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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Portugal Ressuscitado

por josé simões, em 25.04.08

 

Estava para ali a praticar um dos meus desportos favoritos, que consiste em estar de cócoras horas a fio a vasculhar nos meus baús do vinyl (desconfio que, nem que viva 100 anos, vou algum dia conseguir pôr um mínimo de ordem e organização naquela salganhada); e descubro / reencontro esta pérola da arqueologia sonora do PREC.
 
Veio mesmo a calhar para a data em questão: 25 de Abril Sempre; Fascismo Nunca Mais!
 
Portugal Ressuscitado, vinyl 7”
 
Letra de José Carlos Ary dos Santos; Música de Pedro Osório; Vozes do Grupo In-Clave, Fernando Tordo e Tonicha; Edição Zip-Zip (o mítico).
 
Adenda: em 2007, mas que vale também para 2008.
 
 

Os Insurgentes

por josé simões, em 23.02.08

 

Via Atlântico tomei conhecimento de que o O Insurgente foi tomado de assalto. Vamos lá por partes. Como “puta batida” desconfio da coisa. Cheira-me mais a manobra de propaganda. Aquilo não é conversa de esquerdalho nem de okupa. Aquilo é parlapiêt de direita; como a direita pensa que a esquerda raciocina e escreve.   Mas, partindo do princípio que é mesmo verdade, sou eu próprio tomado de assalto por um sentimento ambíguo.
 
O primeiro sentimento. É um enorme sentimento de alegria e satisfação. Sim, sim, não escondo o meu passado de insurgente, no outro lado da barricada. Aliás, não tenho problemas nenhuns com isso. Para mim o O Insurgente é assim como uma espécie de PC ao contrário. As duas faces da mesma moeda. É rara a visita em que não venha de lá “que nem uma barata”. Os gajos são mesmos reaccionários. O PC do avesso. O Jerónimo de fato Armani.
 
O segundo sentimento. Isto é mau. Muito mau. Putos; façam como eu; refinem a subversão e deixem-se de golpes baixos. Eu sei que estão a curtir à brava, mas não sejam Okupas por muito mais tempo. Deixem passar o terceiro aniversário da espelunca, e libertem a casa. Afinal todos temos direito a dizer o que nos vai na alma. É uma das regras do jogo democrático. Mesmo que sejam das maiores barbaridades reaccionárias, como é o caso no O Insurgente.
 
E agora que já escrevi O Insurgente mais vezes do que alguma vez possa ter imaginado, dou por finda a prédica com um: Abaixo o Hayerk! Abaixo o Ron Paul! Abaixo o O Insurgente!
 
(Vou guardar religiosamente o manifesto Okupa, mas, continuo desconfiado de que tudo isto não é mais do que uma manobra dos insurgentes…)
 
 

Dísticos para colar nas viaturas

por josé simões, em 03.11.07

 

“Verde, amarelo e vermelho são as cores do programa Risco Zero para assinalar os bons, médios e maus condutores. Os primeiros têm direito a descontos, os últimos têm de fazer novo exame se querem voltar a usar o dístico verde. Esta é uma proposta de privados que está mesa do Ministério da Administração Interna, mas que seria sempre complementar ao sistema de Carta por Pontos.

O programa pertence a uma empresa de marketing e de inovação, a Peres.n'partners e, segundo António Peres, o mentor da ideia, "é uma discriminação pela positiva", já que os maus condutores não ficam sem carta. Mas os bons já têm contrapartidas, nomeadamente descontos na compra de automóveis, acessórios, combustível, etc.” (Aqui)
 
Há não muito tempo atrás, havia alguns que consoante o dístico usado, podiam ou não comprar coisas em lojas…
 

Não pisar a linha

por josé simões, em 12.10.07

 

Está bem que a Lei é do tempo do Vasco Gonçalves, e que tem de ser cumprida e o coiso e tal. Está bem que se uniformizem e clarifiquem as normas para evitar que situações como esta se voltem a repetir. Mas expliquem-me lá, como se eu fosse muito burro: os figurantes – pagos ou não – que aparecem nas aparições de Sócrates (isto é o efeito Fátima), sempre dispostos ao aperto de mão e ao beijinho, também podem ser considerados como manifestação ilegal, ou o termo só é aplicável aos que aparecem para protestar?
 
