"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
É por estes dias o argumento puxado para os fóruns e para os espaços de comentário nas rádios, jornais e televisões pela "direita unitária", que é aquela direita que oficialmente não é de direita mas do centro, que tanto pode ser do PS como do PSD ou até do CDS, cheia de boas maneiras e de responsabilidade e com luvas brancas e falinhas mansas, que tem boa timeline de esquerda no Twitter e no Facebook, encartada na direcção de televisões ou com avença e lugar cativo no comentário pago, que com a eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo acaba de vez o argumento da direita, que não eles, do TINA por oposição à irresponsabilidade e ao despesismo esquerdista, inimigo das boas contas, da consolidação orçamental, da diminuição do défice e do Estado cumpridor, pagador a tempo e horas, eficaz e longe da economia o mais possível, como se fosse isso que alguma vez tivesse estado em cima da mesa e não a transferência de rendimentos do trabalho para o capital, só, e a coberto da mentira da "gordura" e do "viver acima das possibilidades", do sofrimento terreno para alcançar a glória dos mercados, nestes últimos dois com uma reversão, mínima, só possível por uma conjugação de factores, irrepetíveis: a ambição de António Costa em ser primeiro-ministro e o pavor do PCP e BE por mais 4 anos de Governo da direita radical. O resto é história e Mário Centeno faz parte dela.
A reversão das "reformas estruturais"; as políticas inexequíveis; o dar tudo a todos ao mesmo tempo; o absurdo de voltarmos ao resgate, o segundo em 4 anos; a credibilidade de Portugal na Europa e no mundo; um Governo refém da esquerda radical; o despesismo socialista; a economia a esmifrar; o investimento estrangeiro a fugir; a austeridade de esquerda; as cativações; o maior aumento de impostos de sempre e o ataque à classe média. O mérito da eleição de Mário Centeno é do Governo anterior e de Vítor Gaspar e de Maria Luís Albuquerque e por Centeno ter andado em Harvard, segundo o Zézé Gomes na televisão do militante n.º 1. Só falta ouvir o que tem a dizer Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal.
Mário Centeno, ministro das Finanças de um Governo, parafraseando a direita radical, constituído, contra a tradição, por um partido que não ganhou as eleições, é candidato a um cargo que legalmente não existe nem é consignado em nenhum tratado europeu, e que, oficialmente, define a política económica dos governos dos diversos estados europeus, eleitos em eleições livres e democráticas. Siga para fim-de-semana.
E depois andamos nós, aqui no Sul, a apregoar e a valorizar o conhecimento, o rigor, a exigência, e a gastar dinheiro com os mestrados dos nossos filhos, com sacrifícios quando às vezes nos apetecia ir jantar fora e gastar dinheiro nos copos com a nossa mulher, para o exigente maior, nortista, rigoroso convicto, e poupadinho em matéria de copos e mulherio, falsificar o dele.
Diz mais dele próprio, da ideia que tem das mulheres, das relações que estabelece com as mulheres, do que propriamente dos "países do Sul da Europa". O moço de fretes de herr Schäuble:
O ministro das Finanças holandês, presidente de uma coisa que não existe nos tratados europeus, nem nas letras miudinhas que estão nos rodapés das folhas para enganar incautos, avisa, com autoridade, uma Comissão Europeia que só existe porque a quem obecece e responde a coisa que não existe, nem nas letras miudinhas, assim o quis. R. I. P. Europa.
Dieselboom, presidente de uma instituição que legalmente, oficialmente, o que quiserem, não existe na União Europeia – o Eurogrupo, avisa o presidente da União Europeia, uma instituição que serve para fazer o que o Eurogrupo quer e que decidiu que deve ser feito, para ter mais atenção à sua credibilidade.
Obviamente que a sapiência de Cavaco Silva, O Avisador, não tem nada a ver com isto, com eleições legislativas desde o início do Verão até quase ao Natal:
Se fosse em Inglaterra, por exemplo, ganhávamos dinheiro com isto, tipo uma bolsa de apostas sobre qual o dia em que Pedro Passos Coelho não ia pregar uma mentira ao país. Assim só perdemos, o contribuinte dinheiro, os portugueses vergonha alheia pela imagem na Europa.
Um teste a fazer nas reuniões do Eurogrupo se é que cada reunião do Eurogrupo não é por si só um teste, sempre repetidoteste, que dispensa o teste:
"La Tragedia de los comunes describe una situación en el cual varios individuos, motivados sólo por el interés personal y actuando independiente pero racionalmente, destruyen un recurso compartido limitado aunque a ninguno de ellos, ya sea como individuos o en conjunto, les conviene que tal destrucción suceda. El egoísmo, la avaricia y la individualidad tienden a vencer en la gran mayoría de los casos al bien común y al conjunto.".
Lá mais para a frente, quando a Grécia implodir e com ela a Europa, o #PorAcasoFoiIdeiaMinha rapidamente passa, como que por artes mágicas, a #MitoUrbano.