"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Se uma pessoa paga por um serviço é para ser bem servida e ver resultados. Ponto final. Caso contrário muda de operador, de fornecedor, que a concorrência é boa e estimula a economia. Agora pagar caro no privado para obter os mesmos resultados que no público tendencialmente gratuito, onde é que já se viu? Que se privatizem os exames nacionais, de certeza que é uma hipótese a considerar. Até porque isto é sintoma de que há demasiado Estado nos exames e o mercado há-de acabar por se auto-regular se o deixarem funcionar.
«Dois investigadores do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto chegaram à conclusão que “dois alunos com prestação idêntica nos exames nacionais facilmente podem ter discrepâncias de 2 (ou até 4) valores nas suas notas internas, consoante a escola escolhida”
É prática corrente, quando as coisas não são do agrado ou não correm de maré, em todas as empresas e ramos de actividade, e não há cidadão que não conheça ou não tenha já tenha ouvido falar em casos semelhantes, com um sorriso cúmplice, ignorando (ou fingindo ignorar) que é a sua cumplicidade que paga a chico-espertice com o dinheiro dos seus impostos. Infelizmente só chega às primeiras páginas por portas travessas.
A notícia devia ser “Médicos continuam a passar atestados a pedido e sem justificação clínica”:
No dia 19 de Julho insurgi-me aqui, contra os erros sistemáticos nos enunciados das provas de exame. É já uma tradição. E perguntava eu:
«Senhora ministra da Educação: uma vez que, e segundo o director do Gave , «este é um trabalho de equipa», com os péssimos resultados por todos conhecidos, não será de aplicar aqui a lei do despedimento colectivo com justa causa?»
Hoje fiquei agradavelmente surpreendido ao ler no Diário de Notícias que: «Os autores dos exames nacionais em que o Ministério assumiu a existência de erros (...) não voltarão a ser convidados a participar na elaboração de provas. A garantia foi dada ao DN pelo secretário de Estado a Educação, Valter Lemos, (...) "Com certeza (que quem cometeu esses erros) não será convidado, como é evidente", disse o secretário de Estado, (...)»
Nem tudo são más notícias na educação. No entanto manda a prudência, aguardemos pela próxima época de exames. Até lá, o benefício da dúvida para o ministério, pelas intenção em resolver a coisa.