"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Margem sul, Corroios, Seixal, DOC - Denominação de Origem controlada Comunista, sete da manhã, um bando distribui a Folha Nacional do Chega a quem arriba à estação do comboio, numa azáfama de reabastecimento do pasquim por comercial ligeiro estacionado ali mesmo ao lado. E isto sim é a Grande Substituição, não na teoria da conspiração mas na prática. Não se cuidem não.
É "A vitória eleitoral de Wilders explicada aos pequeninos" por José Rentes de Carvalho no seu blogue Tempo Contado. Se agarrarmos em duas gémeas brasileiras, naturalizadas portuguesas em tempo recorde, a receberem tratamento milionário no Serviço Nacional de Saúde com um medicamento de eficácia duvidosa, segundo os especialistas, sem um número de segurança social atribuído, e com cadeiras de rodas eléctricas atribuídas a custarem o que muitas famílias não auferem em salário num ano, temos um dos ingredientes do caldo para a explicação das sondagens que dão a subida vertiginosa do Chega.
Antes do advento das "redes sociais" personagens como Javier Milei ficavam a falar sozinhos na rua, "tadinho, é maluco" ou "dá-lhe o desconto, não sabe o que diz" ou ainda "não tem os cinco alqueires bem medidos". Agora chegam a casa, ligam o computador, arregimentam uma horda de alucinados, vão a votos e ganham eleições. Onde é que se situa a fronteira entre a insanidade e a razão e quem é quem não tem medo disto?
Na primeira página do Il Riformista les beaux esprits se rencontrent em Budapeste, na primeira página do Il Manifesto a ilha de Lampedusa está a rebentar pelas costuras com milhares de migrantes em condições que não aceitamos aceitáveis para animais. Como cantavam os outros nos 80s, "the future's so bright, i gotta wear shades".
"Macron está a fazer um belíssimo trabalho a Le Pen" é o mantra por estes dias nas redes sociais no tugão. Independentemente do subjacente "devíamos ficar todos quietinhos e caladinhos, não protestar nem reivindicar, para a extrema-direita não ganhar expressão", curiosamente o mesmo argumento usado por Cavácuo no auge da escalada dos juros da dívida, evitar o "ruído" para não acordar os "mercados, isto devia envergonhar-v[n]os profundamente, uma vez que a questão devia ser "porque é que é a Le Pen a capitalizar com o Macron e não a esquerda?".
Fazendo o câmbio de francos para escudos, "este Governo PS está a fazer um belíssimo trabalho para o Ventas". E uma vez que o PCP anda perdido por Moscovo enquanto tem os minions nas redes com o discurso radicalizado de que o Livre não é de esquerda nem conta para uma governação à esquerda, porque é que é o Chaga a capitalizar e não o Bloco ou o Livre?
A superioridade moral do "novo" PSD, como se intitulou a tralha passista recauchutada à roda de Luís Montenegro, e rapidamente papagueado por toda a comunicação social, camarada e amiga, não lhe permite dizer "o PS governou com a extrema-esquerda mas nós não vamos governar com a extrema-direita porque temos princípios e somos moralmente superiores". É precisamente o contrário, legitimam a extrema-direita invocando uma pretensa "extrema-esquerda". Sabem muito.
A contar de agora são 5 os anos que faltam para aparecer um candidato democrata capaz de impedir a vitória da extrema-direita não próximas eleições presidenciais. Cinco anos.
A "desnazificação da Ucrânia" pelas mãos de quem interferiu nas eleições americanas para dar vantagem a Trump, manipulou na campanha do Brexit para meter a Inglaterra fora da União Europeia - separar para enfraquecer, financia toda a extrema-direita em solo europeu, de Marine Le Pen a Matteo Salvini, passando por Frauke Petry da alemã AfD ou pelo inglês BNP e o austríaco FPO.
Equivaler um protesto ordeiro de uma associação identificada e legalizada com uma acção de ódio, difamação e insulto gratuito contra a segunda figura do Estado e mulher, por um bando misto de alucinados fugidos de um hospício, negacionistas, e elementos com ligações à extrema-direita e a grupelhos neo-nazis. É a raça deles, nunca falham na legitimação do ódio e da extrema-direita.
[Link na imagem print screen de tweet da conta de Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente do Ilusão Liberal]
Circulam pelas redes os memes do Ilusão Liberal com os ministros de Guterres que transitaram para o Governo de Sócrates para depois transitarem para o Governo de António Costa, uma corja, prontamente papagueados pelos comentadeiros-cartilheiros de serviço nas televisões, antes do fenómeno "redes sociais" denominados opinion makers, e depois citados sem citação pelos pivôs em todas as televisões: a escumalha socialista que meteu o país no buraco, bandidos. Todos. Todos menos um, o bonzo Luís Amado, para todos os efeitos e para o efeito reunião da extrema-direita - Movimento Europa e Liberdade, como "militante socialista". Caído do céu. Sem cadastro. Ainda não há muito tempo a isto chamava-se "idiota útil".
"David Justino, vice-presidente do PSD, não iria à convenção promovida pelo Movimento Europa e Liberdade, da próxima semana, em que participa o Chega. “Só não sei porque não convidam o PNR, já agora! Também era bem-vindo, pelos vistos”, diz, na entrevista PÚBLICO- Rádio Renascença."
"Mas se é verdade que o primeiro-ministro construiu a tal cerca sanitária em torno da direita, temos a direita que não consegue construir uma cerca sanitária em torno da extrema-direita. Logo, e provavelmente, o que António Costa fez foi de alguma sensatez.
"Árabes e Pretos fora!", assim de repente e abaixo de Coimbra, levávamos logo um rombo de 5 milhões de habitantes na população portuguesa; o "Europa aos europeus" é tão somente a falta de educação, a falta de escola, a falta de cultura e o "Portugal aos imbecis".
O movimento que se define como espontâneo, inorgânico, independente de partidos políticos e sindicatos, sem direcção conhecida ou membros filiados identificados, dos que se queixam de nem com gratificados o dinheiro lhes chegar até ao final do mês para pagar as contas e ainda comprar fardas e material de trabalho, aparece uma manif com centenas de t-shirts produzidas e com logo criado e desenhado por profissional, a empunhar faixas todas xpto com dizeres e palavras de ordem impressos "à la partido político", coisa barata ou como se houvesse um poço de petróleo debaixo de uma qualquer esquadra de polícia, enquanto desfila a fazer o símbolo da nova extrema-direita 'amaricana', o polegar em circulo com o indicador, em P de "Power", e a libertar o médio, anelar e mínimo num W de "White", White Power, prontamente adoptado pelos neo-fascistas europeus. Para o que é que serve o Serviço de Informações de Segurança?