(Foto via La Repubblica)
Adenda: Relatório do MAI aqui, e despacho do IGAI sobre o relatório aqui.

"A Festa da Democracia" (IV)

por josé simões, em 09.10.07

  Eu bem que tinha escrito aqui – e que tenha tido conhecimento, só mais outra referência na blogosfera, aqui – mas ninguém passou cartucho à coisa, embasbacados que andavam a interpretar as palavras do Presidente no 5 de Outubro, como se aquilo fosse passível de alguma interpretação…

 
Atenção! Muita atenção! Não confundir os professores com os sindicatos! Disse Sócrates com a maior das naturalidades, e os jornalistas de serviço ao evento enrolaram o microfone e foram para as redacções a pensar no quereria dizer o Presidente com aquele discurso “encriptado” sobre a Educação
(Eu também não confundo professores com as agendas e cadernos reivindicativos dos sindicatos, nem com determinadas conotações político-partidárias de alguns sindicatos, o que convenhamos é substancialmente diferente de os confundir com “Os Sindicatos”…)
 
Depois foi em Montemor-o-Velho. Isto são os comunas, que vêm para aqui estragar-me a operação de marketing! Já fizeram com o meu camarada Guterres e agora fazem comigo, vejam lá o desplante! No que antes, e em ocasiões semelhantes, era “A Festa Da Democracia”, passou a ser “Assim Se Vê A Força Do PC!” e “Cuidado Que Vêm Aí Os comunas!”, como se alguém ainda tivesse medo do papão do comunismo… E mais uma vez os jornalista enrolaram os fios dos micros e zarparam para as redacções sem lhes passar pela cabeça perguntar porque razão o PC ou os sindicatos afectos não podem manifestar-se contra o Governo, ou de outra forma, porque é que em eventos destes têm de estar sempre uns cromos ali à mão, para dar a mão ao aperto e a face a uns beijinhos do Primeiro. Terão sido contratados como os alunos no bodo informático do CCB?
(Para quem se anda sempre a queixar que não há oposição ao Governo, o PC agradece o protagonismo e o empurrão).
 
Ontem, mais outra. Dois agentes da PSP à paisana entraram na delegação do Sindicato dos Professores da Região Centro e levaram consigo materiais destinados a uma acção de protesto a propósito da visita de José Sócrates a uma escola na Covilhã. Aguardemos pelos telejornais para ver o que é que os jornalistas vão fazer aos cabos dos microfones…
 
Trinta e três anos depois da revolução de Abril é muito triste ver este modus operandi regressar pelas mãos de um Governo PS. Sim. Porque as polícias não são nenhuma organização ao jeito dos okupas ou dos anarcas anti-globalização, que actuam ao sabor das circunstâncias. São organizações estruturas hierarquicamente. Os dois polícias não apreenderam o material porque sim. Alguém lhes deu as ordens.

A festa da democracia (II)

por josé simões, em 05.07.07

Há muitos, mas mesmo muitos anos, que não participo em acções de protesto, manifestações, comícios, ou outras intervenções similares; a última de que me recordo foi a propósito de Timor. Agora que por eufemismo se denominam “Festas da Democracia” estou a ponderar participar numas quantas. É só uma questão de oportunidade até José Sócrates passar por Setúbal. Não que pense que isso leve a algum lado ou vá resolver alguma coisa. Não. Mas com a secreta esperança que o Comissário Político do PS em Setúbal, perdão, o Governador Civil de Setúbal siga o exemplo do seu congénere de Braga e mande instaurar processos aos manifestantes, perdão, aos foliões da “Festa”.

Carregar no curriculum, via cadastro, detenções e possíveis condenações por acções de protesto contra a deriva autoritária de um Governo, suportado por um partido que se reclama do socialismo, é honroso; quase como que uma medalha de mérito. De fazer inveja a muito bom militante da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, (URAP).

 

Adenda: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais! (a plenos pulmões).

