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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

"a habitação", sem a paz, o pão, a saúde e a educação

por josé simões, em 16.02.23

 

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Oito pessoas, na altura a coisa não funcionava como "família", funcionava como "chefe de família", juntavam-se, geralmente trabalhavam na mesma empresa, pediam um empréstimo à Caixa de Previdência e Abono de Família, compravam um terreno, pagavam o projecto a um arquitecto, a construção a um empreiteiro, três andares mais rés-do-chão, esquerdo, direito, e ficavam a pagar a mesma renda fixa, independentemente do rendimento familiar, durante 25 anos até à liquidação total da dívida, a prestação mensal não sofria com oscilações e humores do mercado. Foi nos idos do Estado Novo. E foi assim que milhares de ruas e bairros, como os das fotos que ilustram o post, Praceta das Janelas Verdes e Rua das Areias em Setúbal, nasceram de norte a sul de Portugal. Não resolveu o problema da habitação em Portugal, os bairros da lata eram mais que muitos e muitos anos depois do 25 de Abril continuavam a ser uma realidade, mas resolveu o problema de uma classe média/ média alta em ascensão. Está bem que não havia os "mercados", os "investidores" e os bancos não eram alimentados pelos contribuintes, na altura dos apertos, nem pelo cidadão, em tempos de bonança. Não havia eleições, mas agora que as há ninguém é chamado a eleger mercados e é suposto que os eleitos governem em favor dos eleitores e não de poderes obscuros, e que um partido socialista seja efectivamente socialista e não uma cona aberta aos interesses privados e à especulação. Depois quando um qualquer Ventas, que quer inaugurar uma nova República, vier argumentar que o fascismo fez mais pela habitação para a classe média que 50 anos de democracia ficam todos mui admirados por pagode concordar, aplaudir, e reflectir o aplauso nas urnas.

 

[Imagens sacadas do Google Maps]

 

 

 

 

Engana quem quiser ser engando

por josé simões, em 26.05.21

 

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Uma corja saudosa de um tempo que não viveu - Portugal orgulhosamente só e ausência de qualquer liberdade que não a do regime suprimir a dos cidadãos, organiza um arraial debaixo da lona "Europa e Liberdade". Engana quem quiser ser enganado.

 

 

 

 

Só por manifesta ignorância o congresso não tem lugar em Braga

por josé simões, em 21.05.21

 

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Só por manifesta ignorância, aliás expressa na forma como dirigentes, militantes e minions anónimos escrevem nas caixas de comentários e nas redes, com erros de concordância, gramaticais, pejados de bengalas linguísticas, o congresso não tem lugar em Braga, porque por vergonha na cara não é, de certeza.

 

"teria graça" Ventura conseguir que "os trabalhos parlamentares fossem suspensos precisamente no dia de aniversário do 28 de maio de 1926", dia do golpe de Estado que resultou na queda da Primeira República Portuguesa e na instauração da Ditadura Militar, dando origem, mais tarde, ao Estado Novo, regime vigente no país até ao 25 de abril de 1974.

 

[Link na imagem]

 

 

 

 

O Verdadeiro Artista

por josé simões, em 13.01.19

 

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Foram as esquerdas, depois do 25 de Abril, que construíram o mito de que o Estado Novo era de direita para legitimarem o seu poder e sobretudo limitarem a legitimidade das direitas

 

[Imagem]

 

 

 

 

||| Ó tempo volta para trás

por josé simões, em 12.04.14

 

 

 

