"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Depois de ter batido com a porta movido pelo fracasso que foi o ter sido barriga de aluguer ao projecto de tomada do PSD por dentro pela direita radical agora órfã de Pedro Passos Coelho, depois do banho de realidade que foi o perceber que a "marca" Pedro Santana Lopes não existe fora do PPD mal grado o colo de todas as televisões, mal-educado vem largar bitaites sobre a vida interna de um partido que já não é o seu. Ressabiado ou, mais uma vez, por encomenda da direita radical a quem serviu de hospedeiro e que tinha jurado remeter-se ao silêncio até às legislativas de Outubro, havemos de saber mais à frente.
Paulo Baldaia, um dos comentadeiros do regime nos intervalos de ser um hooligan trauliteiro no Twitter a dar o corpo às balas por Pinto da Costa, contra o Benfica e o centralismo sulista, marchar, marchar, na televisão do militante n.º 1 a explicar, urbi et orbi, que há "um critério editorial que se baseia, logo de início, nos [partidos] que já têm representação parlamentar" no que toca ao destaque dado pelo media às diversas representações políticas, depois dos 10 - dez - 10 minutos dados pela SIC Notícias, no rescaldo das eleições, ao Aliança e a Santana Lopes, que não se submeteu a votos nem sequer o partido que lidera elegeu algum deputado, a seguir a terem cortado a palavra a João Ferreira da CDU ao minuto e meio para mostrarem um gráfico de barras com uma qualquer percentagem e a terem repetido a façanha com Paulo Rangel do PSD, para não falar dos zero minutos dados a Rui Tavares do Livre.
Rui Rio, no rescaldo das eleições, a dizer que há que repensar a forma como as campanhas eleitorais são feitas, por forma a cativar os cidadãos no dia de fazer a cruzinha no boletim de voto e inverter a abstenção, como se as pessoas formassem opinião e fossem votar pelo que é dito no circo das arruadas, das canetas, dos sacos, dos porta-chaves e das palhaçadas rua abaixo e feiras e mercados adentro.
Não, não foi por causa da participação na 'Geringonça' que o PCP/ CDU deu um trambolhão nas europeias depois do trambolhão nas autárquicas. Se assim fosse o Bloco de Esquerda não tinha dobrado o número de votos e tinha ido pelo mesmo caminho. Os dois trambolhões consecutivos dos comunistas devem-se à duplicidade de critérios, aos double standards, como dizem os 'amaricanos'.
Ser contra o muro a separar os Estados Unidos do México, ser contra o muro em Israel, e todos os anos lamentar nas páginas do Avante! a queda do Muro de Berlim.
Ser contra a invasão americana do Afeganistão e ter páginas inteiras do Avante! a justificar a invasão pelas tropas da União Soviética.
Ser contra a invasão americana do Iraque e ter os arquivos do Avante online repletos de artigos a justificar as invasões soviéticas da Hungria e da Checoslováquia.
Ser defensor acérrimo das organizações representativas dos trabalhadores e das organizações sindicais e nunca ter feito acto de contrição por o negarem aos trabalhadores na Polónia, organizados no Solidariedade, ou o silêncio cúmplice com a repressão pela ditadura comunista-capitalista do partido irmão na China.
Andar sempre com o Estado social na boca e ter China, Vietname, Laos e Coreia do Norte nas teses ao congresso como "resistência à nova ordem imperialista", "orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista".
Invocar o Parlamento e a democracia parlamentar representativa e passar a vida a lamentar a queda do União Soviética e do "bloco de leste" da ditadura do partido único.
E a cleptocracia angolana da família Eduardo dos Santos contra o colonialismo e o neo-colonialismo, e a ditadura cubana contra o imperialismo 'amaricano', e a ditadura socialista bolivariana para o século XXI mais a miséria contra o imperialismo 'amaricano' também, a ditadura na Bielorrússia e a a defesa da independência e soberania dos povos, contra o imperialismo 'amaricano' outra vez, mais a democracia na Síria e o islamofascismo na Turquia, desde que contra o o imperialismo 'amaricano'. Assim, de repente.
