"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ver Cristiano Ronaldo, valorizado no estrangeiro [Inglaterra e Espanha], na Gala da Federação Portuguesa de Futebol a fazer discurso contra valorização dos jogadores estrangeiros em Portugal. É por causa de palermas destes que os Andrés Venturas desta vida triunfam. [E a propósito do futsal ainda rematou com o quão difícil é um português ser português em Espanha, as "tribulations" de um jogador tuga num balneário em Madrid. Como não joga sozinho, o futebol é um jogo de 11, alguém que lhe faça um desenho. A mãe, por exemplo, mê rique menine]
Toda a gente sabe que quando os portugueses querem mandar alguém para o pai dos povos usam o dedo do meio e nunca o dedo indicador e Raul Meireles, apesar do aspecto de betinho de Brixton, não é bife é tuga. Já Pepe foi segredar "tu não vales nada" ao ouvido do boche, o árbitro é que interpretou mal.
Luisão joga com o n.º 3 nas costas e "filho da puta" no Porto é um tratamento carinhoso entre camaradas. Quem o disse foi Pinto da Costa que é amigo de Carlos Queiroz e que pode ser maluco mas não é estúpido ao ponto de o pôr a tomar conta do plantel Andrade.
Só uma Federação governada por perfeitos idiotas faz a convocatória para os dois primeiros jogos de apuramento para o Mundial 2014 no mesmo dia e à mesma hora do sorteio para a Liga Europa, obrigando as televisões a optar por uma transmissão, ou a transmitir as duas em simultâneo, com prejuízo para ambas e para o espectador, seguida do habitual momento penoso, aaa… as declarações de, de, de Paulo aaa… Bento aaa.
Não fora o Pinto da Costa (tricampeão das derrotas autárquicas pelo PS) deter “acções douradas” na Federação Portuguesa de Futebol e podiam(os) bem dispensar a formalidade das eleições.
É o estertor do poderio das Associações Distritais de Futebol iniciado nos idos da célebre trilogia Pintista, com o testa de ferro Adriano Pinto à cabeça, e da trilogia associativista – Porto, Braga e Aveiro –, das descidas cirúrgicas de divisão e dos alargamentos também cirúrgicos de divisões, na divisão do país entre bons e maus/ Norte e Sul, das manobras de bastidores pelo controlo do Conselho de Arbitragem, dos cozinhados nos bastidores, tudo escudado e justificado com a “fórmula simples” do “mais clubes mais votos”, e que havia de ficar para a história como "O Sistema".
Em dia de defenestração, e 370 anos depois, Portugal aparece aos olhos da comunidade internacional como mais uma província de Espanha. Organização conjunta implicava haver, pelo menos, o jogo de abertura ou o jogo de encerramento numa das partes organizadoras. União ibérica my ass, mais o Saramago e a Medeiros!
E parece que vai dar dinheiro a rodos. Para quem não sabemos, ou melhor, sabemos até bem demais. Curiosamente, ou nem por isso, não entra nas contas de quem faz contas ao TGV, ao novo aeroporto, aos submarinos e à terceira travessia do Tejo, apesar dos custos/ benefícios (se falarmos unicamente nas movimentações de contas bancárias) serem praticamente os mesmos e para os mesmos.
(Na imagem a Praça dos Restauradores em Lisboa, anos 30/ 40 do século XX)
Que nome se dá a um gestor (Carlos Queiroz) que apresenta um produto com resultados zero ou negativos, de quem os clientes (nós) não gostam do serviço prestado, idem o patrão (FPF) ibidem os colaboradores (jogadores), e que ainda assim não abandona o cargo?
Ontem passou na televisão uma reportagem sobre as moscas e os estádios do Euro 2004 e onde se equacionava a possibilidade de implodir o novel estádio de Aveiro, sorvedouro de dinheiros públicos, e com uma média de 2000 espectadores por jogo, descontando as moscas. Ou seja, sai mais barato pagar a uma empresa para escaqueirar o estádio que o manter como está. Resta saber se a empresa contratada para o destruir será a mesma que foi contratada para o construir, mas isso é a mesma outra estória.
Uma empresa que não rende, apesar da matéria-prima de qualidade; um produto que desvaloriza, num mercado em crescendo; um “conselho de administração” que não responde pelos erros estratégicos cometidos; um gestor (Carlos Queiroz) que não é responsabilizado pelas más opções tomadas, apesar das excelentes condições contratuais e de trabalho; o mercado a fugir debaixo dos pés – literalmente. A solução do costume: «ser obrigada a despedir ou dispensar funcionários»
Não consigo perceber os motivos para tanta indignação e revolta. Este futeboleco da treta é o reflexo do país político desde pelo menos os anos de 1977/ 1978.
Veja-se quem esteve e está à frente das Associações de Futebol e da Federação Portuguesa de Futebol, e muito mais tarde da Liga; quem esteve e está à frente dos clubes; quem esteve e está à frente das Câmaras Municipais e simultaneamente acumula funções directivas nos clubes ou transita de uns para outros como quem vai de fim-de-semana ao Algarve. Até os paineleiros, vulgo comentadores, dos programas desportivos.
Entre deputados, ex-deputados e futuros deputados; ex-ministros e ex-secretários de Estado e futuros ministros e futuros secretários de Estado, exactamente os mesmos que gerem os destinos do país desde há 30 anos a esta parte e a que se convencionou chamar de Bloco Central.