A Santa Aliança (versão insular)
Pela voz de Gabriel Drumond do PSD Madeira, ficámos todos a saber que Cavaco Silva não devia ter promulgado a Lei das Finanças Regionais por uma questão de dívida política para com o povo madeirense (o que quer que isso signifique), pelo contributo decisivo dado na sua eleição para Presidente da República.
Mas expoente máximo do desnorte que ataca o PSD e, o da Madeira em particular, entra rapidamente em flagrante contradição:
“Um país que tem um Presidente da República que não se quer incomodar em dirimir conflitos para não ameaçar o status quo ou a sua reeleição (…).”
Então em que é que ficamos? A Madeira teve ou não teve um papel decisivo na eleição de Cavaco Silva? Pelos vistos não o teve, uma vez que, e segundo Gabriel Drumond, Cavaco Silva aprovou a Lei por estar preocupado com a sua reeleição…
O insólito neste acto de promulgação da Lei das Finanças Regionais, não é a argumentação e a linguagem usada – já todos estamos mais ou menos habituados via Alberto João – é a reacção PSD-PC-BE sob a forma de coligação espontânea e debaixo do mesmo guarda-chuva autonómico.
O Bloco apresentou ontem na Assembleia Regional um voto de protesto contra a promulgação da Lei:
“Opção do Presidente da República contra a Madeira”
Paulo Martins, Bloco de Esquerda
O PC, a quem Cavaco Silva nestas coisas de eleições é insuspeito de dever favores; na Assembleia Regional e pela voz de Leonel Nunes:
“Teve o voto popular, por isso deveria seguir a vontade do povo e não decidir ao sabor do TC.”
Depois de em Dezembro passado Coito Pita (estranho nome…) ter ressuscitado o fantasma do separatismo, suspeitas que sempre foram as ligações de Drumond aos separatistas da FLAMA, havendo alguns velhos ex-Brigadas Revolucionárias a militar no Bloco e, com a experiência adquirida pelo PC na extinta ARA; iremos assistir ao nascimento de uma Sierra Maestra na ilha?