"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ainda os votos dos emigrantes não tinham começado a ser contados já José Gomes Ferreira, um chalupa a quem Balsemão dá emprego, que sabe a verdadeira cor do planeta Marte e coisas sobre a História de Portugal que nem os historiadores sabem e o que ele sabe de Balsemão para Balsemão lhe continuar a pagar um ordenado só ele sabe, vinha alertar que a proposta da AD, a que durante a campanha considerava ser a melhor para Portugal, afinal tinha um "mas" chamado economia alemã, o "motor da Europa", a gripar, coisa que ninguém sabia até três ou quatro dias antes, e que também já temos a possibilidade de uma guerra na Europa por causa da Ucrânia, disseram outros avençados, coisa que ninguém tinha dado por isso, mais a incerteza nos mercados e o preço do combustível por causa dos israelitas em Gaza, a despesa já vai passar a permanente, e até o embusteiro com assento no Conselho de Estado já veio desdizer tudo o que antes tinha dito, meter água na fervura e avisar que "Não vai ser possível satisfazer a 100% reivindicações de professores, médicos, polícias e militares" e, de repente, já não vai ser possível descer o IRS, descer o IRC - este, com jeitinho até vai, o tricle down e tal, aumentar salários e pensões, investir na escola pública e no Serviço Nacional de Saúde, valorizar as forças policiais e dotar as forças armadas, tal as coisas mudaram numa semana com a velocidade a que o mundo gira, que este excedente orçamental é um presente armadilhado que o António deixa ao Luís.
Agora que se confirmou aquilo que algumas vozes mais esclarecidas já tinham previsto, que o encontro de excursionistas católicos, na novilíngua "peregrinos na Jornada Mundial da Juventude", ia ter impacto residual na economia, ou mesmo igual a zero - Economia desacelerou com a Jornada do Papa em Portugal, prontamente apodados de esquerdistas, mata-frades, comunistas, jacobinos, e outros mimos, as contas que ficam por fazer, e era bom que alguém as fizesse, é de quantos milhões necessitava o Estado - Governo e autarquias, para recuperar o agora denominado "Parque Tejo" e erguer a Ponte do Icebergue, dito de outra maneira, quantos Parques Tejo e quantas pontes do contribuinte tinha o Estado construído sem misturar política com religião?
"Patrões dizem que um horário de trabalho é inoportuno".
"Patrões dizem que 8 horas de horário de trabalho é inoportuno".
"Patrões dizem que um dia de descanso semanal é inoportuno".
"Patrões dizem que dois dias de descanso semanal é inoportuno".
"Patrões dizem que duas semanas de férias é inoportuno".
"Patrões dizem que 22 dias de férias é inoportuno".
"Patrões dizem que férias pagas é inoportuno".
"Patrões dizem que atribuição de um 13.º mês é inoportuno".
"Patrões dizem que pagamento de subsídio de refeição é inoportuno".
"Patrões dizem que 3 meses de licença de maternidade é inoportuno".
"Patrões dizem que 120 dias de licença parental é inoportuno".
"Patrões dizem que 150 dias de licença parental partilhada é inoportuno".
E podíamos começar a contagem das inoportunidades, por exemplo, na Revolução Industrial, para não recuar muito no tempo, porque no que toca a terminar "o futuro a Deus pertence", como diz o povo, se é que alguma vez vão terminar. E o que falta ali atrás, que a descrição não é exaustiva.
E o problema nem é os patrões dizerem na câmara corportativ... concertação social o que lhes vai na real gana, o problema é os papagaios que não sendo patrões repetem o que os patrões dizem.
António Costa e o Partido Socialista governaram como a direita queria:
não se pôs um travão ao aumento das rendas de casa por ser um ataque ao investimento privado na recuperação dos imóveis urbanos, depois de décadas ao abandono e à degradação, nem nas outras rendas, as das energéticas e das PPP rodoviárias, por exemplo, que o Estado tem de honrar os compromissos e não pode dizer que agora afinal não senhor, acabou-se a mama;
não se taxaram as empresas com maiores lucros, nem com lucros conjunturais devido à pandemia ou à invasão russa da Ucrânia, que isto não é a União Soviética, nem o socialismo, nem tampouco a Venezuela, e ainda corríamos o risco de deslocalizarem para a Taprobana onde o mercado é mais liberalizado e amigo do investimento;
teve um arremedo de baixa de imposto sobre combustíveis, rapidamente absorvido pela margem de lucro das gasolineiras, e depressa deixou de ser uma vitória do Ilusão Liberal reclamada em cartaz na rotunda, para cair no esquecimento ou do "mais vale estar calado que fazer figura de urso" a reivindicar coisas que até um puto da primária percebe o logro;
deu 60 paus de ajuda alimentar a cada família carenciada enquanto os espanhóis se esticaram até aos 200, mas também não é por aí, que dar dinheiro vivo a calaceiros e manhosos é incentivo à chulice de quem não quer trabalhar e fazer pela vida, como defende a direita, e se têm fomeca está cá o Banco Alimentar e o voluntário Marcelo, que até sai mais barato ao Estado que sai do bolso e do bom coração dos compatriotas que recusam a lei da selva do direito do mais forte à sobrevivência, princípio ético e moral do liberalismo;
e o pasquim que passou 5 anos a acusar o PS de governar a toque de caixa dos parceiros da esquerda geringonça, a apontar os males que isso trazia, trouxe ao país, e com reflexos nas décadas vindouras, agora chora porque afinal os socialistas não governaram como os comunas e os esquerdalhos queriam que governasse.