 

Atenção! Attention! Achtung! Fascista à espreita!

por josé simões, em 23.12.06

(…) que na politica, “reino do mal”, como aprendemos com Santo Agostinho e Maquiavel, a razão de Estado, quando se trata da sobrevivência das comunidades e pessoas em situação limite – “mors tua vita mea” – leva os protagonistas a fazer as mesmas coisas: no Chile em 36, fatalmente ia haver confronto, guerra, vítimas de guerra, vítimas colaterais, vencedores e vencidos. Como na Rússia em 1917, na China em 1949, ou em Cuba em 1959. Como em França na Revolução ou nas Guerras Religiosas. Os vencedores sempre reprimem e punem mais que os vencidos e, nos casos citados, pode dizer-se que, a avaliar pelos exemplos dos correligionários, temos legitimas duvidas de qual teria sido o resultado da vitória dos “rojos” no Chile de 73 e em Espanha em 1936. A avalia pelo que fizeram em Espanha nas áreas que controlaram em 36 e o que fizeram e Cuba, desde que tomaram o poder e pelo modo como o exerceram quando não tiveram os Francos e os Pinochets para os parar.”

 

Quem assim fala é Jaime Nogueira Pinto (JNP) na edição de hoje do Expresso, num artigo intitulado “Batalhas do Passado”.

À parte a dedução estúpida de que “os vencedores sempre reprimem e punem mais que os vencidos” – que proponho desde já para o top ten das bacoradas do ano que agora finda – nunca dei noticia de haver vencidos a reprimir e a punir vencedores…

O que o sr. JNP diz é muito grave, por deixar implícita a defesa dos fascismos e dos seus crimes, com todos os dentes que tem na boca.

 

Segundo JNP eram inevitáveis as mortes e os crimes perpetrados por Pinochet e pela sua junta no Chile de 73. E inevitáveis porquê? Segundo JNP está em causa a "sobrevivência das comunidades e pessoas em situação limite". Nos casos específicos citados, Chile, Espanha ou até mesmo Cuba, quais comunidades? Quais as situações limite? No caso chileno talvez a comunidade dos que haviam perdido as eleições... JNP finge ignorar que aconteceu um golpe de estado que derrubou um governo legítimo e democraticamente eleito – Salvador Allende – e passa à frente; no caso de Espanha talvez a comunidade do proto-fascista-desterrado-no-norte-de-àfrica Francisco Franco; no caso de Cuba ilha-bordel-casino antes de Fidel, seria a comunidade dos americanos frequentadores, desde os "ilustres" até aos mafiosos foragidos ao Tio Sam.

 

JNP lança exemplos para desorientar, como a Rússia de 1917, esquecendo a Alemanha de Hitler ou a Itália de Mussolini, porque aí, pelos vistos o factor eleições já conta, ou faz mão de Cuba em 1959, esquecendo Cuba de 1958 e que 90% da culpa de Fidel se ter tornado no que se tornou se deve única e exclusivamente aos americanos que o empurraram para os braços de Krutchev.

 

E tem “legitimas dúvidas de qual teria sido o resultado da vitória dos “rojos” no Chile em 73”, dúvidas que, 3 mil mortos e desaparecidos, outros milhares de torturados, violentados e humilhados por causa de Pinochet, JNP nunca vai poder tirar. Nem ele nem nós.

 

As mesmas dúvidas que JNP tem “ (…) em Espanha em 1936. A avaliar pelo que fizeram (os rojos) nas áreas que controlaram (…)”.

 

Estas dúvidas quer JNP, quer nós, vamos ter de viver com elas.

As dúvidas que não temos são as dos milhares de mortos por Franco, debaixo das lápides do Vale de Los Caídos; ou da autentica lição de história viva que está exposta nas catacumbas / abrigos, escavados na rocha da cidade de Cartagena, onde os seus habitantes viveram durante 2 anos debaixo de intensos bombardeamentos da aviação de Hitler, aliado ideológico de Franco contra o seu próprio povo. Outros dois democratas “anti-rojos” e criadores de dúvidas na mente de JNP.

Para JNP os Francos e os Pinochets são bons e recomendam-se pelo mérito de travarem os rojos.

Para JNP há ditaduras e totalitarismos, fascismos e outros ismos aceitáveis desde que não rimem com comunismos.

 

Parafraseando JNP no mesmo artigo “O tempo, que é um grande mestre (perdoem-me o “cliché”, mas é mesmo…) ensina que um ditador bom é um ditador morto, e JNP cronista / apologista de ditadores – desde que não sejam vermelhos – e seus métodos, já está morto. Ainda não deu por nada.

