"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Francisco Assis que, faz hoje exactamente 8 anos, já era mais velho que Mário Soares e que, três anos passados, se aproximava a passos largos do título "Matusalém da Política", aquele que nunca percebeu que o seu partido era o PSD, aparece a defender uma coligação de Governo com o CDS da luta contra o Rendimento Mínimo Garantido, com o CDS do fim do salário mínimo e da progressividade do sistema fiscal, com o CDS da redução, no valor e no tempo, do subsídio de desemprego, com o CDS da retirada de competências às funções sociais do Estado e entrega aos privados e à Igreja Católica, com o CDS contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, com o CDS contra a educação sexual nas escolas, com o CDS contra a procriação medicamente assistida, com o CDS contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com o CDS da ameaça do envio do diploma da co-adopção para o Tribunal Constitucional, com o CDS... vem agora, com os bolsos das calças e do blazer cheios de bolas de naftalina, afiançar que "a 'Geringonça' é como os iogurtes, tem um prazo e validade", o que, não deixando de ser uma lapaliçada, dito por ele soa a euforia wishful thinking do "ó tempo volta para trás".
Francisco Assis, o verdadeiro socialista de esquerda, que ficou para a história pelo desabafo "qualquer dia querem que o presidente do Grupo Parlamentar do PS ande de Clio, quando se desloca em funções oficiais", curiosamente o mesmo princípio defendido pela senhora presidente da associação Raríssimas que se deslocava em BMW a expensas do contribuinte - o estatuto e a dignidade do cargo, o que é que os outros pensam das nossas gravatas [ou da falta delas] e se nos deslocarmos num qualquer chaço velho?
Francisco Assis, o verdadeiro socialista de esquerda e escudeiro da honra do Partido Socialista e impermeabilizador do PS, contra os negócios e interesses corporizados em António Costa, como acusou o líder do Partido Socialista, que Francisco Assis apoiou contra António Costa, da 'Geringonça' com o Bloco de Esquerda, acusado pelo Bloco de Esquerda de ser permeável ao poder económico.
Francisco Assis, a ele ninguém o cala, sobretudo se o pretexto da defesa da honra do Partido Socialista for um bom pretexto para atacar o líder do Partido Socialista, fazer prova de vida e um frete à direita.
Os partidos são formados por pessoas, e dentro dos partidos há pessoas mais pessoas que as pessoas, e depois, de xis em xis tempo, há os congressos onde as pessoas, que são mais pessoas que as pessoas, vão repetir o que andaram a dizer nas tribunas que os jornais, as rádios e as televisões lhes disponibilizaram nos 365 dias do ano que antecederam o congresso, na maior parte das vezes tribunas pagas, e bem pagas, a pretexto de comentário político. E é por estas que no dias das eleições 50% dos eleitores preferem ir até à praia mesmo quando está dia de chuva.
Depois do maior ataque ao Estado social de que há memória em 40 anos de democracia, perpetrado em quatro anos de Governo da direita radical, depois de todos os retrocesso na saúde, na educação, na justiça, em direitos e garantias, o extremismo e o radicalismo, à direita, continua a ser "centro-direita":
Na primeira quinta-feira pensei que fosse coincidência mas na segunda quinta foi assim e na terceira quinta foi assim e é assim todas as quintas no Público on-line, Assis e o contraditório ou Tavares e o contraditório ou Assis na twillight zone ou Tavares na twillight zone.
O homem que gastou o último mês da sua vida a arregimentar tropas numa cruzada contra um Governo do Partido Socialista suportado por uma maioria de esquerda no Parlamento.
«O eurodeputado socialista Francisco Assis defendeu hoje que só a candidata à presidência Maria de Belém pode unir toda a esquerda [...]»
Carlos Zorrinho chega atrasado ao Conselho Nacional do PS porque "boa noite, vim agora de um programa televisivo", que isto de ganhar a vida custa a todos, e cruza-se nas escadas com Francisco Assis com quem troca umas breves palavras e que sai mais cedo do Conselho Nacional do PS porque "eu tenho que me ausentar mas ainda espero voltar, tenho um programa eh eh [sic] na televisão e tenho de ir para lá", que isto de governar a vida custa a todos.
Se os próprios conselheiros nacionais não têm respeito pelo partido quem é que vai ter?
O Partido Socialista com uma derrota estrondosa no dia em que a aliança de direita do governo de 3 anos de direita teve uma derrota histórica. Se não tiveres nojo bebe.