A Judiciaria já fazia uma investigação, com um daqueles nomes pomposos, imagem de marca, que costumam abrir telejornais, tipo "Operação Papel para Forrar o Balde do Lixo", sobre como é que jornais que não vendem, i e Sol, por exemplo, estão sempre nas bancas e no online ao minuto.
Ainda me lembro do meu pai só ter um dia de folga por semana. E ainda me lembro do meu pai só ter 10 dias de férias por ano, não remuneradas. E não foi assim há tanto tempo quanto isso, foi até meados da década de 70 do século passado. Tudo em nome da produtividade, da economia, do crescimento, e do descalabro que seria para as empresas e para o país, por esta ordem, a irresponsabilidade das modernices dos dois dias de folga por semana e mais um mês de férias pagas, a dobrar por via do subsídio. E não foi assim há tanto tempo quanto isso, foi até meados da década de 70 do século passado.
A dona Maria Guilhermina, da Casa Botónia no Porto, desmonta o parlapié da direita do tugão das empresas que criam riqueza, do cortar na massa salarial e do despedir em tempos de crise.
O senhor Saraiva da CIP acha que está na altura de voltarmos todos ao trabalho, a "reabertura da economia". O que senhor Saraiva da CIP não percebe é que sem pessoas não há economia. O senhor Silva da UGT também acha que está na altura de voltarmos todos ao trabalho, a "reabertura da economia". Ao contrário do senhor Saraiva da CIP, o senhor Silva da UGT não percebe nada de nada, que para perceber está lá o senhor Saraiva da CIP. E já lá vão 42 anos em que os senhores Silvas da UGT acham o que os senhores Saraivas da CIP acham o que eles devem achar. Foi para isso que os inventaram.
"Desde a década de noventa privatizaram quase tudo o que havia para privatizar - empresas industriais, bancos, seguradoras, empresas de transportes e de energia, até o tratamento de resíduos.
Liberalizaram o sistema financeiro e a circulação de capitais, resultando no aumento explosivo do endividamento privado.
Desregulamentaram por três vezes as leis do trabalho, facilitando os despedimentos, os horários flexíveis e os contratos atípicos.
Escancararam as portas aos privados na saúde e na educação.
Abdicaram de uma moeda própria, deixando o financiamento do Estado nas mãos de especuladores internacionais.
Agora vêm dizer que o mau desempenho da economia portuguesa nas últimas décadas se deve a falta de "liberdade económica" e ao excesso de intervenção do Estado. A sério?"
Quando vos disserem que em Portugal temos de trabalhar o dobro das horas dos alemães para produzir a mesma coisa, que a baixa produtividade é um entrave ao crescimento económico, à criação de riqueza e ao desenvolvimento do país, o item que impede Portugal dar definitivamente o salto para o pelotão da frente das economias mais desenvolvidas da Europa, por culpa dos trabalhadores que em França, no Luxemburgo, na Alemanha, na Suíça, na Bélgica, em Inglaterra, nos Estados Unidos, em qualquer sítio do mundo para onde emigrem, são considerados os melhores trabalhadores do mundo, lembrem-se disto:
"Patrão dos patrões despediu e também aderiu ao PER"
Um tempo houve onde onde os pantomineiros fura-vidas eram agrupados por categorias consoante o ramo da actividade económica a que se dedicavam: ou industriais ou agrários. Depois, com a revolução de Abril, a coisa democratizou-se e e o termo "empresário" tornou tudo mais abrangente e ao mesmo tempo inócuo.
O excelentíssimo senhor Governador do Banco de Portugal consegue gastar 8 561 [oito mil quinhentos e sessenta e um] caracteres na mensagem de Ano Novo onde perora desde o crescimento da economia à sustentabilidade do Estado social, passando pela dimensão do Estado que temos comparativamente com a riqueza que criamos [um "viver acima das nossas possibilidades" dito de outra maneira para não agitar fantasmas] até ao endividamento público e privado e aos baixos níveis de investimento empresarial, sem nunca referir a transformação da dívida privada em dívida pública ocorrida na Europa nos últimos 7 anos; sem nunca referir o resgate dos bancos privados pelos contribuintes [o maior e mais importante durante o seu mandato] através da carga fiscal e desviando recursos do Estado social, essenciais a sectores como a saúde, educação e a segurança social; sem nunca referir as privatizações ao preço da uva mijona de sectores estratégicos do Estado; sem nunca referir uma economia assente na distribuição de mais-valias milionárias aos patrões e accionistas, assente nos baixos salários e precariedade e sem investimento reprodutivo. Chapéu, excelentíssimo senhor Governador!
Para não nos tomarem a todos por parvos, explicavam-nos, por A + B, relação causa-efeito, com números e gráficos, pode ser mesmo em economês, como é que as 'reformas' levadas a cabo pelo Governo da direita radical tiveram como consequência o crescimento económico e o aumento das exportações, e a gente até faz o favor de esquecer que as 'reformas' levadas a cabo pelo Governo da direita radical foram revogadas, 'deitadas abaixo' pelo 'Governo das esquerdas', segundo a narrativa da direita radical apeada do Governo.
Dando como exemplo ele próprio – que não é político, nunca foi político nem nunca será político, e o mal-baratar de milhões e milhões em fundos comunitários – o novo ouro do Brasil, como lhe chamaram; uma rede de compadrio e corrupção, a destruição do tecido produtivo do país, com o sector da agricultura e o das pescas à cabeça – pagar para abater e não produzir; a aposta no betão em detrimento do caminho-de-ferro; o investimento massivo em infra-estruturas no litoral do país e o abandono do interior; a criação e a engorda do "monstro". Realmente é preciso ter uma lata tamanho do mundo...