[Na imagem Leonid Ilitch Brejnev e Viktoria Petrovna Brezhneva depositam o voto em dia de eleições. Sim, não se riam, a URSS era uma democracia, havia eleições e tudo]
O Bloco de Esquerda vale metade do PSD e vale uma leitura colectiva do "A Doença Infantil do Comunismo - O Radicalismo de Esquerda" na Soeiro Pereira Gomes; do PSD das "direitas encostadas" que desencostou o CDS e o deixou com os calcanhares encostados ao PAN, depois de uma gloriosa campanha eleitoral com a "extrema-esquerda" o "Sócrates" e o "25 de Novembro"; do PAN, dos charlatães das "medicinas alternativas" e do "fascismo animal", com 1/ 4 do tempo de antena da direita radical - o CDS, no único país da Europa onde a extrema-direita não tem expressão eleitoral, no pasa nada; O PAN que insiste em ir a votos sozinho e não disfarçado de "verde" numa coligação que serve para dar ao PCP tempo a dobrar nos debates quinzenais no Parlamento; Santana Lopes, que não foi a votos, nem sequer o partido que lidera meteu alguém no Parlamento Europeu, consegue ter mais tempo de antena no rescaldo eleitoral - 10 minutos, que João Ferreira da CDU, interrompido para mostrar um gráfico de barras com percentagens; interrompido Paulo Rangel ao minuto e meio de discurso pelas mesmas razões; Paulo Rangel que sem saber a diferença entre o pretérito perfeito e o presente do indicativo atribui culpas ao mau resultado eleitoral ao surgimento dos novos partidos na área do PSD, depois de Manuela Ferreira Leite na noite eleitoral da TVI ter querido contabilizar o Aliança nos votos do PSD, e à "nacionalização" das europeias. Como diria o Jaime Pacheco, "uma faca de dois legumes" para o PSD, já que em Outubro nas nacionais não vai haver uma europeização das legislativas.
Continuam alegremente a tratar os cidadãos como atrasados mentais, antes e depois das eleições, no único país da Europa onde a abstenção aumentou. No pasa nada.
No entanto nem tudo está perdido, parafraseando Jerónimo de Sousa em 2015 "o Partido Socialista Europeu só não dá a vassourada no Partido Popular Europeu se não quiser".
Chegam hoje ao fim duas semanas sofríveis e penosas de campanha eleitoral para as eleições europeias, com três partidos e três candidatos genuinamente decididos e empenhados em discutir a Europa - Rui Tavares/ Livre, Paulo Sande/ Aliança, Ricardo Arroja/ Iniciativa Liberal, deliberadamente apagados dos ecrãs dos telejornais e do debate no prime time, e com os grandes do mainstream PS, PSD, BE, CDU e CDS, a tratarem os cidadãos como se fossem crianças ou atrasados mentais, quarenta e cinco anos depois do 25 de Abril.
Pode ser que para a próxima campanha eleitoral a coisa melhore.
Se ao menos fizessem como o Governo do Partido Socialista de António Costa que aprovou a prospecção de petróleo na Costa Vicentina e no Algarce como medida de combate às alterações climáticas.
"Sigamos o cherne, minha amiga! Desçamos ao fundo do desejo Atrás de muito mais que a fantasia E aceitemos, até, do cherne um beijo, Senão já com amor, com alegria… Em cada um de nós circula o cherne, Quase sempre mentido e olvidado. Em água silenciosa de passado Circula o cherne: traído Peixe recalcado…
O dia em que Manuela Ferreira Leite entrou na campanha do ex-secretário de Estado de Santana Lopes, Paulo Rangel, para dizer que o Governo "está a levar país à desagregação" enquanto fazia figas para ninguém se lembrar da "geração rasca", nem da versão portuguesa do 'amaricano' morrer na porta do hospital se não tiver seguro de saúde que é o "tem direito à hemodiálise se pagar", da suspensão da democracia para meter o país na ordem, foi o dia a seguir à entrada em cena do "cimento da geringonça" - Pedro Passos Coelho, ilusionista-mor da República, do ir a votos escondido numa mentira, das trafulhices com fundos comunitários a meias com o Relvas, das metas do défice sistematicamente ajustadas em função da realidade económica, de não se lembrar do salário que recebia na Tecnoforma, dos bancos varridos para debaixo do tapete para não lixar a saída limpa, do não saber ser obrigatório descontar para a Segurança Social, do baixar os custos do trabalho, a reforma que ficou por fazer em cima das taxas, das taxinhas, das sobretaxas e das retenções. Fica a faltar a entrada em cena de Maria Luís Albuquerque mais os 600 milhões de euros a cortar nas pensões a pagamento, ou do mordomo das Lajes, Durão Barroso, dilecto de Cavaco Silva, em quarentena forçada para não causar os habituais danos de cada vez que abre a boca que não seja para comer bolo-rei.
