para fazer o Erasmus, saem porque fizeram o Erasmus. Saem de Esrasmus debaixo do braço para a indústria hoteleira na Suíça, para a recolha do lixo na Alemanha, para a construção civil no Benelux e em França, e para mulheres-a-dias onde elas fazem falta. Tal como Miguel Relvas, em Abril do ano passado no programa "5 para a meia-noite", o escritor de romances policias Viegas também já ouviu falar do Erasmus, essa espécie de Interrail do saber e do conhecimento, uma Queima das Fitas em movimento por essa Europa fora. Se calhar foi o ministro da Propaganda que lhe falou da filha…
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O escrutínio dos governantes e da governação é uma chatice. Era bem melhor, e mais fácil, quando "nós" o fazíamos aos "outros". Com ou sem vírgulas.
[Imagem Anthony Burrill]
E porque é que fico com a sensação de que vai sobrar para o bolso dos 7 Anões, perdão, para o bolso do contribuinte e para salas com 5 Illuminati espe[c]tadores por sessão, fiéis leitores seguidores das Brancas de Neve que escrevem redacções sobre a 7.ª Arte na "imprensa de referência"?
«Plataforma do Cinema elogia projecto de lei da SEC»
Parafraseando João César Monteiro "quero que se fodam, pára há grafo, e assim sucessivamente".
[Na imagem, Quadrado Negro sobre Branco, Kazimir Malevitch, 1913, uma graaaaande obra de arte que serviu de inspiração a João César Monteiro para realizar uma não menos maaaaaior obra de arte do cinema português]
"Acharam que vestiria a pele de estalinista" diz o senhor Francisco da Cultura. E podia vir com ponto de interrogação que ia dar no mesmo. Diz o senhor Nuno da Educação que "É necessário concentrar nas disciplinas essenciais". E podia vir com um "achamos que" antes do verbo ser que ia dar no mesmo. E quem é que achava o que era ou o que não era essencial? Obviamente o senhor José. Ou o senhor António.
Sejamos directos: vai vir merda grossa. Ler e contar e saber quem foi o primeiro rei de Portugal, e se calhar trabalhos manuais. A baixa qualificação tem de incluir o saber trabalhar com uma goiva e uma agulha para fazer sapatos em S. João da Madeira. A filosofia e as artes estimulam o espírito critico e ter gente, muita gente a pensar, muito nunca deu bom resultado. O princípio é o mesmo que se aplica à economia, não é trabalhar melhor, é trabalhar mais horas. Não é estudar melhor, é aumentar a carga horária.
E sempre fomos muito dados a deixar que os outros achassem por nós. E é o que vai valendo. E agora todos encarneirados de braços no ar e com o isqueiro acesso a cantar o "Ai Timor" do Luís Represas. É preciso unir o povo à roda de um grande desígnio nacional.
Uma besta é uma besta é uma besta
[Imagem ¿Reírse de los nazis...?]
Adenda: Mesmo em inglês, um palerma é um palerma é um palerma
Cargo: Motorista
Idade: 21 Anos
Vencimento mensal bruto: 1.866,73€
Um potencial espectador da Rede Nacional de Teatros e Cine-Teatros.
[Conferir as restantes nomeações]
(ImagemSeptember 25, 1923, Brigadier General William Mitchell inWashington, D.C. National Photo Co. Collection)
E basta ver de cada vez que toca [na avenida, no largo, na romaria] uma banda rock, uma orquestra filarmónica, um cantor pimba, umas marchas populares, um festival de teatro, or else, que o povo acorre. Em massa. É de graça, um pormenor. Ninguém gasta dinheiro em cultura e/ ou espectáculos se não lhe sobra das contas do mês.
E depois há o gang sindicato do subsídio, outro pormenor. Receber dinheiro público para produzir espectáculos aos quais o público não adere. Malgré as barragens massivas de bajulação críticas de excelência nos jornais e revistas, mais ou menos da especialidade. O povo não tem dinheiro para ler jornais, mais outro pormenor.
O povo é inculto porque sempre consumiu a rasquice que lhe põem na gamela, dizem. O mesmo povo que dá e tira maiorias parlamentares a quem dá e tira subsídios à cultura.
(Imagem Karlheinz Stockhausen, via AP)