"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quando o escultor coreano Do Ho Suh criou Public Figues em 2001 estava longe de imaginar, ou se calhar não, a actualidade da obra e o seu simbolismo em 2020 e como complementa o "desenho" de Pawel Kuczynski para assinalar a queda do comunismo e do bloco de leste. As voltas que o mundo dá.
Fica em Setúbal. Não é do Pedro Cabrita Reis. Foi oferecida à cidade e é fruto de quase três mil horas de trabalho voluntário que os operários da antiga Setenave usaram para financiar a criação artística dos escultores Virgílio Domingues e António Trindade e do arquitecto Rodrigo Ollero. Requereu um investimento da parte da autarquia de dois mil contos, à época, para criar a base de betão onde assenta. O "problema" com a escultura em Leça da Palmeira não é ser o "dinheiro do contribuinte", que dinheiro do contribuinte há para tudo e mais alguma coisa e ainda um par de botas, o problema é ser dinheiro para a cultura, uma linguagem que eles não percebem ao ponto de perceberem ser perigosa e subversiva, os doutores do economês. Ponto.