"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O PSD acusou na passada semana o Governo de não conviver bem com o combate a corrupção. O Governo e o PS não responderam…
Entretanto em Lisboa a Câmara PSD aprova um loteamento que nunca o irá ser, e que além disso e por mais isso, implica que alguém venha a receber um Jackpot do erário público. Estamos a falar do mesmo?
José Sócrates acusa o PC de falta de democracia interna a propósito do caso das substituições dos deputados; entretanto em Lisboa o PS tenta substituir o vereador municipal Gaioso Ribeiro, por se ter insurgido contra as baldas de Carrilho. Estamos a fala do mesmo?
O PC argumenta que um dos motivos para a substituição dos deputados, prende-se com o rejuvenescimento da bancada parlamentar. Tão jovem que um deputado (Bernardino Soares), afirmou que a Coreia do Norte era uma Democracia. Ignorância, num partido histórico da resistência, de quem nunca viveu em ditadura?
Será ilusão minha, ou o mais velho da bancada nunca será substituído?
O Expresso continua a martelar na campanha para a salvação da “Festa da Musica”, ignorando deliberadamente que o modelo original francês era pago por mecenas privados. Continuamos à espera que o dr. Balsemão dê o primeiro exemplo que possa contribuir por arrastamento a outros; disponibilize uns euritos para a festa…
Esta semana cabe a vez a Sérgio Godinho opinar. Não se comprometeu demasiadamente. Indagado sobre o fim da Festa, foi um “nim” a resposta. Aceita-se, de quem nunca recebeu subsídios ao longo da vida para chegar onde chegou.
Um segurança pessoal de Cavaco Silva foi apanhado no Jumbo de Almada a trocar o preço da comida para gatos. Feita a participação à direcção da PSP, foi suspenso por 90 dias. A medida disciplinar revoltou os colegas, alegando que o sujeito em questão, está há mais de 20 anos na polícia e nunca tivera nenhuma participação. Tem gatos há pouco tempo, ou em 20 anos tantas vezes foi o cântaro à fonte…
Pinochet está a “bater a bota”. Em carta lida pela sua mulher aos seus apoiantes, diz: “Não guardo rancor a ninguém”.
Entre (calcula-se) 2 500 a 3 mil mortos e desaparecidos durante a sua ditadura, sem contar com os torturados, seviciados e violentados, haverão alguns rancores guardados, ou o “mítico” desempenho económico do país durante a ditadura serve de medida compensatória?
Seria interessante ouvir o que tinha Milton Friedman a dizer sobre isto, mas esse também já cá não está…
Correndo o risco de ser politicamente incorrecto, estou de acordo com o fim da “Festa da Musica”. E nem sequer vou entrar pela questão da subsdio-dependencia tão na agenda politica nacional.
Poder-se-iam pedir a Isabel Pires de Lima explicações do porquê, mas sendo a Ministra da Cultura uma das “bête noire” deste governo, por mais claros e honestos que fossem os argumentos, temo que seriam uma espécie de “Sermão aos Peixes” nos ouvidos dos opinion makers do Condado.
No entanto algumas pistas foram e são deliberadamente ignoradas.
Em entrevista ao “Expresso” de sábado passado, Isabel Pires de Lima, apesar da decisão de acabar com o evento não ser sua e de sublinhar que o Ministério por si presidido não interferir em questões de programação do CCB, deixa cair: “ (…) um orçamento que não deve ser esgotado em dois terços num período de três dias.”
Não está de parabéns António Mega Ferreira, presidente do Conselho de Administração do CCB, pela gestão da entidade. A decisão de acabar com o evento só foi tomada devido ao garrote orçamental, senão continuava tudo na mesma; vivia-se acima das possibilidades, subvertendo a ideia original (à portuguesa) da iniciativa importada de França, que é integralmente financiada por mecenas privados.
È caso para dizer, abençoado garrote. Ou recorrendo a uma expressão popular: “Não há dinheiro, não há palhaço!”.
Dois terços de um orçamento duma entidade como o CCB, é muito orçamento para gastar num abrir e fechar de olhos de 3 dias.
Passa pela cabeça de alguém a quantidade de eventos de elevadíssima qualidade, possíveis de organizar ao longo de um ano, com 1, 2 milhões de euros de orçamento que foi o custo da edição de 2006 da “Festa da Musica”?
Acho que até deve passar… Mas convém ter em conta que as cabeças por onde passa, são as que acham natural que continuemos a gastar o que não temos; o Estado paga. O Estado Providência elevado ao seu mais alto expoente!
Ainda no “Expresso”, a propósito do fim da “Festa da Musica”, Duarte Lima: (…) muito contribuiu para levar a grande música à generalidade do público português “.
Ao menos que tenhamos regressado ao tempo de que Lisboa era Portugal e o resto era paisagem…
“À generalidade do público português” ?! 1, 2 milhões de euros?!
Não me recordo de ter havido “Festa da Música” em Setúbal, Évora, Braga, Guarda, etc., etc., etc.
Também não tenho memória de excursões com famílias inteiras que vieram de Bragança, Viana do Castelo, Beja ou Vila Real de Santo António ao CCB para assistir ao evento…
No entretanto, o mesmo semanário lança uma cruzada “Vamos salvar a Festa da Musica!” (no melhor pano cai a nódoa…) que consiste em ouvir a opinião de proeminentes personalidades da vida portuguesa (!). Obviamente todos contra o fim da Festa.
Mais interessante seria o Sr. Balsemão começar já, por disponibilizar uns euritos para a festa, dos lucros das suas empresas do ramo da comunicação social, e com esse exemplo tentar converter outros à causa.