 

 

Direitas

por josé simões, em 02.10.06

Na sua crónica semanal no "Expresso", Jaime Nogueira Pinto  (JNP) , aborda esta semana o que classifica de "guerra" pela identidade da direita.

Depois de dissertar por todo o espectro politico com assento parlamentar, desde o PS ao PP, passando pelo PC e pelo Bloco e concluir (pasme-se!) o que todo o mundo e mais metade do outro já há muito concluiu, que as fronteiras ideológicas se esbateram, e que existem governos formados por partidos de esquerda que aplicam no plano económico-social politicas de direita e vice-versa. E embalado no raciocinio , JNP termina: "PSD e PS são europeus, atlânticos e pelos vistos, de brandos costumes. Como o PP". (O sublinhado é meu).

Depois avança com o que aí vem de colóquios, compromissos, Estados Gerais, etc. , com vista a uma liderança do "espaço direita", cuja marca na opinião de JNP , se tornou atractiva. (Basta atentar aos resultados eleitorais...). Os parêntesis são meus. E posiciona-se como ideólogo desse espaço e quem sabe, candidato a candidato, avançando com um conjunto de principios balizadores, segundo a sua óptica , e que devem ser tidos em conta.

A ter em atenção:

"Liberdade e Independencia da Nação". Um ponto que figura em todos os programas politico-partidarios , desde a extrema esquerda à extrema direita. Que quer JNP dizer com isto? Vamos tornar ao fantasma espanhol mais a batalha de Aljubarrota e respectiva padeira, nas aulas do ensino primário?

"Cristianismo Social; solidariedade com os mais fracos e vulneráveis". Ou seja, o Catolicismo, Apostólico Romano como religião oficial do Estado. Coitadinhos dos pobrezinhos, tomem lá uma esmolinha ou uma sopinha, mas o respeitinho é muito bonito, nós somos de boas familias e quem nasce para sofrer tem o destino marcado e é mesmo assim, mas terão a compensação de depois da morte fisica se sentarem numa cadeira ao lado do Pai. No entretanto as nossas mulheres ficam entretidas a organizar-vos quermeses e cházinhos da caridade.

"Liberdade na economia, que não atinja os valores enunciados". Protecionismo exacerbado aos grandes grupos económicos (que saudades do tempo em que haviam Mellos e Chapaulimaud e Alfredos da Silva!). Erradicação dessas forças de bloqueio que dão pelo nome de Tribunal de Trabalho, Sindicatos, Concertação Social e Leis do trabalho.

"Uma politica externa que acautele a independencia nacional (...)" Outro ponto que figura em todos os programas politico-partidários. Ou será antes  JNP um saudoso do "pequeninos mas honrados", sózinhos aqui na extrema da Europa, de costas para ela e virados para a nossa vocação colonial além-mar?. Uma vez membros de direito da União Europeia, e fundadores da moeda única, não há meias-tintas, não se está ao mesmo tempo com um pé dentro e outro fora. Passámos também a membros de dever.

"(...) priveligie os espaços que conhecemos, guiada por um "realismo ético" que, sem pôr de parte o ocidente euroamericano, não busque a conversão forçada de outras civilizações, e aspire a um "mundo melhor" só a partir do mundo como ele é". Aqui o caso pia mais fino. O que quer dizer com isto JNP ? Refere-se a futuramente prevista entrada da Turquia na União? Vai começar a agitar o fantasma do Islamismo no Clube dos Cristãos? O que quer dizer JNP quando refere um "mundo melhor só a partir do mundo como ele é"? Está a referir-se ao pós-implosão dos comunismos ou ao pós-derrube dos fascismos?

O problema é que o mundo como ele é, na realidade, é muito diferente de como ele é na cabeça de JNP . O mundo como ele é inclui, entre outros, o aborto, as drogas, os casamentos homosexuais, a Europa, etc. etc. , coisas que ele não tolera, e até  critica a aparente proximidade de pontos de vista entre PS e PSD, e acrescento eu, a Asia, o terrorismo e o Islamismo, daí talvez, (pista minha), o desnorte que vai neste momento na cabeça da direita em Portugal.

O mundo como ele é, não é a preto e branco; é a cores e ao vivo. A realidade é dura, mas é a realidade. Não há volta a dar-lhe.

Ex. mo Senhor Jaime Nogueira Pinto: que pena o Dr. Salazar já ter morrido!