Já nem vou pela 4.ª classe como escolaridade mínima e o saber de cor e salteado as linhas de caminho-de-ferro de Angola e as culturas agrícolas praticadas no Brasil, que era um país independente desde 1822, tudo a toque de reguada na palma da mão ou de cana da Índia nos nós dos dedos; já nem vou pelos índices de analfabetismo, por atacado na população e entre os homens e as mulheres, em separado, assim como o ensino separado para homens e mulheres; já nem vou pelo filho do doutor que havia de ser doutor e pelo filho do médico que havia de ser médico e pelo filho do arquitecto que havia de ser arquitecto e pelo filho do engenheiro que havia de ser engenheiro e pelo filho do cavador que havia de ser cavador e pelo filho do pescador que havia de ser pescador e pelo filho do carpinteiro que havia de ser carpinteiro e o do pedreiro e o do padeiro e de todas as artes e ofícios conhecidas à face de Portugal, do Minho a Timor; já nem vou pelo pão-nosso de cada dia que era o assinar com o dedo molhado num frasco de tinta para carimbo, marca Cisne; já nem vou pelos liceus para os filhos dos doutores e pelas escolas industriais e comerciais para os filhos da ralé, abertas contra vontade de Salazar, condicionado pela sua política do condicionamento industrial e porque eram precisos técnicos com mais do que a 4.ª classe e a saber mais do que contar até 100 e assinar o nome num papel selado e fazer trocos de tostões nas mercearias e tabernas, para trabalhar com as máquinas nas fábricas dos Alfredos da Silva e dos Mellos, com dois eles; já nem vou pelos cursos de lavores e de cozinha para mulheres, nas escolas industriais e comerciais para os homens que haviam de ir para as fábricas, higienicamente separadas dos machos por um muro ou por uma rede. Não. Este é o homem que no dia a seguir ao 25 de Abril andou a espalhar a revolução maoista pela universidade, a agredir adversários políticos, a praticar a caça ao bufo e a sanear os professores que até esse dia praticavam "a cultura de excelência" que tantas saudades lhe deixa:

 

«Durão Barroso elogia «cultura de excelência» nas escolas antes do 25 de Abril»

 

 

 

 

 

 

||| Uma besta com um título académico

por josé simões, em 21.12.13

 

 

 

Principalmente da parte daqueles que foram, ou que tiveram, familiares perseguidos, torturados, mortos, por pensarem de modo diferente ou só por lutarem por coisas tão simples e tão banais como a liberdade de expressão, e que são hoje, para as novas gerações, tão naturais como o respirar.

 

Principalmente por aqueles, e por aquelas famílias, que tiveram a vida e as famílias desfeitas e destroçadas numa guerra que não era a sua e que não lhes dizia coisíssima nenhuma, para negar aos outros o que reivindicávamos para nós, sermos senhores do nosso destino e do nosso futuro, e provocada por uma descolonização que não foi feita e que nem sequer era equacionada, não fora o malandro do Mário Soares e os bandalhos dos comunistas se terem lembrado de trazer o tema para a agenda, quebrando a unidade da pátria e o sossego instituído.

 

Principalmente pelo mundo e pela Igreja que estavam contra nós por causa de uma descolonização que não queríamos fazer, e pelos malandros da Academia Militar que iam estudar para os States e que até se atreviam a vir de lá open mind, a ver o mundo com outros olhos de ver, e a ver uma guerra onde, mais cedo ou mais tarde, iam acabar por morrer, por cousa e por causa nenhuma e em contra-mão ao sentido da História. Ingratos e mal-agradecidos a quem lhes deu oportunidade de estudar no estrangeiro.

 

Principalmente por causa da "grande dimensão metropolitana" e da "grande massa crítica" que não tínhamos, por causa de Salazar e dum Estado Novo fechado sobre si mesmo, e Deus e Pátria e Família e respeitinho é muito bonito e cada macaco no seu galho e cada um nasce para o que é e manda quem pode e obedece quem deve e o homem rural e a mulher na cozinha e a teta na boca da cria, e que nos impediu de fazer a descolonização que Salazar não queria fazer.

 

Jaime Nogueira Pinto é uma besta com um título académico que tem boa imprensa e muito tempo de antena e que até pode publicar livros, coisa que o Estado Novo que é muito diabolizado e que Salazar que foi um grande homem, nunca permitiu fazer a quem discordava de si, do seu regime, ou que simplesmente pensava de modo diferente.

 

Jaime Nogueira Pinto: "Foi-se longe de mais na diabolização do Estado Novo"

 

[Imagem de Alec Huxley]

 

 

 

 

 

 

|| Quem não tem nada para fazer faz colheres

por josé simões, em 21.05.10

 

 

 

 

Ficámos todos a saber que no próximo dia 5 de Outubro de 1910 vamos comemorar 59 anos de República “de facto” e 100 anos “de jure”, porque pelo meio houve um hiato de 41 anos que não conta para nada, não foi Monarquia nem foi República - apesar de formalmente ter havido a figura do Presidente - e até convém nem sequer falar disso e muito menos encenações históricas. Como o país esteve 41 anos “suspenso” – “de jure” – suspenda-se também a história, em upgrade Bloco de Esquerda da suspensão da Democracia.

 

Não há meio de aprenderem que as ideias se combatem com ideias e não com proibições.