"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Estava David Dinis, director adjunto do jornal do militante n.º 1, na televisão do militante n.º 1 a falar sobre o circo mediático em volta da macacoa dada ao chefe do partido da taberna, a apelar ao sentido de responsabilidade das televisões, e é bruscamente interrompido para uma ida em directo até à porta do hospital público onde o taberneiro estava acamado, para dar continuidade ao folhetim. O uso da televisão ansiosa por ser usada.
"Dos fracos não reza a história" cantavam os Heróis do Mar em Brava Dança dos Heróis, ainda o taberneiro não era nascido, num disco todo ele a evocar a estética mui cara às hordas de energúmenos que se revêem nos 50 xungas com assento parlamentar. Aparentemente deixou de funcionar, o "herói" agora é um piegas, um calimero lamechas, constantemente a apelar ao sentimento e à compaixão.
[Na imagem o homónimo primeiro LP dos Heróis do Mar]
A FOX News do PSD - SIC/ SIC Notícias, em formato papel replica a propaganda do ministro da Educação do Governo PSD. Na realidade são mais de 30 mil os alunos sem professores. E o que o padrão nos diz é que de hoje, data da saída do jornal, até à noite do próximo domingo, com a homilia do ex líder do PSD Marques Mendes, todos os telejornais e blocos de noticias da FOX News do PSD vão abrir com "segundo o Expresso". "Segundo o Expresso". Na época das fake news e do pós-verdade está dito, está dito. Já foi um jornal fiável.
No "Altos e Baixos" do jornal do militante n.º 1 aka Expresso é assim que aparece classificado o taberneiro do PS, no alto, a subir. Não há muito mais para dizer. O vómito. Dois vómitos. De quem vomitou, e de quem comeu e regurgitou.
Para ler a explicação do primeiro-ministro em relação às declarações sobre os jornalistas é obrigatório subscrever o jornal do grupo de comunicação social, propriedade do militante n.º 1 do partido do primeiro-ministro, proprietário do canal de televisão onde o primeiro-ministro deu uma entrevista a uma alegada jornalista. Economia circular e "jornalismo tranquilo".
Excessivo em Portugal é o salário mínimo nacional, o subsídio de desemprego - no valor a pagar e na duração temporal, a contratação colectiva de trabalho, as indemnizações a pagar por despedimento, o imposto a pagar pelas empresas, a protecção social aos cidadãos. Nos 90s até havia uma banda, os Excesso, cujo nome era precisamente inspirado nisto.
Um país de serviços era o desígnio para Portugal. Vai daí pagou-se para abater frota pesqueira - os camaradas espanhóis pagaram para renovar e construir, pagou-se para votar terras ao abandono - os camaradas espanhóis pagaram para inovar, pagou-se para arrancar - os camaradas espanhóis pagaram para plantar, e ainda vieram ao lado de cá, que é o nosso, comprar ao preço da uva mijona as terras que tinham sido votadas ao abandono; nada se fez para atrair investimento na industria e ainda menos se fez para reter a que por cá havia. Betão e alcatrão, arrancar carril, desinvestir na ferrovia, deixar degradar material circulante - os camaradas espanhóis....pois. Serviços aqui vamos nós. Agora parece que são precisas "políticas públicas correctas" e um aumento da produção interna. Cara de pau e uma grande lata, isso não é preciso. Cavaco vende jornais? Cavaco atrai leitores ao online pago? Alguém ouve Cavaco? Ou isto enquadra-se na caridade cristã de continuar a dar voz a uma amigo, tipo o Conselho de Ministros a que Salazar presidia depois de ter caído da cadeira? Afinal, Cavaco está a subir ou a descer o coqueiro?
Atormentado pelo gozo e pela culpa, o Presidente chega a ir a Fátima de 15 em 15 dias para rezar. As sondagens menos positivas voltam a mergulhá-lo na solidão [...].
Todas as manigâncias são possíveis, todas as intrigas e jogadas de bastidores são admissíveis, todas as mentiras e meias verdades são ética e moralmente aceitáveis, porque a seguir estamos perante Deus para o perdão, saímos como novos, voltamos às manigâncias, às intrigas e às jogadas de bastidores, às mentiras e às meias verdades, assim sucessivamente num eterno retorno. O Presidente beato católico, do recalcamento da culpa, que obedece à Igreja e responde a Deus, em vez de à Constituição e ao povo, de quem só quer massagens no ego. Temos o que merecemos.
[Na imagem a primeira página da revista do Expresso]
O jornal do militante n.º 1 veio em grande alvoroço avisar que um quinto dos proprietário já venderam as casas que tinham no mercado de arrendamento com medo do Mais Habitação apresentado pelo Governo. O comunismo e a Venezuela, diz a direita que suspira pela Inglaterra e Países Baixos e países nórdicos, paraísos do livre mercado e do menos Estado, e onde há décadas onde funcionam programas semelhantes. E todo este pavor à conta de um questionário que a Associação Lisbonense de Proprietários distribuiu entre os seus associados, respondido por 700, rapidamente transformados em um quinto dos senhorios a nível nacional. Que a associação dos proprietários lisboetas faça os inquéritos que muito bem entender é lá com ela, que faça disso alarde e toque a todas as campainhas, também é um direito que lhe assiste, que um jornal, dito de referência, faça disso uma amostragem fiável do mercado nacional só mesmo um trapo encharcado nas fuças, como diz o pagode. É que nem na "liberdade para pensar" isto tem encaixe possível.
O jornal do militante n.º 1 insistir nas latas de atum cadeadas, que não foi mais que estratégia de marca, já não é mau jornalismo, nem sequer burrice de quem foi apanhado de calças na mão há dois meses, é campanha, ou agit-prop, como dantes se dizia.
Há uma enorme diferença entre perder dinheiro e deixar de ganhar dinheiro. A classe empresarial pantomineira tuga gosta muito de as equivaler porque lhes dá jeito quando toca a praticar o seu desporto favorito: chorar pelo Estado. Não se esperava esta equivalência da parte de uma ex-ministra da Justiça, alegadamente socialista, com o marido a facturar em relação a anos anteriores mais 1 milhão e 100 mil euros desde 2008, período em que a mulher foi ministra, nos seus 101 contratos com o Estado no valor de 3 milhões 820 mil euros.
Um grupo de inteligentes com avença cativa nas televisões, rádio e imprensa escrita, assina um manifesto em que se queixa de deriva totalitária, censura, pensamento único, pelo meio sentencia que pensar não é coisa acessível a qualquer um e para pensar cá estamos nós e por isso somos censurados pelo poder político e desdenhados pela ralé que não pensa, invocam os mesmos princípios defendidos pela extrema-direita polaca e húngara, que o Tribunal Constitucional viole o princípio do primado - fiscalizar uma norma de direito da União Europeia e ainda conseguem meter ao barulho a Acta Final de Helsínquia que consagra o princípio dos países integrarem tratados e/ ou alianças como muito bem lhes aprouver. Nem os inteligentes são o que costumavam ser nem a Acrópole fica no sítio onde costuma estar.