Curiosamente ninguém se lembrou de ir entrevistar o senhor merceeiro
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Quando era puto todos os pantomineiros eram "industriais" e assim que chegávamos ao Alentejo eram "agrários". Agora todos os pantomineiros são "empresários", quer seja no interior ou no litoral industrializado. Com um pormenor não despiciendo: é que dantes, quando os "industriais" e os "agrários" se identificavam, as pessoas sabiam logo o que ali vinha e ficavam de pé atrás, agora os "empresários" são tratados com uma vénia e um salamaleque, quando não por "doutor", têm tempo de antena nos debates e fórum que se preze, na rádio ou televisão, tem duas ou mais chamadas telefónicas de empresários com análises de pasquim, profundas, ao clima económico e à acção governativa, têm associações de classe e até se dão ao luxo de exigir do Governo.
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São estes senhores, que moram dentro das estações de televisão, e que todos os dias e a todas as horas aparecem à janela para nos dizer que os portugueses viveram muitos anos, demasiados, acima das suas possibilidades por causa do crédito fácil, e mais o endividamento familiar e que há que arrepiar caminho e que agora vai ser a doer e que o Estado está falido e não pode acudir a tudo e que há muitas famílias que vão entrar em incumprimento, paciência, e essas coisas assim:
[Imagem de autor desconhecido]
Quando é que param de insultar a inteligência dos portugueses? Não há subsídio nem incentivo do Estado não há empresários portugueses. Ponto final.
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Por outro lado esta é a caricatura do mui exaltado “empresário” português mai’lo o seu empreendedorismo debaixo do chapéu-de-chuva do Estado. Todos somos grandes e grandes criadores de emprego e riqueza, assim haja o subsídio e a comparticipação e o apoio. Do dinheiro dos contribuintes é do que falamos neste funcionamento em circuito fechado.
Mais valia receber o salário directamente do Estado sem “empresários” intermediários.
(Na imagem Gordon Brown clasps his hands together de Toby Melville via Reuters)
Quem está sempre pronto para receber “apoios estatais”, vulgo subsídios pagos com o dinheiro dos impostos dos contribuintes, e não pode pagar mais 25 – vinte e cinco – 25 euros de salário aos seus empregados por correr o risco da empresa fechar, então é melhor que feche de uma vez por todas e que o dito cujo empresário patrão vá trabalhar por conta de outrem que é para ver como elas lhe doiem.
Adenda: «Administradores da Delphi ganham 100 mil euros»
(Imagem de Dorothea Lange)
Uma empresa que não rende, apesar da matéria-prima de qualidade; um produto que desvaloriza, num mercado em crescendo; um “conselho de administração” que não responde pelos erros estratégicos cometidos; um gestor (Carlos Queiroz) que não é responsabilizado pelas más opções tomadas, apesar das excelentes condições contratuais e de trabalho; o mercado a fugir debaixo dos pés – literalmente. A solução do costume: «ser obrigada a despedir ou dispensar funcionários»
(Na imagem Buster Keaton via Corbis)
Dez euros uma hora de pedalada na Gaivota.
Ora as Gaivotas estão lá desde que me lembro, e desde “que me lembro” é desde o tempo em que se fazia campismo selvagem na Praia do Vau, ali naquele sítio onde agora está uma urbanização para bifes mais feia que o Deus m’acuda, e o Mário Soares era mais magrinho e era aquele gajo que aparecia por lá nos intervalos de andar de avião. Quer isto dizer que as Gaivotas já estão pagas pra' í 50 vezes no mínimo, e agora é tudo lucro ou retorno como dizem aqueles engravatados da Bolsa. E algumas gaivotas até exibem publicidade ao Aisseti e ao Rédebule; vai de ensacar mais.
E a praia está cheia com’ó caraças e o “empresário" está de óculos escuros debaixo dumas palhinhas que fazem sombra e que ainda custam mais caro que pedalar na gaivota, com cara de a-quem-morreu-a-família-toda-num-desastre-de-avião-da-ére-fransse, e diz para uma de microfone em punho, a quem a televisão pagou um fim-de-semana de trabalho no Allgarve para fazer reportagens idiotas, que o negócio está mau e que há muita gente na praia mas é só pra tomar banho e apanhar sol, que ainda é à borla; Praise The Lord!
E não lhe passa pela cabeça baixar o preço da pedalada, porque sempre é melhor ganhar 5 euros por hora por pedalada em Gaivota do que não ganhar nada e estar a chorar em directo para o telejornal. Se calhar está a pensar pedir algum subsídio ao Estado, por interposta pessoa, a Câmara Municipal ou a Região de Turismo.
Tenho tanta pena dos “empresários”!
(Imagem fanada no Chicago Tribune)
Não podia estar mais de acordo com esta medida do Governo, e até ia muito mais longe.
