"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os votos contra foram o do presidente Carlos Magno, que trata as gravatas de Miguel Relvas por tu e compara a conspiração das escutas a Belém, urdida por Cavaco Silva e Fernando Lima, ao caso Monica Lewinsky, e o da vogal Raquel Alexandra, nomeada pelo PSD, e que repete o receituário da declaração de voto do caso Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas quando o “Oh Serra!” agrediu um jornalista da TVI, e quando ilibou Miguel Relvas de pressões sobre uma jornalista do Público, sem se sentir minimamente condicionada pelo facto de ser amiga do ministro.
Depois de ter ilibado o ministro Miguel Relvas no affair Público/ jornalista Maria José Oliveira, por se ter "esquecido" de incluir a expressão "houve uma pressão inaceitável" na deliberação final do regulador a que preside:
E o ministro pediu desculpa e por caridade cristã devíamos dar a outra face e perdoar o ministro. Opsss… somos um país católico porque as pessoas quando inquiridas sobre a religião que professam respondem "católica" e aquelas com mais vocabulário acrescentam "apostólica romana" e também porque acham por bem responder a alguma coisa e porque já tinham ouvido os egrégios avós responder algo vagamente semelhante. E é por isso que o ministro não se demite. A moral judaico-cristã o recalcamento da culpa e a religião comanda a vida e por aí. Parece uma contradição mas não é. E agora também não estou para aí virado. E vamos andar ad eternum nisto ou o mais provável ad esquecimentum [inventei agora] e vergonha é coisa que a mim [a ele] não me assiste.
A minha opinião sobre a TVI já tive ocasião de a deixar bem explícita aqui e aqui. Não gosto daquela excrescência a que dão o nome de telejornal. E só no cabo são mais de 40 os canais disponíveis.
Agora se a ideia é arregimentar soldados para uma guerra em defesa do direito da TVI a fazer o tipo de informação que faz e que muito bem entender fazer, contem comigo.
(Isto tem muito a ver com esta concepção de Democracia)
Nos Estados Unidos foi Larry Flynt, um editor porno, a empunhar a bandeira da liberdade de expressão, numa batalha com a duração de uma vida, e magistralmente registado para memória futura por Milos Forman no seu The People vs. Larry Flynt de 1996.
No shit?! E eu a pensar que era exactamente o contrário! Não há dia da semana; não há telejornal que, benza-o Deus, não apareça Luís Filipe Menezes a esfregar as mãos “pró ano é que é!”; vamos ganhar; e faço e aconteço; e baixo daqui e extermino dali, que até os espanhóis vão morrer de inveja; e re-béu-béu pardais ao ninho!
Este relatório deve ser brincadeira do 1.º de Abril. Só pode!
Adenda: e uma vez que "a presença do Governo apaga a presença do PS enquanto partido da maioria, na informação do serviço público de televisão", Azeredo Lopes podia ter aproveitado a maré para nos explicar a todos, onde é que acaba o PS e começa o Governo; ou vice-versa.