Na melhor tradição do Querido Líder Paulo Portas, que por ocasião dos motins no bairro da Bela Vista veio à cidade inteirar-se da situação... na Praça do Bocage, Procissão Cristas, a "líder da direita", a "alternativa de Governo", a "rã que quer ser boi", mais o cónego Melo e uma comitiva do CDS, com a cumplicidade das televisões todas, veio em acção de campanha à Lota de Setúbal. A uma segunda-feira, o único dia da semana em que a Lota está fechada. Ainda assim, 45 anos depois do 25 de Abril, na cidade vermelha não fossem levar com um peixe na boca, dado por alguma peixeira de memória e menos dada a pantominices.
[Na imagem "Saltimbancos" do insigne fotógrafo setubalense Américo Ribeiro]
Paulo Rangel e Nuno Melo apoiam para presidente da Comissão Europeia, Manfred Weber, o homem que pediu sanções para Portugal quando timidamente começávamos a sair da crise.
A verdade é que o Patriarcado de Lisboa não apelou ao voto no Basta. O Patriarcado de Lisboa apelou ao voto no CDS, os amigos dos fascistas do Vox que o Basta quer mimetizar. A seguir Nuno Melo vai explicar que não vê nada de por aí além no programa do Basta que não lhe dê assento na bancada do PPE, ao lado do CDS e do Fidesz de Viktor Órban.
Em 1997 Torres Couto justificava a sua candidatura à Câmara de Almada com o conhecimento que tinha da cidade que sobrevoava de avião todas as semanas regressado de Bruxelas, em 2019 o ex-secretário de Estado de Santana Lopes, Paulo Rangel, vai de avião ver o rescaldo os fogos de 2017 a Pampilhosa da Serra, para dar tempo às brasas estarem totalmente apagadas.
Em 2009, por ocasião de uns dias de motim no bairro da Bela Vista, Paulo Portas deslocou-se à cidade de Setúbal para se inteirar da situação e prestar homenagem e solidariedade às forças da Lei e da Ordem, na Rua dos Ourives e Praça do Bocage. Assim a modos que haver balbúrdia em Chelas e ir até à Rua da Prata saber em que pé estão as coisas.
Assunção Cristas e o candidato amigo dos fascistas do Vox dão uma volta por tudo o que esteja ao alcance de uma câmara de televisão até chegar a Sócrates, que se foi embora em 2011. Há sempre uma causa efeito. O VAR não viu o golo em fora-de-jogo? A tal da volta há-de ir parar ao secretário de Estado de José Sócrates.
O amigo do amigo dos fascistas do Vox, Paulo Rangel, dá uma volta por tudo o que esteja ao alcance de uma câmara de televisão até chegar a Sócrates, que se foi embora em 2011, e a António Costa, que se foi embora quatro anos antes de Sócrates ter saído. Não vão até Guterres porque o "pântano" diluiu-se na unanimidade ONU. Já Mário Soares era Presidente e volta e meia ainda vinha à baila a desgovernação do "gonçalvismo". Portanto...
Portanto António Costa pediu um voto de confiança ao Governo nestas europeias onde um pepino cabeça de lista se calhar lhe dava a maioria absoluta nas próximas legislativas.