De seguida nacionalize-se um banco para emprestar sem risco. Uma companhia petrolífera e uma eléctrica e outra das águas para fornecer sem riscos e a baixos custos. Uma transportadora marítima e outra de camionagem para transportar sem riscos. Por fim, nacionalizem-se os sindicatos, como forma de eliminar o risco das reivindicações laborais e dos aumentos salariais.
Eis o maravilhoso mundo da ausência de risco e do retorno absoluto.
Um grande bem-haja ao Governo que zela por tamanha casta empreendedora!
Andamos sempre ao contrário dos outros. Tomemos o caso espanhol como exemplo: nem que consiga fazer um flic-flac seguido de mortal encarpado para a frente uma empresa portuguesa consegue ir a concurso – quanto mais ganhar um – em Espanha. É do que toda a gente se queixa.
Por outro lado, temos o já mítico “empresário” português, que recebe subsídio para coçar a barriga e que depois vem reclamar porque foi preterido ou até "impedido" de concorrer, por, vejam lá vocês a lata e o desplante, a empresa não obedece aos critérios de certificação! Já não há respeito por ninguém; nem sequer pelo “empresário”!
Vou-me lembrar deste episódio no próximo protesto ao próximo concurso perdido além fronteira.
De estranhar – ou nem por isso – é que para assuntos desta natureza seja necessário haver uma directiva comunitária. Mas tanto melhor. Embora atendendo ao que aí vem de obras públicas, 2 anos para a implementação me pareça um prazo demasiado largo.
Inevitavelmente teria de haver um “mas” (para o caso um “pero”), colocado pelos destinatários da medida. Não lhes cheira.
(Foto de Bobby Yip/ Reuters via Time)
Deve ser da mesma forma que são escolhidos, por exemplo, os juízes do Tribunal Constitucional ou as administrações da Caixa Geral de Depósitos. Uns quantos para “ti”, outros tantos para “mim”. Ficas tu com “estes” que eu fico com “aqueles”.
A Dona Manuela antes de abrir a boca devia pensar duas vezes no que vai dizer. Evitava fazer figura de Luís Filipe Menezes.
Um exemplo típico do típico "empresário" (entre comas) português: A empresa não é viável e só sobrevive à custa de subsídios do Estado porque "Um bilhete de Bragança a Lisboa, ida e volta, custa 120 euros. Estes valores são impensáveis."
Se a empresa não tem condições para sobreviver sem o dinheiro dos contribuintes fecha as portas e o "empresário" que vá trabalhar por conta doutrem. Tão simples como isso. Se bem que em Portugal seja muito mais fácil ser "empresário" por conta doutrem. Por conta do contribuinte.
Fica feliz por saber que o dinheiro dos meus impostos serve para alguém usar o título de "empresário" e para outros tantos "empresários" virem a Lisboa de avião porque é mais barato.
(Foto via Wired)
Sem que se levante outro um coro de protestos (vá-se lá saber porquê), pela segunda vez em poucas semanas Manuela Ferreira Leite volta à carga com as obras públicas.
Se da primeira tinha razão, porque o nacional-empresário na ganância do lucro fácil e rápido para a engorda da conta bancária pessoal, só contrata imigrantes, na grande maioria ilegais, a quem paga metade do que paga a um trabalhador indígena e sem regalias sociais, originando com isso a fuga de portugueses para trabalhar na construção civil em Espanha, já na segunda quer-me parecer que a coisa está mal explicada.
Seguindo o raciocínio de MFL: se os grandes beneficiados com as obras públicas que se avizinham vão ser outras economias, nomeadamente a espanhola; se uma grande fatia dos trabalhadores portugueses da construção, trabalha para empresas espanholas (pelo que atrás foi explicado), a criação de emprego vai-se dar em Portugal; certo?
O que eu gostava de ver explicado por MFL, e já agora pelo nacional-empresariado, é porque é se corre o risco de ver as empresas espanholas ganharem os concursos para as grandes obras públicas em Portugal, e por consequência, a criação de riqueza dar-se em Espanha. Não é que precise de explicações, era só mais para o ouvir, dito da boca de determinadas pessoas.
(Imagem de David Foster)
Ou somos todo muito burros, ou:
#1 - Não renovam os contratos a termo certo, porque no fundo, no fundo, são assim uma espécie de Madre Teresa empresarial e não precisam de tantos trabalhadores, era só uma questão de humanidade e amor pelo próximo.
#2 - Não renovam os contratos a termo certo, fecham as portas e vão trabalhar por conta doutrem a ganhar o salário mínimo que agora se recusam a pagar.
#3 – Não renovam os contratos a termo certo "o que significa que o primeiro-ministro vai ter um aumento do desemprego". Não, não vai. Porque como a empresa não vai fechar portas, vai necessitar de mão-de-obra. Vai é haver uma rotação nos centros de emprego: vão entrar 43.720, e vão sair 43.720 para ocupar os lugares deixados vagos pelos que acabaram de entrar…
Tenham medo, muito medo! O presidente da Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas anda por aí!
(Foto de Julio Munoz via EPA)