Livros contra a barbárie
Cartaz da Feira do Livro de Kyiv.
[Link na imagem]
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Cartaz da Feira do Livro de Kyiv.
[Link na imagem]
Marcelo foi à Feira do Livro de Lisboa fazer que via livros para dizer coisas ou dizer coisas a fazer que via livros, tanto faz, podia ter sido a Feira do Pão, Queijo e Vinho em Azeitão ou a Feira da Bagageira num sítio qualquer. Que tem dado prioridade à guerra e coise, que não tem mais nada a acrescentar àquilo que já disse, que quando tiver alguma coisa a dizer, diz, ou seja, já daqui a minutos, que vai convocar um Conselho de Estado para daqui a dois meses, quando o pagode estiver a banhos de Verão, o enésimo Conselho de Estado convocado desde que é Presidente da República, como se o Conselho de Estado tivesse um papel determinante na governação do país, como se Marcelo fosse Macron, nesta construção criativa dos poderes do Presidente da República. Quem chegasse da Lua e desse com isto pensava, "é pá, sim senhor, temos aqui um Presidente e peras". E falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e volta e meio pontuava o monólogo com um sorriso de orelha a orelha, "já viram como sou genial e muito mais inteligente que vocês, jornaleiros investidos de jornalistas?", pensava. E no meio daquela floresta de microfones, telemóveis e gravadores de som empunhados por jornalistas da Farinha Amparo há uma voz feminina que não uma, não duas, mas três vezes tenta perguntar uma merda qualquer a Marcelo antecedida de um "senhor primeiro-ministro". "Mission accomplished". Era a esta dimensão que Marcelo queria chegar, vai ao âmago dos totós com a cumplicidade ignorante dos palermas.
["Já sabem que eu estou aqui? O Ervilha nunca falha!", era o pregão do senhor na imagem, que em Setúbal vendia castanhas no Inverno e gelados no Verão, confeccionados com a água da Fonte do Quebedo, onde as mulas e os burros dos estafetas bebiam, antes de haver DHL e o caralho]
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", fez figura de __________ na inauguração da feira do livro no Porto, interpelado por uma cidadã a filmar-se para ser filmada - no futuro todos vão querer os seus 15 minutos de anonimato, enquanto gastava os seus 15 minutos de fama num ror de lamurias, com mentiras à la Chega à mistura - o não aumento do salário mínimo nacional que foi aumentado pela primeira vez em muitos anos durante os anos da 'geringonça'.
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", fez figura de __________ na inauguração da feira do livro no Porto; Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", foi apanhado desprevenido, ou Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", que inventa menus de degustação com sopas de nome franciu, fez figura de ___________ consciente da figura de ___________ que estava a fazer?
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", e a vida negra que António Costa vai ter no segundo mandato de Marcelo, como "supremo magistrado da Nação", e os sapos que vai ter engolir todos os dias com o apelo ao voto que fez.
[Imagem]
Bicha, que "fila" é paneleirice brasileira, na Feira do Livro ao Parque Eduardo VII em Lisboa, para tirar selfie com Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa. O título do post é uma pergunta retórica.
[Imagens fanadas no Twitter]
Ou, como disse uma vez José Saramago, «para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo».
[Imagem]
Adenda: O Homem Pequenino não existe na obra de José Saramago mas podia muito bem existir, ser uma sequela de O Homem Duplicado, e abordar também questões ligadas à identidade e à falta dela.
Podia ser uma paisagem idílica do Portugal rural dos pequeninos - «O primeiro-ministro foi esta tarde à Feira do Livro de Lisboa com a mulher, numa visita que se pretendia particular e informal» - pintada em tons sépia, assim houvesse Instagram aplicado às câmaras das televisões nas reportagens dos telejornais, e às objectivas dos fotojornalistas – «Deteve-se demoradamente nos pavilhões e comprou livros».
«O passeio foi quase perfeito até aos últimos 20 minutos» - não se desse o facto de o SIS ter deixado de fazer clipping - «quando algumas dezenas de indignados […] o vaiaram exibindo cartazes» - coisa verdadeiramente surpreendente em 38 anos de Democracia, e obrigando uma força policial a «sair do nada», para surpresa de todos, jornalistas incluídos.
"Os homens nascem sem alma", foi o primeiro título a chamar a atenção de Passos Coelho. E aos jornalistas, chamou a atenção?
Vómito.
[Na imagem "Whores", autor desconhecido]