"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os trabalhadores que fazem as sandes com as mãos que os ingleses vão depois comer com a boca não são trabalhadores que fazem as sandes com as mãos, são migrantes que fazem as sandes com as mãos que os ingleses vão depois comer com a boca. Só os ingleses. E mais de metade dos trabalhadores que fazem as sandes com as mãos que os ingleses vão depois comer com a boca são do leste da Europa, polacos. E as sandes que os ingleses, só os ingleses, vão comer com a boca depois de feitas por migrantes com as mãos numa fábrica inglesa, são assim feitas com as mãos, pelos migrantes, porque em Inglaterra ninguém quer ir trabalhar para um fábrica a fazer sandes. Nem com as mãos nem com luvas a calçar as mãos. Se calhar porque o salário é baixo para aumentar a mais-valia ao dono da fábrica e/ ou aos accionistas e nem um penny sobra para comprar luvas para calçar as mãos dos migrantes que fazem as sandes que os ingleses, só os ingleses, vão depois comer com a boca.
Esta era a pergunta a que na anedota “o outro” respondia: “ou o quê!” (*)
Aqui no princípio do Verão, a minha filha que meteu na cabeça que iria ganhar umas coroas nas férias, resolveu responder a um anúncio para um Call Center do MEO. 350 – trezentos e cinquenta – 350 euros por mês, quatro horas por dia, se… conseguisse angariar 10 clientes! Se não angariasse nenhum; um; cinco; ou qualquer número abaixo de dez, recebia nada. Acima de dez, eram mais 50 euros por cada angariação.
Foi terminantemente proibida por mim e pela mãe, de ser explorada, perdão, de ganhar umas coroas nas férias.